O futuro da geração Y feminina
Participação das mulheres no mercado de trabalho ainda pode ter peso maior na economia do País
Participação das mulheres no mercado de trabalho ainda pode ter peso maior na economia do País
Roseani Rocha
16 de agosto de 2012 - 5h33
Se a geração X foi a que viveu um salto na participação feminina no mercado de trabalho, a próxima geração, a Y, é aquela que poderá ser a saída para um dos grandes problemas enfrentados pelo Brasil e que barra o seu crescimento econômico: a falta de mão-de-obra qualificada.
A apresentação do estudo Conte com Elas, realizado pela Editora Abril e Movimento Habla, aconteceu nesta quinta-feira, 16, e contou com a presença de Roberto Civita, presidente do conselho de administração do Grupo Abril. O executivo ressaltou que o País precisa crescer, mas falta gente qualificada e que as mulheres são uma arma possível, já que têm estudado mais, mas ainda são minoria no mercado de trabalho, mais precisamente 25% menos do que nos países desenvolvidos. Civita destacou também dados segundo os quais se homens e mulheres ocupassem o mesmo espaço no mercado americano o PIB dos EUA seria 10% maior.
Isso para destacar o peso que a maior inserção das mulheres poderia ter, também, no mercado brasileiro (estudo do banco Goldman Sachs avalia que a cada 150 mil mulheres trazidas para o mercado de trabalho, o potencial de aumento do PIB brasileiro é de um ponto). O estudo em si foi apresentado por Brenda Fukuta, diretora superintendente da Abril, e Cynthia Almeida, consultora do Movimento Habla.
Brenda Fukuta iniciou a apresentação ressaltando o fato de quatro em cada dez casas brasileiras serem comandadas por mulheres. “As mulheres são o maior mercado emergente do mundo”, lembrou. E elas têm estudado mais que os homens: compõem 60% da população graduada e 51% dos pós-graduados no Brasil. O País no futuro (e o estudo considerou como marco 2030) será mais rico, mais feminino, mais urbano e mais velho.
Mas as mulheres serão mais felizes nesse novo cenário? Cynthia Almeida ressaltou três desafios: tempo, cuidado e talentos. O primeiro diz respeito ao fato de que embora as mulheres queiram sucesso na carreira e ter uma família, quando adquirem esta última acabam perdendo muito mais tempo com atividades domésticas. Consultada na pesquisa, a socióloga Dora Faggin afirmou que a relação com o tempo tem sido esquizofrênica e não existe mais tempo sem atividade. O tópico “Cuidado” avaliou fatos como a previsão de que em 2030 as mulheres deverão ter filhos somente aos 30 anos, no entanto, também crescerá o número daquelas com pais na faixa dos 80 anos e cuidar deles é uma tarefa que na maioria dos casos recai sobre elas. Por fim, o tópico “Talentos” deixou claro o peso das mulheres para o desenvolvimento da economia.
As mulheres da geração Y querem ter controle da própria vida, o que implica em autonomia financeira e felicidade na carreira. Atualmente, 81% delas dizem amar seu trabalho. A contrapartida por parte dos empregadores, no entanto, ainda não corresponde a essa dedicação. Isso porque a pesquisa demonstrou que quanto maior a escolaridade, maior a diferença entre o salário de homens e mulheres, com eles cada vez mais em vantagem. Elas são 45,4% da população economicamente ativa do País, mas das mulheres que estão desocupadas, 61% têm 11 anos ou mais de estudos.
Em muitos casos, as mulheres são até mais educadas/qualificadas que os homens, mas ainda precisam ser mais assimiladas pelo mercado de trabalho, já que a taxa de desocupação entre o público feminino ainda é mais alta – 7,5% contra 4,7% dos homens. Se os empregadores assimilassem – e remunerassem – melhor a mão-de-obra feminina melhorariam sua própria vida, já que 71% deles dizem ter dificuldade para contratar.
“A partir desse estudo, nosso próximo passo será a realização do 1º Fórum da Mulher Brasileira, que desejamos que aconteça ainda este ano, em novembro”, declarou Fukuta.
Conheça melhor, no vídeo abaixo, o Movimento Habla e a importância do estudo Conte com Elas.
Compartilhe
Veja também
Prefeitura de São Paulo interrompe projeto do “Largo da Batata Ruffles”
Administração Municipal avaliou que a Comissão de Proteção à Paisagem Urbana precisa dar um parecer sobre o projeto; PepsiCo, dona da marca, diz que parceria é de cooperação e doação e não um acordo de naming rights
Natal e panetones: como as marcas buscam diferenciação?
Em meio a um mercado amplo, marcas como Cacau Show, Bauducco e Dengo investem no equilíbrio entre tradição e inovação, criação de novos momentos de consumo, conexão com novas gerações, entre outros