Minc quer mostrar a cultura como negócio
Campanha “Cultura gera futuro” busca mudar o olhar sobre a área; ministério também apresenta balanço da Lei Rouanet em 2017
Campanha “Cultura gera futuro” busca mudar o olhar sobre a área; ministério também apresenta balanço da Lei Rouanet em 2017
Teresa Levin
16 de janeiro de 2018 - 16h11
É hora de mudar a percepção que o próprio governo e o conjunto da sociedade têm em relação à política cultural. Ela tem de ser encarada como política de desenvolvimento econômico. Isso é o que defende o ministro da Cultura Sérgio Sá Leitão e o que motivou a nova campanha publicitária da pasta, que será veiculada ao longo de 2018. Com um investimento de R$ 3 milhões, ela trabalhará inicialmente três temas: a economia criativa como um todo, a Lei Rouanet e o audiovisual; em um segundo momento, o patrimônio histórico será abordado. Com veiculação prevista na TV paga, rádios, internet, incluindo aí redes sociais e sites de economia, ela também envolverá ações em aeroportos. A ideia é ainda que grupos de mídia se apropriem da iniciativa de comunicação para que a divulgação do conceito seja amplificada.
“Queremos que seja não uma campanha do Ministério da Cultura, mas do setor da economia criativa, para dizer para a sociedade da sua importância econômica e social e do quanto contribui para o desenvolvimento do País. Gera benefícios do ponto de vista de renda, emprego etc, para a sociedade. É uma campanha de afirmação da economia criativa brasileira”, comenta o ministro Leitão. De acordo com ele, atividades culturais e criativas são vocações do Brasil e têm uma dimensão econômica evidente. “Estamos falando de 2,64% do PIB brasileiro, cerca de um milhão de empregos diretos, cerca de 200 mil empresas e instituições envolvidas além de R$ 10,5 bilhões de impostos diretos gerados”, observa.
Lei Rouanet
Nesta terça-feira, 16, o Minc aproveitou para promover encontros com jornalistas em São Paulo e no Rio de Janeiro para fazer ainda um balanço da aplicação da Lei Rouanet em 2017, quando passou por algumas mudanças por meio de uma nova Instrução Normativa. De acordo com os dados apresentados pelo ministro, só em dezembro, o Minc analisou 1,8 mil projetos, permitindo a captação de R$ 600 milhões, o que seria o maior volume mensal histórico, representando 52% do total captado no ano. O resultado de dezembro teria ainda contribuído para um aumento de 20% no número de projetos aprovados de 2016 para 2017 (de 4.517 para 5.434). Em 2017, R$ 1,156 bilhão foi garantido com benefício fiscal da Lei Rouanet, valor superior aos R$ 1,149 bilhão em 2016. “Além de estabilizarmos os números, tivemos também um aumento de R$ 7 milhões de captação em 2017 em relação ao ano anterior”, afirmou o ministro em um dos encontros.
De acordo com um comunicado do Minc, novos patrocinadores apoiaram projetos por meio da Lei Rouanet. O índice de investimento das empresas públicas, que já chegou a 38%, caiu para 7,5%. Vale citar que a Petrobras, sempre a maior incentivadora desta lei, tendo já respondido por 10% da captação em anos anteriores, teve o menor resultado da série, ficando fora das 200 maiores contribuintes. Novas empresas se tornaram patrocinadoras: a Uber, por exemplo, contribuiu pela primeira vez com R$ 5,1 milhões, aponta o Ministério. A expectativa é de ter números ainda melhores em 2018 após as mudanças implementadas. “Nossa meta é tentar alcançar o mesmo nível de captação que tivemos em 2014, quando o desempenho chegou a R$ 1,336 bilhão”, ressaltou o texto. Segundo dados do Minc, estudos apontam um crescimento médio das atividades criativas de 4,6% ao ano, o que representaria mais do que o dobro da previsão de crescimento da economia brasileira. O Ministério informou ainda que o setor deve chegar a US$ 43,7 bilhões no País em 2021, de acordo com levantamento da consultoria PriceWaterhouseCoopers.
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