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MWC

De energia renovável à diversidade: a jornada ESG das telcos no Brasil

Com agenda ESG cada vez mais relevante, companhias ampliam investimentos para unir impacto ambiente e social a negócios no Brasil


26 de fevereiro de 2024 - 4h23

À medida que o 5G é ampliado e a inteligência artificial generativa ganha força no setor, as telcos têm papel fundamental nas discussões mais relevantes do mundo contemporâneo. Sendo assim, a urgência de boas práticas relacionadas à responsabilidade ambiental, social e de governança – que integram a agenda ESG – impacta diretamente a sociedade, além dos resultados de negócio. O tema será debatido durante o Mobile World Congress (MWC) 2024.

ESG - TIM

Energia renovável faz parte das iniciativas da Claro (Crédito: Divulgação/Diego Paz)

Na sustentabilidade, mais do que a eficiência energética, circularidade, gestão de resíduos tecnológicos e uso de energias renováveis passaram a fazer parte dos investimentos dos últimos anos. Nas outras frentes, é possível identificar o aumento de iniciativas de apoio a comunidades locais e garantia de acesso à conectividade, com avanço em inclusão digital. Além disso, os compromissos incluem transparência e ética na gestão e políticas de diversidade e inclusão bastante delimitadas.

Energia limpa

A TIM começou os primeiros testes do 5G no Brasil em 2019 e tem sete mil antenas instaladas em 220 cidades, o que cobre 52% da população urbana, segundo o vice-presidente de assuntos regulatórios e institucionais da empresa, Mario Girasole. “Essa conquista reforça o compromisso com a inclusão digital”, diz. “O projeto TIM 4G no Campo alcança mais de 16 milhões de hectares em zonas rurais e impacta mais de 1,3 milhão de pessoas. Nesses locais, a rede 4G atende, por exemplo, 265 escolas públicas e cerca de 80 unidades básicas de saúde”, complementa.

A TIM, desde 2021, tem 100% de energia limpa em seu consumo total a partir da aquisição no mercado livre, compra de certificados de energia renovável e, principalmente, com a produção de usinas arrendadas de parceiros. A tele tem 94 usinas solares, hídricas e de biogás no portfólio. Em novembro de 2023, a fim de estimular os colaboradores, lançou o Clube de Energia, que dá descontos na conta de luz em troca de consumo de energia proveniente de fontes renováveis.

“ESG faz parte do negócio de forma transversal, direcionando produtos e serviços, inserindo-se em nossa cultura interna e cadeia produtiva. Temos metas bem claras e mensuráveis, que estão vindo acompanhadas de ações e investimentos em inovação, ampliação de infraestrutura, gestão de energia, redução de emissões, diversidade e inclusão, inclusão digital, satisfação e relacionamento com clientes”, afirma Girasole.

Descarbonização

A rede 5G da Vivo está presente em todas as capitais e municípios com mais de 500 mil habitantes e em implantação nas cidades com mais de 200 mil habitantes. Assim, a cobertura da chega a 175 cidades, ou seja, 47% da população brasileira. Os investimentos em redes estão atrelados à sustentabilidade, necessariamente.

Dessa forma, a empresa, desde 2015, tem metas voltadas à redução de emissões, uso de energia renovável e consumo de energia por volume de dados trafegados na rede. “Somos empresa neutra em carbono. Compensamos as emissões que não po­demos evitar com investimento em pro­jetos de preservação da floresta Amazônica”, explica a tele.

A jornada reduziu em 90% as emissões próprias em 2023 e tem como meta chegar a zero emissão líquida até 2040. Assim, os resultados se refletem em mudanças estruturais como uso de biocombustíveis, modernização de equipamentos e eficiência operacional.

Em outubro do ano passado, a tele, em parceria com a Elera Renováveis, anunciou a entrada na autoprodução de energia solar ao assumir quatro parques solares, com 237 megawatt-pico (MWp), do Complexo Janaúba (MG), que é o maior do País. Com isso, as usinas passaram a abastecer em torno de 200 unidades consumidoras em média tensão e atender 76% do consumo da companhia que, antes, era abastecido por mercado livre.

Em dezembro, a frota de veículos operacionais recebeu o reforço de 200 carros elétricos, em parceria com a Renault, como parte da estratégia de conectar negócio, inovação e sustentabilidade. Além da energia, a Vivo, em 2006, criou o programa Vivo Recicle, de logística reversa de eletrônicos. Só no ano passado, a tele coletou 12 toneladas de lixo eletrônico e reciclou 98% dos resíduos da operação, porém o plano é chegar a zero até 2030, compromisso assumido com o pacto global da ONU no Brasil.

Aperfeiçoamento de processos

Como as concorrentes, a Claro tem programa de autoconsumo remoto de energia renovável, que inclui mais de 750 mil painéis solares instalados. São 90 usinas de fontes renováveis conectadas em 13 estados, além do Distrito Federal. Com o sistema, a iniciativa alcançou a marca de 200 MW de produção de energia, proveniente das fontes solares, de hidrelétricas, biogás e cogeração qualificada. Essa frente de geração atende 70% do consumo da empresa em baixa tensão e abastece mais de 25 mil unidades consumidoras e mais de 70% das antenas.

Somado a esses esforços, a companhia também investe no mercado livre e tem contratos de longo prazo para aquisição de energia eólica. A finalidade é atender a totalidade do consumo em unidades de média tensão, ou seja, data centers, prédios administrativos e operações de grande porte.

A Claro afirma que o processo de inovação acontece de forma transversal, o que implica também no aperfeiçoamento de processos e iniciativas que contribuam para a sustentabilidade. Exemplo é a atuação para redução das emissões de CO2 equivalente (CO2eq) e a Claro está comprometida em atender as primeiras metas ambientais por meio de projetos que reduzam diretamente suas emissões.

ESG - Claro

ESG: aerogeradores da Claro (Crédito: Divulgação)

O principal programa, Energia da Claro, se volta para eficiência energética e autoconsumo remoto de energia limpa e proveniente de fontes renováveis. A iniciativa é considerada uma das maiores do País entre empresas privadas. Além disso, desempenha papel fundamental para manter a Claro à frente dos objetivos de redução de emissões desenvolvidos em estudo feito a pedido da América Móvil, grupo do qual a Claro faz parte, com apoio da Science Based Target (SBTi). Desde o início, em 2017, o programa já evitou a emissão de mais de 500 mil toneladas de CO2eq”, afirma a tele.

Conexão ESG e negócios

Como exemplo da conexão entre ESG e negócios, em janeiro, a Algar Telecom fez a primeira emissão de debêntures vinculada às metas de práticas ESG. Os compromissos estipulam que, até 2030, a companhia reduza as emissões de gases de efeito estufa. Determinam ainda que o consumo por fontes renováveis em toda matriz energética se eleve até 2026, com ativos próprios de geração de energia elétrica limpa.

A empresa tem quatro usinas fotovoltaicas: UFV Bela Vista, em Bela Vista de Goiás; Capim Branco I e II, em Uberlândia; e inaugurou, na semana passada, mais uma em Iacanga, no interior de São Paulo. “Fomos a primeira operadora do País a ter um site de telecomunicações com energia fotovoltaica conectada à rede elétrica. Além da gestão de eficiência, houve a transição de matriz de alimentação e 100% do consumo é proveniente de energia vinda de fontes renováveis”, explica o vice-presidente de tecnologia, evolução digital, agilidade e inovação da telco, Zaima Milazzo.

A Algar é signatária do Pacto Global da ONU e está alinhada aos 17 ODS da Agenda 2030. “Identificamos internamente a aderência a dez ODS, com os quais contribuímos, direta ou indiretamente, por meio das atividades e operações”, ressalta Zaima. Além disso, a companhia firmou compromisso junto ao SBTi para estabelecer meta de redução de emissões de gases de efeito estufa.

ESG e diversidade

Desafio nos mais diversos setores, a ampliação da diversidade se apresenta também como um dos focos de investimento das companhias de telecomunicações. A Vivo estrutura o programa de diversidade nos pilares de gênero, LGBTI+, raça e pessoas com deficiência, sendo que o fator geracional é transversal. Mensalmente, o Jornada Vivo Diversidade discute temas e lança novas ações, políticas ou benefícios para o público interno.

Da porta para fora, a Vivo abriu cerca de 2,7 mil vagas afirmativas durante 2023, medida que resultou na contratação de 870 profissionais com deficiência. Já em programas de estágio e trainee, metade das posições é exclusivamente para talentos negros. “Atualmente, temos 42% de colaboradores autodeclarados negros e pardos, com 32,8% deles em cargos de liderança. Também temos 100 profissionais trans”, revela.

No pilar de gênero, as mulheres ocupam 45% dos postos de trabalho – sendo que 37,3% são da liderança executiva e 32,5% em cargos diretivos. Além disso, a Vivo aponta que mulheres compõem 30% do Conselho de Administração. Na outra ponta, o programa Mulheres de Fibra tem 412 trabalhadoras nos serviços de instalação e reparos. A operadora é signatária dos Princípios de Empoderamentos das Mulheres da ONU há quase oito anos. E, desde 2019, mantém a meta de diversidade de gênero como parte do bônus executivo.

Programas de impacto

A TIM estruturou a gerência dedicada a Diversidade & Inclusão em 2019 e, a partir disso, estruturou o escopo de ações voltadas ao tema. Nesse sentido, com o diagnóstico e mapeamento, a operadora definiu os pilares de gênero, raça e etnia, reações, pessoas LGBTI+ e PCDs como prioritárias.

No pilar de gênero, no ano passado, a organização superou a meta de 35% de mulheres na liderança, chegando a 36,1%. A operadora tem 50% de mulheres na diretoria estatutária e 30% no Conselho de Administração. “Estamos orgulhosos do percurso até agora, mas sabemos que diversidade e inclusão é uma jornada contínua”, avalia Girasole.

Na Algar Telecom, a principal iniciativa é o Algar sem Barreiras, criado em 2018 para fortalecer a convivência segura e respeitosa no ambiente de trabalho. O programa promove grupos de afinidade para discutir sobre cultura, políticas e melhorias no pilar de diversidade.

Somado às ações de apoio à carreira das mulheres, a companhia tem o Mulheres de Fibra, voltado para as áreas técnico-operacionais. “Eram três associadas em 2021 e, atualmente, são 20. Criamos vagas em campo exclusivas para elas e realizamos treinamentos de sensibilização para gestores da área e encontros bimestrais para troca de experiências”, explica Milazzo.

Há ainda outras iniciativas como o projeto Aprendiz sem Barreiras, de inclusão de PCDs e em situação de vulnerabilidade social. A Allbacks, guilda de etnia, ampliou em 2023 suas ações, alçando bons resultados. “Contra o preconceito e a discriminação, aderimos ao Fórum de Empresas e Diretos LGBTI+, uma iniciativa vinculada à ONU”, ressalta.

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