Jogo da vida: os impactos do BBB para os influenciadores
Exposição no reality pode impulsionar carreiras e faturamento comercial de anônimos e famosos, mas também os expõem a avaliações e julgamentos
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Bárbara Sacchitiello
17 de janeiro de 2022 - 6h03
Na sexta-feira, 14, os fãs do Big Brother Brasil acompanharam, ao longo da tarde e da noite, a divulgação da lista dos participantes da 22ª edição do reality-show, que estreia nesta segunda-feira, 17. Desde então, tanto os participantes anônimos, do grupo Pipoca, quanto os já mais conhecidos do público, que compõem o Camarote, viram sua popularidade saltar rapidamente nas redes sociais.
O participante Marcos Vinicius, o Vyni, um dos anônimos que integrará o grupo da Pipoca, já alcançou a marca de dois milhões de seguidores. Outros competidores seguem ampliando seus números no Instagram e nas demais redes sociais.
Desde 2020, o principal reality show da Globo vem adotando a estratégia de combinar personalidades conhecidas do público com anônimos para chamar mais a atenção da audiência e ampliar a repercussão. Esse formato não apenas foi bem recebido pelos espectadores e pelo mercado publicitário, como impulsionou uma nova categoria de influenciadores oriundos da atração. Juliette Freire, a campeã do BBB 21, foi exemplo de como o marketing de influência e o Big Brother Brasil vem encontrando cada vez mais sinergia. Com uma estratégia de comunicação constante com o público nas redes sociais, Juliette, que era anônima quando o BBB começou, deixou a casa, já campeã, com mais de 20 milhões de seguidores. Agora, ela já superou a marca de 33 milhões de seguidores e soma diversos contratos publicitários, com diferentes marcas, além de ter iniciado a trajetória de cantora.
O exemplo de Juliette e de outros brothers mostra que o reality show tem o poder de modificar a carreira de anônimos e famosos. Porém, nem tudo nessa experiência é sucesso. Com câmeras exibindo cada segundo do comportamento dos participantes e as dificuldades de convivência para serem administradas, os concorrentes ficam sujeitos a avaliações e julgamentos o tempo todo e podem deixar a casa com uma imagem negativa, caso o público não aprove seu comportamento dentro do confinamento.
De que maneira a exposição em um programa como o BBB pode impactar a carreira e os trabalhos de um influenciador? Para responder a essa questão é preciso entender, primeiramente, que a maior parte dos participantes do BBB chegam até a casa com um intuito de ter mais visibilidade, ganhar seguidores e ser ainda mais popular, ou até mesmo sair do anonimato para que consigam se manter de uma outra forma após o término da edição. Essa é a visão de Ricardo Silvestre, fundador e CEO da agência de influência Black Influence.
O especialista acredita que o impulsionamento já acontece de forma orgânica, já que o BBB é um dos maiores realities do planeta. “Por outro lado, o programa dá oportunidades para que os brothers se destaquem de diversas formas e, a partir disso, fica a critério de cada um saber aproveitar e também surfar a onda para atingir esse objetivo”, diz.
Participar do Big Brother Brasil pode representar para o influenciador uma oportunidade de se conectar com uma audiência com quem ele ainda não teve oportunidade de diálogo. A opinião é de Renan Della Matta, sócio- diretor de operações da BR Media, consultoria da área de marketing de influência. O profissional dá como exemplo de case positivo a passagem da cantora e atriz Manu Gavassi, uma das participantes do BBB 20, que conseguiu amplificar consideravelmente seu raio de impacto após participar do programa. “Esse alcance e, consequentemente, comprovação de talento, fez com que Manu aumentasse seus rendimentos de forma exponencial. E a verdade é que a relação é recíproca, uma via de mão dupla. Não só os influenciadores são beneficiados por conta de uma exposição em uma mídia de massa, como a própria Globo e seu ecossistema de entretenimento atingem espectadores que, normalmente, não impactariam naquela faixa de horário”, acredita Della Matta.
Impactos negativos
Os especialistas também indicam os impactos negativos que uma exposição no BBB pode trazer aos influenciadores. Silvestre lembra que, por ser um programa de TV, a exposição é gigante e, muitas vezes, até maior do que o esperado e que isso varia de acordo com os comportamentos, que são vistos e avaliados pelos espectadores e, consequentemente, pela sociedade. O CEO da Black Influence diz que, obviamente, o intuito de quem ingressa em um programa como o BBB é ter uma exposição positiva, mas que isso pode não acontecer caso o participante cometa um erro grave, seja preconceituoso ou tenha alguma atitude tida como tóxica ou nociva. “Cada um é e precisa ser responsável pelas suas atitudes não só na casa, mas também fora dela. O ponto é que na casa ‘O Brasil tá vendo’ e também cobrará mudanças. Com isso, as parcerias comerciais são consequentemente afetadas, já que nenhuma marca quer ter o seu nome associado a polêmicas ou qualquer questão negativa”, destaca.
O porta-voz da BR Media ressalta que, por ser um reflexo da realidade, o reality revela a pessoa em sua intimidade e convívio em sociedade. As marcas, por sua vez, buscam personalidades que traduzam seus valores e nenhum valor, lembra ele, por mais distorcido que seja, se aproxima de pautas como o racismo e a homofobia. “Assim nasce o cancelamento que, nesta era, está mais vívido, ativo. Neste ponto, o programa se torna ainda mais interessante por popularizar temas que são urgentes e necessários para discussão, reflexão e cobranças”, cita Della Matta, usando como exemplo o ilusionista Pyong Lee e a cantora Karol Conka, que sofreram muitas críticas por conta dos comportamentos apresentados na casa.
E as marcas?
As polêmicas e conversas que acontecem dentro do BBB também acabam atingindo as marcas, já que elas fazem parte do mesmo território do programa. O profissional da BR Media diz que as audiências esperam por posicionamentos desses patrocinadores, o que não significa, no entanto, que eles precisam estar em todas as batalhas. “Se uma marca consegue transmitir seus valores de forma clara e objetiva, ela continuará o que é, independente do que está na tela e do que fala nestes momentos. E para as marcas estarem presentes no jogo, elas têm de estar preparadas para o que acontece no mesmo jogo”, alerta.
Ricardo também diz que as marcas que participam do BBB precisam saber da importância de seu papel social, já que elas possuem a oportunidade de promover uma série de debates e, de alguma forma, de levar informação e educar seus consumidores. “Por isso tudo, é extremamente importante, sobretudo, o posicionamento em situações que geral qualquer tipo de debate na sociedade. Se a marca se cala, ela perde pontos com seu público, a chance de fazer a diferença e, acima de tudo, consente”, destaca Ricardo Silvestre.
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