Milena Seabra
24 de agosto de 2012 - 11h29
Vivemos um mundo em transformação e nesse mundo as pessoas interagem entre si e com as marcas de formas completamente diferentes. Com cada vez mais “poder”, o consumidor assume variados papéis na relação de consumo e principalmente na percepção de valor.
Como nessa nova era tudo parece ser cada vez mais simples, o acesso à informação, fruto dessa revolução digital, só se amplia e as pessoas que estão cada vez mais conectadas questionam o valor das coisas, pois essa revolução criou uma cultura do “free”, ou seja, as pessoas buscam tudo “de graça”, desde produtos, serviços, informações, conteúdo, entretenimento, entre outras coisas.
Mas o ponto principal que levanto aqui é que sabemos que esse “de graça” não existe, ou seja, alguém necessariamente está pagando por isso.
Quando falamos, por exemplo, em informação e desenvolvimento de conteúdo, deveríamos refletir sobre quem paga essa conta, pois não existe produção de conteúdo de qualidade sem os talentos e investimentos corretos.
Na indústria da comunicação essa reflexão gera uma discussão sobre como monetizar o “valor” do conteúdo, já que essa definição esbarra em modelos de negócio e na sua sustentabilidade.
Grandes jornais mundiais estão apostando na valorização de seu conteúdo, por acreditar que esse é o principal “valor” e o grande diferencial junto ao mercado, pois agrega valor à vida dos milhares de leitores que consomem e interagem diariamente com o jornal.
Para o gerente do serviço noticioso do jornal The New York Times, Michael Greenspon, que abriu o IX Congresso Brasileiro de Jornais, o jornalismo de qualidade é importante para os cidadãos de todo o mundo e é também um bom negócio.
No Brasil, alguns jornais já seguem esse caminho e apostam que a sociedade precisa perceber e valorizar o desenvolvimento de conteúdo de qualidade, com credibilidade, que ajude o cidadão a ter uma visão clara do entorno e possa assim criar sua própria opinião.
A revista ProXXIma desse mês traz uma grande matéria intitulada “O Fim do cafezinho Grátis” e aborda a movimentação dos principais jornais do país nessa direção.
A Folha de S Paulo e o Zero Hora já se lançaram na cobrança de conteúdo, O Estado de SP e a Gazeta do Povo, no Paraná, também entendem que conteúdo tem muito valor e caminham para esse modelo.
O que todos os jornais parecem ter em comum é a crença de que a produção para internet apenas baseada na publicidade não se sustenta, por isso o modelo do "paywall poroso", que permite o acesso gratuito a alguns textos por mês e que apenas assinantes leiam sem restrições, parece ser o caminho mais viável.
Além disso, todos têm a certeza de que essa mudança exige uma grande transformação de cultura e processos internos e, principalmente, uma grande conexão com o leitor.
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