CEO do Google refuta acusações de viés político da empresa
Em audiência ao legislativo dos Estados Unidos, Sundar Pichai rebateu críticas sobre possível volta da plataforma à China
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Meio & Mensagem
13 de dezembro de 2018 - 10h39
Por Ad Age*
O CEO do Google, Sundar Pichai, começou seu primeiro depoimento ao congresso dos Estados Unidos refutando acusações de viés político, explicando as políticas de privacidade da empresa e reforçando as raízes da companhia no País.
Como início da audiência, os líderes dos Democratas e Republicanos apontaram questionamentos sobre a coleta de dados pela plataforma. Bob Goodlatte, do partido Republicano, perguntou qual o montante de informação pessoal o Google absorve com o Android em celulares, por exemplo.
Pichai, então, reforçou que os usuários realizam um opt in em ferramentas de coleta de dados, dando como exemplo o aplicativo de exercícios que mede passos. Entretanto, o CEO não respondeu diretamente à questão sobre se os usuários de Android são capazes de compreender os termos em que o sistema operacional funciona. “Além dos termos, lembramos usuários de fazer um check up de privacidade”, afirmou. “E isso torna muito óbvio”.
Outro republicano, Lamar Smith perguntou se a ferramenta de pesquisa do Google tem um viés contrário aos conservadores, citando estudos. Pichai refutou esses relatórios e disse que nenhum empregado tem a habilidade de mudar o resultado de pesquisas. “Sempre há estudos que podem mostrar um certo dado e alcançar uma conclusão”, afirmou Pichai. “Mas temos olhado os resultados em nossas categorias de principais notícias. Vimos que temos uma variedade de fontes muito grande”.
O testemunho de Pichai foi diminuído pela memória de uma cadeira vazia em setembro, após o executivo faltar ao compromisso com o parlamento. Isso finaliza um ano cheio de atritos e tropeços que esfriaram a relação entre gigantes da tecnologia e o Capitólio.
“Era necessário que comparecesse a essa convocação por conta do abismo de desconfiança cada vez maior entre companhias de tecnologia e o povo americano”, afirmou o líder da Maioria da Casa, Kevin McCarthy, citando preocupações com temas relacionados à China, antitruste e vieses contra conservadores.
McCarthy, um republicano da Califórnia uma vez visto como próximo às empresas de tecnologia, tem sido uma peça chave nas audiências e acusações contra o possível viés político das plataformas. Democratas, que tomarão a liderança do comitê em 2019, anteriormente já haviam pressionado autoridades do Vale do Silício sobre preocupações do tamanho das empresas, uso das companhias por países estrangeiros para influenciar eleições e, ainda, sobre falta de diversidade na força de trabalho.
China
Membros do Congresso e empregados do Google externaram preocupações sobre o plano da empresa de voltar ao mercado Chinês – o projeto foi chamado de Dragonfly. Pichai tem insistido que a iniciativa é um experimento.
“Com o objetivo de proteger a liberdade de expressão, precisamos ter companhias que estão promovendo isso e estão negociando isso em países como a China”, afirmou Goodlatte em entrevista a Fox Business.Políticos já demandaram explicações sobre o porquê a plataforma parece disposta a censurar resultados em favor do Partido Comunista Chinês, ao mesmo tempo que já saiu de dois contratos com a força militar estadunidense.
“Agora, não temos planos de voltar à China”, afirmou Pichai. “Não temos um produto de pesquisa lá. Nossa principal missão é prover informação aos usuários. Ter acesso à informação é um direito humano importante”.
O Google parou sua ferramenta de busca na China em 2008, após o governo local demandar que resultados fossem censurados. Mas o maior mercado de internet do mundo é atrativo para qualquer empresa global e o retorno poderia sinalizar que o Google está priorizando negócios em detrimento dos direitos humanos.
Em diversas discussões, Pichai descreveu a Dragonfly como um “esforço interno”, e disse que o número de funcionários trabalhando nele era “limitado”. Entretanto, ele se recusou a responder perguntas diretas sobre se os colaboradores da empresa haviam parado de trabalhar no projeto ou se ele poderia se comprometer em não lançar um produto que poderia ser usado como ferramenta de vigilância pelo Estado Chinês.
“Como uma empresa americana, celebramos os valores e liberdade que nos permitiram crescer e ter tantos usuários”, afirmou o executivo no começo da audiência. “Tenho orgulho de dizer que trabalhamos, e continuaremos trabalhando, com o governo para manter nosso país salvo e seguro”.
O CEO do Google não é o primeiro gigante da tecnologia a cair no Capitólio. Mark Zuckerberg, do Facebook, e Jack Dorsey, do Twitter, já passaram por horas de testemunho – frequentemente hostis – em meio a multas antitruste europeias e tweets agressivos do presidente Donald Trump acusando as redes sociais de silenciar vozes conservadoras.
A indústria também tem sido criticada por espalhar desinformação e conteúdo extremista, ao mesmo tempo em que falhas de privacidade e outras desventuras abalam a confiança do público na habilidade das empresas em manter seus dados seguros e, ainda, que eles sejam usados de forma sábia.“Já passamos faz tempo da época em que acreditávamos que o Vale do Silício poderia resolver esses problemas sozinho e que poderia ignorar a pressão pública”, afirma Danny O’Brien, diretor internacional da Eletronic Frontier Fondation, um grupo de advocacy.
*Traduzido por Salvador Strano
*Crédito da imagem no topo: PhotoMixLtd/Pexels
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