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O que aprendi em Harvard

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Opinião

O que aprendi em Harvard

O autoconhecimento é assunto fundamental para se tornar um bom líder corporativo


5 de abril de 2018 - 17h36

Créditos: dmack

Passei uma semana em Harvard fazendo um dos Executive Programs que eles oferecem no Harvard Business School Campus, em Boston, Estados Unidos. O auge da semana foi quando Tom Delong, ex chief organizational officer do Morgan Stanley e JP Morgan, escritor de vários livros sobre liderança e um dos fundadores do curso, exibiu um filme sobre gratidão e felicidade para os 119 executivos presentes.Foram alguns minutos de absoluto silêncio e lágrimas. Sim, lágrimas. Muitos dos executivos que tinham passado os dias até então com um semblante fechado e falando sobre negócios e desafios, estavam agora chorando e refletindo sobre as próprias vidas, escolhas, relacionamentos e prioridades.

O que aconteceu na sequência foi ainda mais surpreendente. Todos os executivos dedicaram os próximos minutos para escrever uma carta para a pessoa que mais tinham gratidão na vida e se comprometeram a ligar para ela e ler a carta naquela mesma noite.

No dia seguinte, alguns participantes compartilharam a dificuldade em escrever e ainda mais em ler a carta para a pessoa escolhida e muitos disseram que, pela primeira vez, conseguiram perceber que nunca tinham se dado conta de quão importante era agradecer e o quanto aquilo os fazia se sentir bem como seres humanos.

O curso em questão era o Leading Professional Services Firms, voltado para líderes de empresas de serviços de todos os tipos e com grande parte dos participantes atuando em auditoria, consultoria, serviços financeiros e legais. Além de mim, apenas mais dois participantes atuavam no segmento de comunicação.

As aulas e palestras eram todas ministradas em salas dignas de filmes americanos com uma estrutura impecável e professores extremamente preparados e apaixonados pelo que fazem.

Eram 10 horas por dia com pequenas pausas para reflexões e alimentação. Dias extensos, cansativos e com muitos novos conceitos e pensamentos.

Ao terminar as aulas e palestras, todo final de dia pequenos grupos se encontravam para discutir o que tinha chamado mais atenção para cada um e como pretendia aplicar em sua própria empresa.

Tudo isso foi muito rico, me abriu a cabeça para novos formatos de operações e precificação e novas formas de liderança, mas o que mais me impressionou e o que mais re(aprendi) foi que inclusive em Harvard, uma das universidades mais conceituadas do mundo, um assunto de extrema importância é abordado como fundamental para ser um bom líder corporativo: o autoconhecimento.

O acontecimento citado no começo do texto fez com que todos os outros conhecimentos adquiridos e discussões realizadas com executivos de altíssimo escalão passassem a ser vistos de outra forma, com outros olhos e com uma visão que vem do coração.

E o que enxergar com o coração e autoconhecimento tem a ver com o foco do curso? Simples. Seres humanos que se sentem bem com eles mesmos são melhores profissionais, melhores líderes e melhores colegas de trabalho. São também pessoas mais aptas a inspirarem e colocarem pessoas em busca de um mesmo objetivo. E, acima de tudo, são pessoas com uma tendência maior de encontrar o contentamento interior e energia que são tão fundamentais para se tornar um líder verdadeiramente admirado e que provoca mudanças por onde passa.

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