Copy paste nonsense
Sabe aquela infinidade de reports de tendências que você recebe no começo do ano? Joga tudo no lixo
Sabe aquela infinidade de reports de tendências que você recebe no começo do ano? Joga tudo no lixo
Você também está em vários grupos no WhatsApp nos quais o tipo de mensagem mais popular é: “por acaso vocês têm algum report de tendências do mercado X? Estou fazendo um planejamento aqui na agência e preciso de slides para justificar o caminho e cases para ilustrar?”
Pois é dessa forma que temos planejado e criado no Brasil: de olho nas tendências de fora e fazendo Ctrl C, Ctrl V de slides com textos, cases e dados já pré-prontos, como se fossem uma verdade universal. O referencial sempre vem da “gringa”. Estados Unidos, Europa e Ásia e, raramente, considera intersecções, culturas, modos de viver e especificidades do brasileiro nesse momento tão estratégico.
Mas, esse formato de planejar e criar olhando para tendências de fora tem uma séria consequência: a sensação de não pertencimento e o distanciamento do cliente final. Os dados dizem por si só: uma pesquisa do LinkedIn, de 2022, mostrou que 80% dos membros da geração Z não se sentem representados nas campanhas publicitárias.
Será, então, que não estamos fechando os olhos para os targets devido a uma incansável tentativa de se adequar a tendências que vem de fora em campanhas e posicionamento?
Para entender por que uma trend que vem de fora não vai se encaixar magicamente por aqui, é importante saber a anatomia de uma tendência e como funciona a pirâmide de influência: toda tendência começa no alfa com o seu desejo de ser diferente e quebrar o status quo de um tema específico em um determinado lugar e momento. Com isso, ele estabelece um comportamento emergente que, apesar de causar um certo estranhamento de início, chama muita atenção dos betas.
Estes, por sua vez, têm o grande desejo e aspiração de serem os pioneiros em adotar um certo comportamento, consumir antes de todo mundo e influenciar pessoas. O beta é apaixonado por determinado assunto e está olhando para o Alfa e traduzindo ao mundo os comportamentos mais emergentes para a base da pirâmide: o mainstream. Pessoas com essas características traduzem perfeitamente a tendência do alfa para a linguagem da maioria dos consumidores.
O mainstream, por sua vez, vai ser influenciado pelo beta e vai achar isso incrível, já que o seu grande desejo é pertencer, se encaixar, ser igual aos outros quando se trata de um certo assunto. É no mainstream que está o dinheiro, é nele que a maioria das marcas acaba mirando.
Então, eu te pergunto: que sentido fazer pegar uma tendência que nasceu a partir da observação de alfas e betas dinamarqueses, japoneses, suecos ou texanos para aplicar com o mainstream brasileiro?
É muito comum que nós acreditemos que o Brasil está em um “quase” infinito, está sempre “quase lá”, mas, para ser sincera, acho tudo isso uma furada. A real é que nós, consultorias, agências e clientes, temos que ser completamente apaixonados pelos brasileiros e suas brasileirices.
O caminho não é difícil, é preciso estar próximo, ir às ruas e sentir o pulso das inovações locais e como elas ocorrem de um quarteirão ao outro. Estar em contato com o target, continuamente, identificando os alfas e betas daqui, para, enfim, criar e potencializar tendências e não apenas importar.
Então, sabe aquela infinidade de reports de tendências que você recebe no começo do ano? Joga no lixo e vai pra rua se apaixonar por brasileirices.
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