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Perdi meu humor na balada

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Ponto de vista

Perdi meu humor na balada


1 de agosto de 2012 - 3h53

A propaganda brasileira é uma atividade binária. Assim como os computadores da primeira geração, vedetes da tecnologia há 30 anos, somos analógicos em um mundo digital e isso, além de todas as perversas conseqüências, estraga nosso humor.

Não preciso das redes sociais para encontrar o humor perdido, por que esse está na essência do entendimento das linguagens das plataformas de comunicação. Ou seja, sem conhecer linguagem não se instrumentaliza os meios a favor de uma comunicação eficiente e diante da frustração que a ignorância provoca o remédio é perder o humor.

O vídeo do Daniel à procura da Fernanda é de uma singeleza constrangedora e comprova, inequivocamente, que não há barreiras entre a comunicação jurídica e a comunicação física. Aparentemente o grande motivo do incômodo.

Enquanto parecia que o Daniel era um homem apaixonado atrás de sua amada, o vídeo e a página no Facebook foram vistos e revistos milhares de vezes. Quando o mesmo Daniel se transformou em personagem (não era?) e foi revelada sua condição de ator (não era?), a serviço de uma empresa fabricante de telefone celular (não era?), a estratégia de comunicação se tornou uma “enganação”, só possível no mundo virtual (quem disse?).

Nesse momento, munidos dos instrumentos de defesa do consumidor (o herói ingênuo por conveniência e não por natureza), o brado da boa fé foi clamado e todas as instâncias recursais em prol de justiça foram acionadas.

É no mínimo monótono a ausência de pronunciamentos a favor do anunciante e de sua estratégia de comunicação que nada mais era do que gerar um teaser despretensioso sem nenhuma garantia de sucesso para a marca. Teria, inclusive, passado despercebido da grande massa exilada da paciência de assistir vídeos na rede não fosse o furor com que se trata tudo que, alegadamente, é feito para enganar o consumidor.

Mas “caiu na rede é peixe” e peixe alivia a fome por justiça, mesmo que essa não se faça necessária, como é o caso. O que será julgado pelos órgãos de defesa do consumidor ou da ética publicitária? O fato de não serem reveladas no vídeo as verdadeiras intenções do Daniel? Ele é um grande enganador do consumidor nacional por que, ao invés de encontrar a mulher amada, pretende vender aparelhos celulares?

Enfim um factóide sem proporções, amparado na falta de humor das marcas, da propaganda e, infelizmente, dos publicitários. 

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