Por que vou continuar magoando o Facebook
Rede anunciou que passará a usar também informações de toda a internet para melhorar a mira dos seus anunciantes
Rede anunciou que passará a usar também informações de toda a internet para melhorar a mira dos seus anunciantes
Meio & Mensagem
13 de junho de 2014 - 12h29
O Facebook é muito simpático comigo. Todos os dias, ele me pergunta se eu estudei na faculdade que eu estudei ou em outras duas que ele escolhe, provavelmente, com base nos meus amigos. Ele também me pergunta se eu sou de São Paulo ou de outros lugares.
Eu não sou simpático com o Facebook. Apesar de todo o interesse deles por mim, eu sempre clico naquele “X” que aparece no alto para fechar a janela. Às vezes, fico preocupado achando que eles podem se magoar comigo. Mas continuarei me recusando a colaborar com as tentativas deles de me tornar um usuário mais valioso.
Como se sabe, o Facebook faz isso para dar mais opções de segmentação aos seus anunciantes. Para eles gastarem seu dinheiro de forma mais eficiente. Imagine, por exemplo, que uma rede de lojas da Bahia esteja fazendo uma campanha para vender aparelhos de TV. Certamente, não vai querer jogar dinheiro fora atingindo quem mora em São Paulo – daí o interesse do Mark Zuckerberg em conhecer meu paradeiro.
Mas esse é um exemplo óbvio demais. Facebook, Google, Instagram, WhatsApp e outros serviços que obtêm bilhões de dados de usuários contam com modelos estatísticos ultra-sofisticados para aproveitar até nossas informações mais inocentes. Podem descobrir, sei lá, que pessoas que beijam de olho aberto clicam mais em publicidade de carro – e dá-lhe enquete para perguntar aos usuários suas preferências beijoqueiras.
A novidade é que o Facebook decidiu ir mais longe. A rede, que até hoje só utilizava os dados deixados no próprio Face, anunciou que passará a usar também informações de toda a internet para melhorar a mira dos seus anunciantes. Ou seja: vai aproveitar aqueles pequenos espiões que são transferidos para o nosso computador toda vez que a gente entra numa página qualquer da internet, os famosos cookies, para refinar sua segmentação.
Na minha opinião, não há nada de errado nessa estratégia, usada há tempos por várias redes de publicidade digital. Ela segue normas que permitem aos usuários ficar fora da brincadeira, bastando para isso acessar sites de regulamentação publicitária como o About Ads e proibir que usem seus dados. No momento em que escrevia este post, entrei lá e vi que 75 empresas estavam utilizando os cookies do meu computador em suas ofertas de publicidade segmentada. Elas dizem que fazem isso também para me ajudar, isto é, para melhorar minha experiência com a publicidade.
Mesmo assim, vou continuar recusando as gentilezas do Facebook de conhecer melhor a minha pessoa. Assim, não corro o risco de me distrair com o anúncio do carro que acabei de pesquisar na internet no momento em que estiver beijando a patroa e checando a minha timeline.
*Demetrius Paparounis é jornalista, diretor da TAG Content e consultor em comunicação.
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