Meio & Mensagem
27 de agosto de 2013 - 8h33
Os canais abertos de televisão sempre foram distribuídos pelas empresas de cabo/satélite como um serviço adicional. Uma “lei do cabo” (válida para os satélites também) definia este formato como “must carry“ e ambas as partes se beneficiavam. As empresas de conteúdo abertas viam seus canais obterem uma distribuição diferenciada e qualitativa (as pessoas não precisavam mais de antenas externas para obter os sinais dos canais abertos com qualidade). Já os usuários dos serviços de TV por assinatura que não tinham muita variedade e qualidade no conteúdo pago, continuavam a assistir aos programas de TV aberta (no Brasil, a qualidade da TV aberta é infinitamente superior a da grande maioria dos países) além dos canais pagos.
Esta situação mudou radicalmente nos últimos anos. A TV aberta está em processo de mudança de sinal analógico para digital. O mercado de TV por assinatura já se aproxima dos 20 milhões de lares em todo o País, muitos deles na classe C. Chegou o tempo da mudança, dizem alguns. Como divulgado durante a ultima edição da Feira e Congresso da ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura) aqui em São Paulo, os detentores do conteúdo dos canais abertos ensaiam a cobrança deste conteúdo junto as operadoras de TV por assinatura. O que era “must carry“ (definido por lei) vai virar “must pay“ (definido pelo mercado).
Esta notícia me fez pensar no momento que estamos passando no Brasil. Em alguns mercados, a classe C realmente entrou com força criando uma massa de consumo há muito tempo desejada e planejada. Essa entrada de milhões de novos consumidores esta alterando as “forças” dos mercados e criando novas situações econômicas. São tantos exemplos que ficaríamos aqui falando disso por várias páginas. Mas qual é minha visão sobre este assunto?
Essa nova cobrança do conteúdo antes gratuito exemplifica meu raciocínio: agora com a classe C vai ficar mais caro ao invés de mais barato? Quantas outras atividades que no passado não pagávamos (ou tinham um preço relativamente baixo) estão sendo revistas ou alteradas? Fluxo nos aeroportos agora privatizados? As tarifas tendem a aumentar e novos serviços serão criados, vide a área VIP nos estacionamentos de Cumbica (quem não ouviu o bordão “ isso aqui esta pior que rodoviária” ao se deparar com as filas nos aeroportos). Discussões sobre pedágio urbano ou rodízio de placas nos grandes centros urbanos? Para não falar do aumento das motocicletas no trânsito urbano… E por aí vai!
Será que com essas revisões de custos/tarifas/preços teremos uma melhoria geral de infraestruturas ou esses valores irão cobrir déficits ou melhorar balanços financeiros? A tão desejada entrada da classe C no mercado de consumo brasileiro vai acabar gerando preços mais altos do que gerando melhores benefícios? Qual será a tendência? Torço para que as forças de mercado vejam essa nova magnitude da classe C como uma oportunidade real de ampliar e melhorar os serviços. Temos que mostrar a força da economia brasileira pelo aumento do mercado consumidor. Não podemos deixar que as forças de curto prazo forcem essa situação de aumento de preços sem a devida ampliação dos benefícios. Preços dos ingressos nos novos estádios da Copa de 2014? Mais caros que os dos antigos estádios com certeza. E a infraestrutura envolvida melhorou? Que os balanços financeiros ouçam o clamor da classe C.
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