Web, 30 anos: a internet como um direito da humanidade
Tim Berners-Lee, criador do WWW, propõe um contrato global entre cidadãos, empresas e governos pelo bem da rede
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Amanda Schnaider
12 de março de 2019 - 16h34
Hoje, a denominação “www” é tão comum em nossas vidas que às vezes nem paramos para pensar o que esse termo significa para o mundo da internet. Há 30 anos, Tim Berners-Lee, físico britânico que trabalhava na Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern, na sigla em inglês) propôs a criação do World Wide Web (www), inicialmente como um sistema de gerenciamento de documentos em hipermídia que seriam interligados e executados na internet com o objetivo de compartilhar informações entre diferentes computadores.
Para comemorar as três décadas desde a criação da rede mundial de computadores, Berners-Lee divulgou uma carta em destaca que este “é o momento para celebrar o quão longe chegamos, mas também uma oportunidade para refletir sobre até onde temos de ir ainda”. Além disso, o físico alerta que apesar da internet ter criado oportunidades, dando voz a grupos marginalizados e facilitando as nossas vidas, ela também deu mais possibilidades a criminosos e fortaleceu aqueles que espalham o ódio.
Berners-Lee aponta três grandes ameaças que afetam a web que utilizamos hoje: ações maliciosas como crackers, ataques cibernéticos, comportamento criminoso e assédio online; os sistemas que criam incentivos perversos, como anúncios que recompensam o caça-clique e a disseminação viral da desinformação; e o debate polarizado, com baixa qualidade do discurso online.
O físico afirma ainda que há maneiras de melhorar a internet por meio da criação de leis e códigos para minimizar ataques e invasões, além da remodelação dos sistemas existentes e a elaboração de novas possibilidades. “Se desistirmos agora de construir uma web melhor, então a web não terá falhado conosco. Nós teremos falhado para com a web”, afirma.
Contrato para a Web
Berners-Lee defende a criação de um “Contrato para a Web”, que possibilitará que os cidadãos, junto às empresas e ao Estado, possam trabalhar em conjunto para garantir que a web seja reconhecida como um direito humano e construída para o bem público.
A web é para todos e, coletivamente, temos o poder de mudá-la. Não será fácil. Mas se sonharmos um pouco e trabalharmos muito, podemos conseguir a web que queremos
Segundo esse conceito, “os governos devem traduzir leis e regulamentos para a era digital”, garantir a competitividade e proteger os direitos e liberdades das pessoas. Já as companhias devem buscar pelo lucro, mas sem passar por cima dos direitos humanos, da democracia e da segurança pública. E que acima de tudo, a população deve cobrar das as empresas e dos governos os compromissos que assumiram. “A web é para todos e, coletivamente, temos o poder de mudá-la. Não será fácil. Mas se sonharmos um pouco e trabalharmos muito, podemos conseguir a web que queremos”, afirma Berners-Lee.
Doodle
Nas plataformas sociais, a hashtag #Web30 está reunindo publicações mundo afora sobre as três décadas desde a criação da World Wide Web.
Pela primeira vez, o Google comemora o aniversário da rede mundial de computadores com um Doodle, as imagens e animações gráficas do logotipo do Google em sua página de buscas principal. O Doodle relembra um computador antigo, quando se usava a internet discada (baseada na rede pública de telefonia), para carregar seus conteúdos.
Crédito da foto do topo: Gerd Altmann/Pixabay
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