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Marketing

Nestlé e Starbucks se aliam na “guerra” do café

Empresa suíça vai desembolsar US$ 7,2 bilhões em licenciamento de produtos da rede americana que vão de cápsulas a grãos incrementando um portfólio que já conta com marcas como Nespresso e Nescafé


7 de maio de 2018 - 7h39

A Nestlé anunciou na manhã desta segunda-feira, 7, a compra da divisão de grãos e cápsulas da Starbucks por US$ 7,2 bilhões. A informação foi adiantada na sexta-feira, 3, pelo site suíço Inside Paradeplatz. O acordo de licenciamento impulsionará um portfólio que já conta com marcas como Nespresso e Nescafé e não inclui o negócio de lojas da Starbucks.

Em novembro do ano passado, a Starbucks vendeu a marca de chás Tazo para a Unilever por US$ 384 milhões. Cerca de 500 funcionários da Starbucks devem ser integrados ao grupo suíço. “Esta transação é uma etapa importante para nossas atividades de café, a categoria de maior crescimento da Nestlé”, disse Mark Schneider, diretor geral da empresa, em comunicado.

 

O negócio de cafés representa 8% das vendas da Starbucks (Crédito: Reprodução)

No caso da Starbucks, os recursos serão direcionados para recompra de ações e a empresa concentrará esforços em seu negócio principal, de cafeterias, segundo análise da Cowen Investimentos.

Em janeiro, durante uma teleconferência com analistas, Scott Maw, diretor financeiro da Starbucks, afirmou que existia planos para focar em operações mais lucrativas. O negócio de café em grãos e cápsulas da rede representa 8% das vendas totais da empresa.

Já para a Nestlé, a compra é estratégica para melhorar sua participação nos supermercados dos EUA. Por lá, de acordo com a Euromonitor, a Nespresso e a Nescafé já perderam posição para marcas como Keurig Green Mountain e Peet´s, ambas de propriedade da JAB Holding. A Kraft Heinz também possui participação importante neste segmento.

A Starbucks lidera o mercado de distribuição de cafés com uma fatia de US$ 13,8 bilhões. No ano passado, a Nestlé já havia adquirido as marcas Blue Bottle Coffee e Chameleon Cold-Brew para expandir seu portfólio.

O negócio envolvendo as duas empresas está ligado à venda por parte da Nestlé, em janeiro, de sua divisão de chocolates para a italiana Ferrero por US$ 2,8 bilhões. Na ocasião, a empresa se desfez de marcas como BabyRuth, Butterfinger e Crunch e passou a ter um caixa alavancado, ou seja, dinheiro disponível para aquisições.

Luis Eduardo Ribeiro, consultor em varejo, afirma que o negócio ilustra o esforço da Nestlé para conquistar mais consumidores de café somado a aquisições já feitas no ano passado. “Esse movimento é bem agressivo e confirma um afastamento cada vez maior das bebidas açucaradas em favor de produtos mais saudáveis como chá e café. O movimento está alinhado ao foco da Nestlé em linhas consideradas mais estratégicas como a compra, em dezembro do ano passado da fabricante de vitaminas e sua venda de divisão de doces neste ano”, afirma.

 

No ano passado, a Starbucks vendeu a marca de chá Tazo para a rival Unilever, da Nestlé, por US $ 384 milhões (Crédito: Reprodução)

Gabriel Rossi, consultor e professor da ESPM, também aponta que se trata de uma posição estratégica da Nestlé em crescer em nichos e segmentos promissores. “Cabe lembrar que o fato de uma marca ser forte e tradicional no mercado, além de ser flexível, não significa que a sua extensão seja um sucesso em relação aos concorrentes com maior economia de escala, mais rápidos e com melhor relacionamento com os fornecedores da categoria”, afirma. O acordo precisa da aprovação das autoridades de regulamentação e será finalizado ainda em 2018.

 

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