Quanto você vale nas redes sociais?
Não é leviano nem precipitado pensar que todos nós ?valemos algo? nas redes sociais
Não é leviano nem precipitado pensar que todos nós ?valemos algo? nas redes sociais
Meio & Mensagem
14 de maio de 2015 - 3h03
Há algum tempo, um dos relatórios de tendências do Trendwatching (2011), enfatizava a emergência de novas condições comunicacionais que vinham alterando, profundamente, as dinâmicas relacionais da internet. Essas novas condições estavam articuladas na triangulação de instâncias de recomendação, estas cada vez mais sofisticadas e intensas, criando, inclusive, a percepção de uma nova economia, com moeda própria e tudo mais.
O relatório descrevia, em 2011, tal tendência como “The F-Factor”, ou em bom português “O Fator F”, para nominar a influência de amigos (friends), dos fãs (fans) e dos seguidores (followers) nas decisões de compra dos consumidores online. De acordo com o observatório do Trendwatching, a importância do fator F residia na oferta de uma arena de consumo pautada na recomendação (de uma rede bastante ampliada) de amigos, seguidores e fãs.
Até aqui nada parece “novo debaixo do sol”, afinal, como demarcava o mesmo relatório, o consumo sempre foi social: “todo mundo é eternamente influenciado por aquilo que as pessoas ao seu redor pensam e compram” (vide os clássicos grupos de referência nos estudos de marketing). Entretanto, hoje, somos igualmente influenciados por pessoas que nunca vimos e que não estão ao nosso redor (pelo menos não “geograficamente”). Para complicar: em meio a tantas informações e excesso de conteúdo, necessitamos eleger pessoas que filtrarão e/ou traduzirão o que, de fato, é conteúdo relevante e importante. Mais relações, mais “amigos”, mais ídolos (dos quais nos tornamos fãs) e mais seguidores para evidenciar a popularidade na rede…
Justamente por isso, a influência das pessoas nessa sociedade digital e em rede, nos faz ver o despontar de um novo personagem (o curador), de uma nova economia, mas principalmente de um novo capital (o social). Este carregando em si o envolvimento com duas dimensões básicas, uma de “primeiro grau”, que é integrada com os valores e recursos de cunho individual e outra de “segundo grau”, que é provada na peculiar dinâmica da vida coletiva na internet.
Nesse sentido, não é leviano nem precipitado pensar que todos nós “valemos algo” nas redes sociais. “Pouco” ou “muito”, temos uma tag subentendida de “preço”. Afinal, o capital social de cada participante desse espaço em rede faz referência a um valor-importância que se estabelece a partir das interações que temos, reverberando nos conteúdos compartilhados dentro das nossas interações e relações. Como bem explicou Raquel Recuero (2009, p. 50), trata-se de um capital resultante de (…) um conjunto de recursos de um determinado grupo […] que pode ser usufruído por todos os membros do grupo, ainda que individualmente, e que está baseado na reciprocidade […]. Ele está embutido nas relações sociais […] e é determinado pelo conteúdo delas”.
Com esse cenário ganhando solidez, já surgiram aplicativos e sites dispostos a mensurar o capital social das pessoas e o potencial das suas relações, baseado na triangulação quantitativa (e até qualitativa) do ajuntamento dos amigos, fãs e seguidores das pessoas. Não por acaso, o valor das pessoas parece residir na quantidade de pessoas que ela consegue reunir em torno de si.
Assim, parece não nos restar outra coisa a fazer, senão perguntar: Quanto você vale nas redes sociais?
* Diego Oliveira é diretor de contas da Ipsos Media CT
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