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Mídia

“O sistema de futebol no Brasil dificulta avanços no streaming”

Diogo Kotscho, VP de comunicação do Orlando City, explica a dinâmica da liga americana em negociação de direitos e parceria com plataformas como o YouTube


1 de outubro de 2018 - 10h20

 

Kotscho: “O sistema de futebol no Brasil dificulta avanços no streaming” (Crédito: Reprodução)

Criado em 2010 pelo empresário brasileiro Flávio Augusto da Silva, o time Orlando City, que contou com a ajuda do jogador Kaká para ganhar visibilidade internacional, se considera uma startup do futebol. Essa visão, segundo Diogo Kotscho, VP de comunicação, ajuda na hora de atrair investidores para o ecossistema e de gerar novos negócios para os times. O que inclui, inclusive, novas possibilidades de parcerias com serviços de streaming, por exemplo.

Atualmente, o clube mantém contratos específicos de transmissão de jogos em emissoras dos Estados Unidos, mas seu foco está na parceria com o YouTube TV. “Nossa parceria com o YouTube TV, e quando clubes fecham contratos com streamings nos EUA eles levam isso em consideração, é a capacidade de entrega de dados. Na TV, sabemos o quanto a medição de audiência é limitada. No streaming, você sabe com exatidão, precisão e retorno imediato quem está assistindo e por quanto tempo eles ficaram online”, afirma Kotscho.

Em entrevista ao Meio & Mensagem, durante sua passagem no Fire Festival, em Belo Horizonte, evento de empreendedorismo digital que ocorreu de 26 a 28 de setembro, Kotscho falou sobre direitos de transmissão, perspectiva de crescimento do futebol nos EUA e outros temas.

Público
Um jovem de 18 anos nos Estados Unidos não vê TV e nem lê jornal. Nenhum jovem, por mais que seja fã de uma série, vai saber que horas ela passa em determinado lugar por que ele vê no streaming. A única coisa que ainda pode chamar a atenção de um jovem em uma grade é o esporte. Mas os streamings e as plataformas estão com transmissão de tamanha qualidade que, uma transmissão de um jogo do Orlando no YouTube, atualmente, pode ser muito melhor do que em um canal de TV, por exemplo.

Perspectiva
Nenhum outro esporte nos EUA tem o viés de alta de audiência como tem o futebol. Pouquíssimas modalidades estão crescendo como o futebol, exponencialmente. E, neste contexto, o preço para as negociações de direitos de TV só está subindo. Nosso contrato, que vai até 2022, vale oito vezes mais que a última temporada e, para a próxima ele deve subir em mais oito vezes.

Streaming
Nossa parceria com o YouTube TV, e quando clubes fecham contratos com streamings nos EUA eles levam isso em consideração, é a capacidade de entrega de dados. Na TV, sabemos o quanto a medição de audiência é limitada. No streaming, você sabe com exatidão, precisão e retorno imediato quem está assistindo e por quanto tempo eles ficaram online. Nós negociamos com outras plataformas, mas a opção pelo YouTube foi baseada em todo o ecossistema que eles nos entregam, inclusive, com as ferramentas do Google.

Streaming II
Temos vários players de tecnologia que já são relevantes em transmissão de futebol aqui nos EUA. O Facebook tem uma plataforma de vídeo bem interessante, o Hulu e outros. E todos eles estão buscando conteúdo. E o esporte ao vivo é algo que gera o interesse cada vez maior dessas plataformas. No Brasil, o grande desafio para que essas negociações sejam bem-sucedidas é o fato de que os clubes não controlam suas estratégias. Depende de entidades que podem prejudicar o negócio. Como vou vender meus direitos para uma plataforma se não posso dizer quando e que horas vou jogar. E se eu negocio um pacote, a entidade não gosta de determinada plataforma e me prejudica? O sistema de futebol estabelecido no Brasil ainda afugenta o investimento e impede o crescimento com plataformas de streaming.

Estrutura
Na MLS (Major League Soccer, liga de futebol dos Estados Unidos) a gente é rival dentro do campo e parceiro fora dele. Todos os departamentos de time de futebol têm reuniões anuais com todos os colegas de outras ligas. Ali, são discutidos novos contratos e as práticas de cada time. Além de, negociações em conjunto. Já tivemos casos de a liga decidir em conjunto em qual plataforma iriamos deixar a transmissão. O objetivo é com isso é conseguir a melhor renda possível para entregar o melhor produto possível.

Copa
Naturalmente, não estar na Copa, por um lado, foi um baque. Mas a MLS fez algo muito interessante que ajudou a mostrar que a liga estava na Copa. Em uma campanha, ela destacou os jogadores dos times em seleções que disputavam o torneio. Por exemplo, tivemos um jogador do Orlando na seleção do Peru, teve Panamá e outras equipes. Mas por outro lado, os EUA ganhou a Copa de 2026 junto com Canadá e México e isso trouxe novas perspectivas para o crescimento do futebol por lá.

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