Opinião – Chame como quiser
Talvez as marcas tivessem mais pistas se olhassem menos para os dados e mais para as escolhas, e o que dizem sobre relações com família, saúde, trabalho, dinheiro, prosperidade, presente e futuro
Talvez as marcas tivessem mais pistas se olhassem menos para os dados e mais para as escolhas, e o que dizem sobre relações com família, saúde, trabalho, dinheiro, prosperidade, presente e futuro
Meio & Mensagem
24 de setembro de 2013 - 11h23
Por Paula Nader*
Avaliando superficialmente alguns dados da New Economics Foundation – economics as if people and the planet mattered, fica claro que o crescimento do PIB não garante que você viva bem, por mais tempo e gerando menos impacto negativo no planeta.
Superpopulação, longevidade, aquecimento global, contrastes sociais brutais… As grandes questões contemporâneas estão aí, para a gente solucionar. E, olhando para o que está acontecendo pelo mundo, fica claro também que a solução não pode depender apenas de algumas lideranças, mas que cada um de nós tem seu papel. Que responsabilidade, não?
No meio disso tudo, como você se sente? No que você acredita? Quais são seus valores? O que te move? Quais são suas aspirações e quais são os “equipamentos” que você precisa para alcançá-las? Como uma marca poderia te ajudar nisso?
Sabendo mais sobre você, certo?
Sim, mas, na média, o que sabemos sobre você? Gênero, idade, renda, estado civil… O que isso me diz sobre como você organiza sua vida para prosperar e sobre como minha marca pode te ajudar? Muito pouco. Quase nada.
Talvez as marcas tivessem mais pistas se olhassem menos para os seus dados e mais para suas escolhas, e para o que suas escolhas dizem sobre você e sua relação com família, saúde, trabalho, dinheiro, prosperidade, presente e futuro.
Nossas escolhas deixam pegadas, voluntárias e involuntárias. São registros, fotos, posts, compras, buscas, cliques, e-mails, horários e mais um monte de coisas que podem revelar traços que você nem sabia que possuía. Ou finge que não sabe.
O que a gente faz é mais revelador do que o que a gente fala.
Não é exagero, pense um pouco. Pense no que uma marca poderia aprender sobre você se soubesse, por exemplo… Quem te inspira? O que você lê? Hoje em dia, as pessoas confiam mais nos seus pares do que nas instituições. Quais são as suas fontes? Como você forma sua opinião? Como a manifesta?
Qual o significado de comida para você? Saúde? Prazer? Vício? Como, quando e o que você come? Prefere comida produzida localmente ou nunca parou para pensar nisso?
Você vive logo ali e faz tudo a pé, ou mora longe de tudo e de todos? Onde passa o final de semana, as férias, o tempo livre? Por onde você anda?
E como você anda? Como se desloca? Quanto tempo, dinheiro e energia você gasta indo e vindo? Isso te preocupa ou é um ponto equacionado na sua vida?
O que te diverte? Esporte, letras, música, humor, arte, comida, bebida… Quando e aonde vai? Para onde sempre volta? Sozinho ou acompanhado?
O que você faz da vida diz muito sobre você. Vive para trabalhar ou trabalha para viver? Ou gosta tanto do que faz que nem pensa nisso? Como uma marca pode te ajudar a deixar seu trabalho mais produtivo e prazeroso?
Com quem você faz a sua vida? Que modelo familiar você escolheu? Solteiro convicto? Separado, recasado, tipo “os meus, os seus, os nossos”? Gay com filhos? Hétero sem filhos? Tradicional?
Afinal, quem é você? Como você se definiria para que uma marca pudesse ser realmente importante na sua vida?
Talvez eu tenha ido muito longe e minhas pegadas deem pistas equivocadas sobre mim. Não sei. Mas eu sei que sou tudo menos uma série de números e condições sociodemográficas — que são excelentes para estatísticas, mas pouco úteis para dizer a uma marca como pode me ajudar.
A verdade é que ainda olhamos para as pessoas — clientes, funcionários, acionistas, fornecedores — como um monte de números e padrões de comportamento, em uma era que nos dá a chance de promover uma mudança épica.
O nome da moda é Big Data. A questão histórica é como conectar tudo que está à nossa disposição e transformar informação em conhecimento e conhecimento em relação verdadeira com as pessoas.
¿Que te parece?
*Paula Nader é diretora de marketing do Santander e colaboradora do Meio & Mensagem. Este texto foi publicado na edição impressa 1578, do dia 23 de setembro
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