Papo Fuleco
Existe consenso entre os estudiosos do assunto de que grandes eventos não trazem, na maioria dos casos, impactos positivos na economia
Existe consenso entre os estudiosos do assunto de que grandes eventos não trazem, na maioria dos casos, impactos positivos na economia
Meio & Mensagem
25 de abril de 2014 - 3h07
Não é surpreendente que as conversas a respeito da Copa do Mundo no Brasil sejam, com mais frequência que o desejável, reduzidas a uma espécie de Fla-Flu (ou Corinthians e Palmeiras, ou Gre-Nal, ou Atlético-Cruzeiro, etc…). Em um país em que a paixão pelo futebol é elemento comum, fonte de coesão social, e quase palpável, os sentimentos criam neblina que normalmente impede a clareza de raciocínio.
Argumentos apaixonados se reproduzem e se repetem sem, contudo, que exista preocupação em valida-los na tentativa de formar um quadro que mais adequadamente reflita a realidade. Parece que as pessoas se dividem entre os contra e os a favor do evento. Sem lugar para a razão, o equilíbrio ou o meio termo.
Não faz muito tempo, a população (incluído ai sua “elite”), enroladas na bandeira nacional, repetiam o mantra de que, sendo o país a “bola da vez”, a realização dos dois grandes eventos por si só garantiria crescimento econômico ate 2017, pelo menos. Criticas ou comentários contrários a esta visão, ou percebidos como contrários, eram repelidas com paixão. Criticar era ser contra a Copa e, portanto, contra o País.
A critica e o debate, como evidenciaram os anos seguintes, são elementos necessários ao sucesso. Previnem erros, melhoram a chance de acertos. Sua ausência apaga a luz que pode iluminar o caminho. E foi apagando a critica e desestimulando o debate que se chegou a uma divisão aparentemente irreconciliável entre grupos a favor e contra que não se conseguem se comunicar.
Entre a dor de já não ser e a vergonha de já ter sido, a (ex) bola-da-vez se assombra com os resultados. Olha para o lado e vê os vestígios deixados em outros países pelos grandes eventos do passado, distante ou não (http://olympiccityproject.com/ ), sem, contudo, procurar encontrar medidas que sirvam para desenhar um mapa que aponte onde estamos, como chegamos lá e forneça elementos para determinar o grau de sucesso da jornada.
Parte da questão parece ser que as expectativas em relação ao resultado econômico da Copa não eram realistas. É interessante que isto tenha acontecido. Existe consenso entre os estudiosos do assunto de que grandes eventos não trazem, na maioria dos casos, impactos positivos na economia.
O Professor Robert A. Baade, PhD, estuda o impacto econômico de eventos esportivos e do esporte profissional na atividade econômica. Ele explica que, em esporte, normalmente (existem exceções, claro) as projeções feitas para justificar investimentos em equipamentos esportivos ou eventos, tem suas receitas superestimadas e seus custos subestimados.
Dr. Baade também analise o retorno dos investimentos em arenas nos EUA, chegando a conclusão de que, em sua esmagadora maioria, estes investimentos não resultaram em criação de postos de trabalho, ou impacto positivo no longo prazo.
Discutir o impacto econômico dos grandes eventos sem levar em conta estudos equilibrados produzidos por especialistas no assunto como Dr. Baade è reduzir a discussão a uma infrutífera conversa futebolística. É papo Fuleco.
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