Meio & Mensagem
10 de janeiro de 2012 - 11h27
Não fiz nenhuma retrospectiva de 2011 e tão pouco projeções para 2012. Resumi o momento com o desabafo: cansei de ser pobre.
Passei os últimos anos da minha vida tentando convencer profissionais "badalados" de mídia, que o último filme que assistiram em cinema foi o engraçadinho "Se meu fusca falasse" (The love bug – 1968), de que cinema é entretenimento para todas as classes, para todas as idades e para todos os gostos, inclusive para os consumidores dos produtos sob sua responsabilidade.
Nesse período apresentei inúmeras simulações que comprovam o óbvio: cinemas em shoppings populares são freqüentados por humanos de baixa renda, na mesma proporção que os humanos de alta renda freqüentam os shoppings elitizados.
Insisti no fato do cinema ser uma atividade controlada. Que os números de audiência não são simulações restritas a um punhado de cidades que não preenchem duas mãos. Que as 2.200 salas de exibição são auditadas diariamente e que o espectador não é um avatar como na aferição da televisão. Ele existe, é de carne e osso. E compra.
Formulei teses sobre o aspecto presencial da sala de cinema. Sobre o fato das pessoas saírem de casa para a atividade e estarem fisicamente em um ambiente controlado, portanto passíveis às abordagens pertinentes de marcas, produtos e serviços.
Apresentei os investimentos do meio cinema em tecnologia, no crescimento do números de salas, no conforto dessas salas, no incremento do 3D e os números da resposta do público (consumidores, lembram?), com aumento superior a 10% no faturamento em 2011.
Orientei a todos que procuraram investir no meio a libertarem-se dos conceitos pré-concebidos, das ideias ultrapassadas e da tutela ao consumidor. Pois afirmo que não conheço nenhum profissional de mídia no Brasil em condições técnicas ou informação suficiente para desenvolver um bom planejamento de mídia para o meio cinema. O pior é que também não conheço quem queira aprender.
O festejado parque de produção brasileiro foi incapaz de desenvolver um projeto consistente de incentivo ao anúncio publicitário em 3D nos cinemas, mesmo sabendo do interesse do público pela tecnologia que lota as salas de exibição.
Nem a presença semanal nos jornais sensibiliza os vaidosos profissionais de propaganda, figurinhas carimbadas da mídia por qualquer bobagem (decoração da sala de estar, aniversário de filho ou uma passada por NY) a aderirem ao cinema como a melhor vitrine para os seus anúncios, que convenhamos, custam os olhos da cara para os clientes e ficam no ar, na televisão, quando muito, por duas semanas.
As agências continuam na "midiazinha de uma nota só", incapazes de identificar as mudanças no comportamento do consumidor. Os anunciantes insistem em investimentos vultosos, de alto risco, com controles pífios e resultados duvidosos. Assim foi 2011. Sobre 2012 só posso dizer: cansei de ser pobre.
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