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Farmacêuticas voltam seus negócios para parcerias com laboratórios de pequeno e médio portes e o desenvolvimento de medicamentos biológicos


13 de abril de 2012 - 10h30

Os medicamentos vendidos sob prescrição médica são o alvo dos bilhões dedicados ao lançamento de novos produtos, especialmente a partir de 2009, quando começou uma intensa onda de aquisições no setor. A movimentação foi deflagrada com a compra da brasileira Medley pela francesa Sanofi-Aventis, e da goiana Neo Química, de Anápolis (GO), pela Hypermarcas, que em 2010 adquiriu a Mantecorp. Um ano depois, a Biolab criou a Avert, laboratório voltado para a classe C, que comprou a Zurita, de Araras (SP), fabricante da pomada Acnase.

Entre outras operações, o foco desses negócios está voltado principalmente para o desenvolvimento de novos fármacos na área de biotecnologia. Esse é, por exemplo, o core business da BioNovis, operação recém-criada por uma joint venture entre a Hypermarcas, Aché, EMS e União Química, tida como a “superfarmacêutica brasileira”. Os medicamentos da BioNovis devem chegar ao mercado a partir de 2013, a exemplo dos sete lançamentos previstos para serem lançados pela Biolab em parceria com a maior farmacêutica italiana, a Menarini.

A Supera, resultado de uma joint venture firmada em 2011 entre a Eurofarma e a Cristália, também prepara as vendas de 70 medicamentos até 2017, com faturamento estimado em US$ 500 milhões, conforme acordo firmado com a americana MSD (Merck & Co) no último mês de fevereiro. “A Eurofarma é a única farmacêutica nacional com planta de biotecnologia já instalada no País”, conta Camille Rodrigues, gerente de pesquisas do laboratório paulista, que tem 60% das suas vendas geradas pela área de prescrição médica, seguida pela unidade hospitalar (11%) e da divisão de genéricos (15%).

Também em fevereiro, a americana Valeant divulgou a compra do laboratório paulista Probiótica, líder em nutrição esportiva, por R$ 150 milhões. O objetivo é dobrar os atuais R$ 300 milhões movimentados por esse mercado em cerca de três anos. Já o plano da EMS, de Hortolândia (SP), é crescer organicamente, a partir da abertura de uma fábrica em Jaguariúna (SP), de suplementos alimentares, e outra em Brasília, de antibióticos e hormônios.

Tendências
Há ainda outras transações em curso, como a união entre a Entregga, empresa criada para investir em laboratórios, e o fundo Kinea, do banco Itaú, para comprar participações minoritárias em laboratórios de pequeno e médio portes, tipo de negócio que deve conduzir as próximas aquisições do setor, segundo a Sindusfarma (Sindicato das Indústrias de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo). A previsão é que a indústria farmacêutica cresça, mas sem repetir a mesma performance registrada nos últimos cinco anos, período na qual o segmento avançou o dobro do PIB nacional.

A indústria volta as suas atenções também para o desenvolvimento de medicamentos genéricos, que respondem por aproximadamente 25% do faturamento das farmacêuticas. Responsável por uma economia próxima de R$ 20 bilhões desde 1999, quando o setor foi criado com base na promulgação da lei 9.787, esse tipo de fármaco somou alta de 32% em vendas, o equivalente à comercialização de 581 milhões de itens, e de 41% em receita, para R$ 8,7 bilhões, em 2011.

O desempenho eleva o market share dos genéricos de 17,6% em 2010 para 22,3% em 2011 no mercado total de medicamentos, avaliado em R$ 42 bilhões. A Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró Genéricos), estima que essa representatividade pule de 25% neste ano para 35% até 2015, índice ainda inferior à participação de 60% do segmento nos mercados da Europa e Estados Unidos.

Lei do bem
De acordo com dados do Ministério de Ciências e Tecnologias fornecidos pela consultoria francesa Global Approach Consulting (GAC), a indústria farmacêutica investiu R$ 250 milhões no ano passado em projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D), estimulada pela Lei do Bem, que gerou R$ 84 milhões em benefícios fiscais em 2011. Especializada na obtenção de recursos para inovação, a GAC alerta para o potencial de utilização desse mecanismo na expansão dos negócios das farmacêuticas globalmente. No Brasil, apenas 639 companhias recorrem à esse tipo de instrumento fiscal, ante as 1,5 mil empresas atendidas somente pela consultoria na França.

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