Opinião: Diversão e arte
Por que ainda produzimos ideias mirabolantes para enganar o consumidor fazendo que ele ache que vai encontrar uma coisa e... Surpresa, não era nada daquilo que estava imaginando?
Por que ainda produzimos ideias mirabolantes para enganar o consumidor fazendo que ele ache que vai encontrar uma coisa e... Surpresa, não era nada daquilo que estava imaginando?
Meio & Mensagem
7 de maio de 2013 - 8h30
(*) Por Paula Nader
Ok, eu já fiz. Você já fez. Nós já fizemos. Mas tem coisa mais chata do que sobrecapas de jornal e aqueles encartes rígidos, que fazem com que você abra a revista sempre na mesma página?
Minha reação instintiva é arrancar a tal peça e me livrar dela o mais rápido possível, impaciente e irritada com quem se colocou entre mim e minhas notícias.
Ah, e ainda me esqueci dos imbatíveis pop-ups que escondem o botão do “X” para você não conseguir fechá-los. Além de inconvenientes como as sobrecapas e encartes rígidos, ainda subestimam a sua inteligência…
Não gosto. E imagino que, talvez, mais pessoas tenham impressões e reações parecidas.
Temos vocação, talento, intuição, informação, repertório e, hoje em dia, literalmente, acesso a todas as referências do planeta.
Por que, então, temos de colocar nossas mensagens aos gritos no meio do caminho das pessoas? Por que ainda estamos apavorados com o fato de que, cada vez mais, as pessoas podem evitá-las, indo direto ao conteúdo que realmente as interessa?
Por que ainda criamos e produzimos, nos mais diferentes formatos, ideias mirabolantes para enganar o consumidor fazendo que ele ache que vai encontrar uma coisa e… Surpresa, não era nada daquilo que estava imaginando?!
Alguém ainda acha que isso funciona?
Mas também não venha me dizer, baseado no exemplo da Amazon.com, que quem tem algo que você quer comprar e presta um bom serviço antes, durante e depois da venda não precisa de propaganda.
Porque todos os dias, filmes, anúncios e peças digitais interessantes rodam nas nossas telas, enviadas não pelos anunciantes, mas por alguém que sabe como você pensa e achou que você poderia gostar de ver algo bem bolado, bem produzido e, por favor, bem-humorado. E muitas vezes você gosta.
Porque volta e meia você encontra uma peça de mobiliário urbano realmente útil, benfeita e com a cara da sua cidade, que carrega a mensagem de um anunciante que preferiu (ou foi obrigado a) não despejar no seu caminho um monte de lixo visual e sonoro.
Porque uma boa ideia, bem redigida e bem colocada, sempre interessa. É como conversar com alguém divertido, bonito e inteligente. Quem não quer?
Alguns vão dizer que o difícil é fazer isso e ainda atender a tudo o que foi colocado no briefing…
Então, vamos lá, redatores de briefing! Exercitem a síntese e pensem mais no que vai interessar a quem está fora da empresa do que a quem está dentro, achando que, se o texto da campanha descrever absolutamente todas as características do produto que ele quer vender, está tudo resolvido — para estes recomendo que você, meu caro redator de briefing, dê o exemplo da Amazon.
Não importa se você brifa, cria, aprova, produz ou veicula. Acho que temos a responsabilidade (e a fantástica possibilidade) de fazer algo que informa, emociona, diverte, encanta e… Vende?
Que te parece?
(*) Paula Nader é diretora de marketing do Santander. Este artigo está publicado na edição 1558, de 06 de maio, exclusivamente para assinantes, disponível nas versões impressa e para tablets do Meio & Mensagem.
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