Promessa e Promoção
Na época da Copa, uma ferramenta poderosa como a promoção é transformada em instrumento de segunda categoria no cenário de alternativas de soluções
Na época da Copa, uma ferramenta poderosa como a promoção é transformada em instrumento de segunda categoria no cenário de alternativas de soluções
Meio & Mensagem
17 de abril de 2014 - 2h09
A regra é clara. Você compra uma televisão de 60" antes ou durante o período da Copa e se o Brasil ganhar o Mundial você ganha mais uma televisão de 50" pagando mais R$ 1,00. Esse é um exemplo de ação que encontramos na mídia às vésperas da Copa do Mundo e que, para os mais afoitos, pode parecer promoção, mas é promessa, daquelas que fazemos quando sabemos que não há mais nada para fazer.
Realmente não há mais nada a fazer para esse Mundial a não ser rezar para que ele aconteça. Isso já será uma vitória. Mas o fabricante da televisão, de origem coreana, extrapola o limite do razoável e transforma acordos comerciais restritos à relação fornecedor/varejo em ações, supostamente promocionais, dirigidas ao consumidor final.
Isso justifica os investimentos em mídia, criação e produção para divulgar a operação que banaliza uma ferramenta de comunicação poderosa como a promoção e a transforma em instrumento de segunda categoria no cenário de alternativas de soluções.
O site Chance de Gol aponta a seleção brasileira como a favorita à conquista do título mundial com 34,8% de possibilidades, seguida da Argentina (13,8%) e Alemanha (9,5%). Tudo vai muito bem no complexo estudo do site, que envolve milhares de simulações de resultados com base nos históricos de performance de cada selecionado, até você se deparar com a Colômbia com 9,3%, em quarto lugar, a frente da Espanha com 8,5%, em quinto.
Esse estudo, desenvolvido com o ferramental disponível de probabilidades e aparentemente confiável, com certeza não foi consultado pelos idealizadores da ação da TV. Isso porque o histórico de vendas de TVs em anos de Copa do Mundo de futebol indicam um incremento natural na ordem de 19,7% segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletronicos – ELETROS, referente ao campeonato de 2010.
Ao prometer outra televisão por R$ 1,00 em um cenário aquecido naturalmente na ordem de 20% e diante de 35% de chances do Brasil ganhar a Copa fica a pergunta: quem vai pagar essa conta?
Se tudo der certo e o Brasil sagrar-se campeão o consumidor financiou o fabricante, ou seja, pagou duas TVS, levou uma na hora e a outra receberá no futuro. Se tudo der errado e o Brasil não for o campeão o consumidor economiza R$ 1,00, financia o fabricante, mas continuará pagando por dois aparelhos. Só que dessa vez por amor, assim como nas promessas.
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