Telecine e Globo veem determinação do governo como censura
Ministério da Justiça determinou que plataformas de streaming deixem de disponibilizar filme Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola, protagonizado por Danilo Gentili
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Bárbara Sacchitiello
15 de março de 2022 - 20h05
O longa-metragem Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola, lançado em 2017 e distribuído pela Paris Filmes, que tem o humorista Danilo Gentili como roteirista e protagonista, voltou a chamar atenção nas redes sociais nos últimos e gerou uma ordem por parte do governo brasileiro.
Em publicação no Diário Oficial da União nesta terça-feira, 15, o Ministério da Justiça determinou que as plataformas de streaming Netflix, Amazon Prime Video, Globoplay, Telecine e Google (YouTube) suspendam imediatamente a exibição e oferta do filme.
No último fim de semana, o assunto da comédia, que foi baseada no livro homônimo escrito por Danilo Gentili, voltou a ganhar força nas redes sociais por conta de uma cena. Na sequência da ficção, o personagem interpretado pelo ator Fabio Porchat assedia sexualmente os alunos de uma escola. A cena recebeu críticas de várias pessoas nas redes sociais, incluindo membros do governo, que acusaram Gentili, Porchat e outros membros envolvidos com a produção, de fazerem apologia à pedofilia com a cena.
Na determinação do Ministério da Justiça, caso as plataformas de streaming não cumpram a determinação de tirar o filme de seus catálogos, após o quinto dia da publicação da ordem, ficarão sujeitas a um pagamento de multa no valor de R$ 50 mil.
Resposta de Globoplay e Telecine
Em nota, Globoplay e Telecine, duas plataformas que pertencem aos negócios da Globo, classificaram a decisão do ministério da Justiça como censura.
As empresas dizem que estão atentas “às críticas de indivíduos e família que considerara inadequados ou de mau gosto trechos do filme Como se Tornar o Pior Aluno da Escola”, mas entendem que “a decisão administrativa do Ministério da Justiça de mandar suspender a sua disponibilização é censura.”
“A decisão ofende o princípio da liberdade de expressão, é inconstitucional e, portanto, não pode ser cumprida. As plataformas respeitam todos os pontos de vista mas destacam que o consumo de conteúdo é um serviço de streaming é, sobretudo, uma decisão do assinante – e cabe a cada família decidir o que deve ou não assistir”, continuam as empresas.
Globoplay e Telecine encerram a nota dizendo que “o filme em questão foi classificado, em 2017, como apropriado para adultos e adolescentes a partir de 14 anos pelo mesmo ministério da Justiça que hoje manda suspender a veiculação da obra.”
A Netflix, que também mantém o filme em seu catálogo, não se manifestou sobre o assunto.
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