O que aprendi em Harvard
O autoconhecimento é assunto fundamental para se tornar um bom líder corporativo
O autoconhecimento é assunto fundamental para se tornar um bom líder corporativo
Passei uma semana em Harvard fazendo um dos Executive Programs que eles oferecem no Harvard Business School Campus, em Boston, Estados Unidos. O auge da semana foi quando Tom Delong, ex chief organizational officer do Morgan Stanley e JP Morgan, escritor de vários livros sobre liderança e um dos fundadores do curso, exibiu um filme sobre gratidão e felicidade para os 119 executivos presentes.Foram alguns minutos de absoluto silêncio e lágrimas. Sim, lágrimas. Muitos dos executivos que tinham passado os dias até então com um semblante fechado e falando sobre negócios e desafios, estavam agora chorando e refletindo sobre as próprias vidas, escolhas, relacionamentos e prioridades.
O que aconteceu na sequência foi ainda mais surpreendente. Todos os executivos dedicaram os próximos minutos para escrever uma carta para a pessoa que mais tinham gratidão na vida e se comprometeram a ligar para ela e ler a carta naquela mesma noite.
No dia seguinte, alguns participantes compartilharam a dificuldade em escrever e ainda mais em ler a carta para a pessoa escolhida e muitos disseram que, pela primeira vez, conseguiram perceber que nunca tinham se dado conta de quão importante era agradecer e o quanto aquilo os fazia se sentir bem como seres humanos.
O curso em questão era o Leading Professional Services Firms, voltado para líderes de empresas de serviços de todos os tipos e com grande parte dos participantes atuando em auditoria, consultoria, serviços financeiros e legais. Além de mim, apenas mais dois participantes atuavam no segmento de comunicação.
As aulas e palestras eram todas ministradas em salas dignas de filmes americanos com uma estrutura impecável e professores extremamente preparados e apaixonados pelo que fazem.
Eram 10 horas por dia com pequenas pausas para reflexões e alimentação. Dias extensos, cansativos e com muitos novos conceitos e pensamentos.
Ao terminar as aulas e palestras, todo final de dia pequenos grupos se encontravam para discutir o que tinha chamado mais atenção para cada um e como pretendia aplicar em sua própria empresa.
Tudo isso foi muito rico, me abriu a cabeça para novos formatos de operações e precificação e novas formas de liderança, mas o que mais me impressionou e o que mais re(aprendi) foi que inclusive em Harvard, uma das universidades mais conceituadas do mundo, um assunto de extrema importância é abordado como fundamental para ser um bom líder corporativo: o autoconhecimento.
O acontecimento citado no começo do texto fez com que todos os outros conhecimentos adquiridos e discussões realizadas com executivos de altíssimo escalão passassem a ser vistos de outra forma, com outros olhos e com uma visão que vem do coração.
E o que enxergar com o coração e autoconhecimento tem a ver com o foco do curso? Simples. Seres humanos que se sentem bem com eles mesmos são melhores profissionais, melhores líderes e melhores colegas de trabalho. São também pessoas mais aptas a inspirarem e colocarem pessoas em busca de um mesmo objetivo. E, acima de tudo, são pessoas com uma tendência maior de encontrar o contentamento interior e energia que são tão fundamentais para se tornar um líder verdadeiramente admirado e que provoca mudanças por onde passa.
Compartilhe
Veja também