Chieko Aoki
25 de julho de 2012 - 9h05
Recentemente, assisti a um programa da TV japonesa NHK muito interessante, chamado “Close-up na Atualidade”, que tinha como tema a importância dos segundos para nossas vidas. O título da matéria era “É apenas um segundo, mas é um segundo”.
Como devem imaginar, os japoneses são grandes aficionados por tecnologia e precisão, e, claro, os exemplos do programa citavam situações que para nós parecem imperceptíveis. Imaginem o quanto é importante os segundos para o trem bala? Mais veloz, menos tempo e viagens mais curtas. Ao mesmo tempo, o Japão é constantemente atingido por tremores de terra que podem colocar em risco os passageiros da ferrovia. Diante das devastações do último grande terremoto os técnicos estão trabalhando em um novo sistema que aciona a frenagem do trem um segundo mais rápido que tecnologia atual – ao menor sinal de terremoto, ativam sensores, enquanto sismógrafos em terra emitem comandos via satélite. Ou seja, reduzir “um segundo” com obstinação significa salvar vidas.
Outro caso é o registro de patentes considerando os segundos no horário de cadastro. Com a globalização e a concorrência acentuada, garantir a legitimidade da ideia virou uma batalha contra o relógio. Um segundo à frente faz grande diferença. Imaginem que o Japão registrou 38.888 mil patentes em 2011, atrás apenas dos Estados Unidos. Para efeito comparativo, o Brasil registrou 572 pedidos de autoria de projetos.
Não posso esquecer-me dos esportes. O estudo de um ex-campeão olímpico, que observou que os fãs ficavam mais aficionados quando as bolas davam mais de sete toques na mesa durante as partidas. Com o aumento de dois milímetros no diâmetro da bolinha, o melhor desempenho foi atingido. Desde as Olimpíadas de 2000, em Sidney, as bolas foram aumentadas, passaram a ter 40 mm e foram padronizadas internacionalmente. Já no atletismo, o corredor de 100 metros é campeão, ou não, com milésimos de segundo de diferença para o segundo colocado.
Agora vamos trazer este pensamento para o nosso dia-a-dia. A tecnologia e a globalização revolucionaram nossas vidas de tal maneira que vivemos o sentimento de não estarmos alcançando a velocidade do mundo, ou, antagonicamente, de que o tempo não atinge nossa necessidade. Não suportamos a internet mais lenta, não vivemos sem celular para falar naquele instante, cronometramos as entregas de pizza e até mesmo qualquer tipo de filas.
E no trabalho, nos negócios? Divulga-se que a velocidade do conhecimento é quatro vezes maior que antigamente. Não há meios para dominar tudo a todo o momento neste mundo em constante transformação, mas buscamos diariamente ser proativos, inovadores e focados para fazer a diferença, em um movimento vertiginoso, na corrida para chegar um segundo mais rápido.
Para encerrar, concluo aquilo que é certo – as pessoas querem fazer tudo mais rápido para ter tempo para fazerem o que gostam com mais… tempo! Convido você a refletir também: até onde o “encurtamento” de segundos poderá nos levar?
Chieko Aoki é presidente do grupo Blue Tree
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