Assinar

O futuro de comunidades com a Web3 e como isso impactará a economia de criadores

Buscar

O futuro de comunidades com a Web3 e como isso impactará a economia de criadores

Buscar
Publicidade
Opinião

O futuro de comunidades com a Web3 e como isso impactará a economia de criadores

Será que a audiência vai se interessar em participar de tudo ou a maioria das pessoas só quer assistir um vídeo e se distrair?


4 de agosto de 2022 - 6h00

A descentralização é um dos principais atributos da Web3 (Crédito: Shutterstock)

Após um hiato de dois anos, a VidCon – um dos maiores eventos do mundo da indústria audiovisual, que reúne criadores de conteúdo, entusiastas e profissionais de vídeo online – retornou para Anaheim, na Califórnia. Ao longo dos quatro dias de evento, mais de 50 mil participantes passaram pelos painéis que abordaram o futuro da criação de conteúdo, web 3.0, metaverso e diversidade, além de palestrantes como Khaby Lame, Rebecca Black e Louise Castro.

A VidCon é onde os principais criadores digitais do mundo, inovadores de plataforma e seus fãs convergem em um só lugar. Na última década, o YouTube foi o principal patrocinador do evento. Este ano, o TikTok assumiu as rédeas. Porém, já na abertura, foi possível entender que a discussão já não é mais sobre as plataformas e formatos, mas sim sobre conexão no contexto do novo mundo que vem sendo criado pela web3.

É no guarda-chuva da web3, que palavras da moda como ‘NFT’ e ‘Metaverso’ (que inclusive ficou amplamente conhecida no começo de 2022 quando o Facebook anunciou a mudança de nome para ‘Meta’ e o lançamento de sua plataforma de mundo aberto, Horizon Worlds) se abrigam. E Hank Green, cofundador da conferência de criadores, e Pam Kaufman, presidente da Paramount, abriram a VidCon falando justamente sobre a importância dessas inovações para a conexão com a audiência, trazendo como benefícios o aspecto emocional e o tangível de “ser dono” de algo.

Antes de seguirmos, é importante que você entenda: a chamada web 1 remete ao surgimento da Internet em sua versão popular em que tínhamos um espaço de pouca troca, e mais informações unilaterais (o que podemos resumir na época que perguntávamos “Google, o que é isso?”). A mudança para a web2 acontece com o surgimento das redes sociais, espaços centralizados recheados de informações e opiniões descentralizadas (como se fosse a era do “o que você acha sobre isso?”). Agora, caminhamos para a web3, onde a descentralização chega por completo e quando teremos autonomia das nossas informações e relações sem intermediários.

Essa descentralização nos conduz para a formação das chamadas DAOs (Organização autônoma descentralizada), que se auto gerem. Por sua vez, as NFTs permitem ‘tokenizar’ qualquer tipo de conteúdo (artes, músicas, vídeo) e comercializá-lo de forma direta e autenticada – tendo também como um plano de fundo a construção de comunidade.
Isso torna o futuro do entretenimento e da criação de conteúdo participativo. Ao mesmo tempo, resolve uma das principais dores da economia de criadores que é a monetização e a proteção aos direitos autorais. Exemplo disso é a série ‘Stoner Cats’, liderada pelos atores Mila Kunis e Ashton Kutcher. Eles fizeram uma espécie de financiamento coletivo via NFT. Quem adquiriu as NFTs tem o direito a acompanhar a animação, que deve ter episódios de cinco minutos. E quem investiu em cotas maiores recebeu ainda outros privilégios, como participar criativamente do desenvolvimento do produto audiovisual. O caso se assemelha ao funding da série Entourage, que a Slash MGMT está fazendo via Fireside. E o presidente da empresa, Jake Webb, aponta que, pela primeira vez, creators e produtoras estão diante da oportunidade de monetizar projetos antes do lançamento, visto que os fãs se mobilizam e começam a contribuir muito antes da produção.

Na web3, os talentos falam direto com a audiência, que paga diretamente para consumir o creator de quem ela é fã. Ou seja, eles começam a ser as novas plataformas de streaming. E, nessa linha, o metaverso ajuda a criar uma relação imersiva e experiências escaláveis, que não aconteceriam na vida real, como, por exemplo, estar no estúdio dessa pessoa e acompanhar uma gravação.

Estamos diante de um precedente que, em teoria, tem o potencial de revolucionar a economia de criadores. Porém, tudo isso também abre uma série de questionamentos ainda sem resposta definitiva. Será que a audiência vai se interessar em participar de tudo ou a maioria das pessoas só quer assistir um vídeo e se distrair? Para os criadores, a mesma coisa: como ter fôlego para se entregar a esse engajamento exaustivo?

Apesar disso, é fato que todo o ecossistema que orbita em torno das relações, como o marketing de influência, possivelmente será impactado pelas mudanças e evoluções da web3 uma vez que as marcas precisarão encontrar novas maneiras de se conectar com o meio e com os formatos de criação de conteúdo.

O painel “DAOs: o futuro das comunidades online”, que reuniu Brendan Gahan, sócio agência criativa independente Mekanism; Jeff Kaufman, especialista em serviços de estratégia digital; Jim Daily, que atua com web3, AdTech e criptoativos; e Nicole de Ayora, diretora de produtos da Dapper Collectives, jogou luz em como isso deve acontecer. As marcas precisarão se tornar, criar ou participar de uma Organização Autônoma Descentralizada, visto que a comunidade é que terá o poder de desenvolver aquilo que gera valor para si. O mesmo vale para as plataformas, que precisarão se preocupar mais do que nunca em se inserir nesse universo por meio de uma comunidade participativa.
Nessa tríade – marcas, plataformas e criadores – as narrativas seguem com o meio de conectar todas as pontas, desde que elas se apóiem em dados e tecnologia para não perder de vista o principal ativo dessa cadeia que não muda apesar de todas as transformações vislumbradas: a audiência.

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Quando menos é muito mais

    As agências independentes provam que escala não é sinônimo de relevância

  • Quando a publicidade vai parar de usar o regionalismo como cota?

    Não é só colocar um chimarrão na mão e um chapéu de couro na cabeça para fazer regionalismo