O que faz da Disney a marca mais preparada para o futuro
Segundo o FutureBrand Index, liderado pela empresa, companhias que equilibram experiência e propósito são suscetíveis à existência em longo prazo
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Luiz Gustavo Pacete
15 de outubro de 2018 - 9h00
O que minha empresa deve ter para sobreviver às próximas décadas? Décadas? A pergunta, por si, já traz uma série de desafios. Em um mundo em que termos como agile, exponencial e abundância são cada vez mais utilizadas, futuro pode ser uma palavra ultrapassada.
No entanto, algumas combinações podem indicar, ao menos, as empresas que estão mais bem preparadas para esse tempo que está por vir, independentemente se ele representa dez ou dois anos.
A consultoria FutureBrand possui um índice que mapeia as empresas melhor preparadas para o futuro. O último havia sido lançado em 2016 e o mais recente foi divulgado no último dia 9. O índice analisou as respostas de um grupo de três mil pessoas, entre homens e mulheres, de 21 a 75 anos. Entre os perfis estão executivos, funcionários públicos, empresários e donos de startups. O principal conceito dentro do índice é o “futureproof factor” que determina o quão bem posicionadas as marcas estão para obter sucesso no futuro.
Na edição deste ano, as marcas líderes do índice são Disney, seguida pela empresa chinesa Moutai, a companhia farmacêutica Gilead, Apple, a biofarmacêutica Abbvie, Nike, a financeira chinesa Pingan, Naspers, Samsung e Nvidia. Na edição 2018 do estudo foram identificadas algumas tendências como a ascensão da China em uma nova fase, o desaquecimento do setor de tecnologia e a resiliência de empresas tradicionais.
O índice também mostra que quase todas as empresas de tecnologia sofreram uma queda nas percepções: uma visão clara do futuro (de 39% em 2014 para 34% em 2018), capacidade de gerar mudanças positivas (de 34% em 2014 para 29% em 2018) e ideais e princípios fortes (de 36% em 2014 para 31% em 2018).
Em comparação à edição anterior do Index (2016), a Disney passou do 4o para o 1o lugar. Em parte, uma das razões está relacionada à queda na percepção das empresas de tecnologia.
Daniel Alencar, sócio-diretor da FutureBrand São Paulo, explica ao Meio & Mensagem que na medida em que as empresas evoluem em inovação, aumentam as expectativas dos consumidores e, logo, a obrigação para que continuem evoluindo. “A Disney soube se atualizar sem perder sua essência, o que solidificou a sua identidade e a manteve interessante para todas as gerações. No ano de 2016, 57% dos entrevistados do FutureBrand Index já enxergavam a marca evoluindo. Em 2018, esse número saltou para 66%, o que mostra a capacidade da Disney de se manter relevante ao longo do tempo”, explica Alencar.
Ainda de acordo com Alencar, entre muitos exemplos da capacidade de a empresa manter a conexão com o seu tempo, estão a aquisição de estúdios como Marvel Entertainment e Lucasfilm, assim como a criação de novas atrações em seus resorts – entre eles as terras do Avatar e Star Wars, além do hotel temático sobre a saga Jedi. “Entre os atributos avaliados no FutureBrand Index, ‘história’ e ‘prazer’ são os que mais se destacam no caso da Disney. Se pensarmos no modo como a marca constrói a relação emocional com as pessoas, isso fica ainda mais nítido. A Disney nasceu com um propósito inspirador: o de almejar ser uma das maiores produtoras e provedoras de entretenimento e informação do mundo. Isso ajuda a direcionar seu caminho para o futuro e também orienta a construção da sua história”, diz Alencar.
A Apple, que ocupava o 1o lugar em 2016, caiu para a 4a posição em 2018. O Facebook também apresentou uma queda expressiva, de 37 posições.
Maria Inêz Murad, professora da pós-graduação em Branding e Reputação da FAAP, afirma que sociabilidade e emoção são elementos chaves para a existência da empresa. “A Disney trabalha com consistência valores universais intimamente relacionados à sentimentos humanos profundos. Oferece experiências memoráveis gerando histórias inesquecíveis que são compartilhadas de geração a geração. Consegue ser relevante para crianças de todas as idades indo além da idade cronológica proporcionando uma experiência para pais e filhos viverem juntos”, afirma.
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