Remoto, híbrido ou presencial?

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Opinião

Remoto, híbrido ou presencial?

Mais do que definir um modelo vencedor, o redesign do trabalho imposto pela pandemia mantém a exigência de aprendizado constante e a inclusão pelo propósito, mesmo de jovens que não sabem bem o que querem


29 de novembro de 2022 - 15h00

(Crédito: Sfio Cracho/ Shutterstock)

A pandemia foi o fator que mais modificou os ambientes de trabalho no nosso tempo. Para quem está há mais anos no mercado, talvez a alteração anterior mais drástica tenha sido a chegada dos computadores. A indústria de comunicação e marketing foi das que se adaptou bem à nova realidade imposta pela Covid-19, mas não há um modelo vitorioso único. Convivem desde empresas que optaram 100% pelo home office até outras que incentivam o trabalho presencial na maior parte do tempo.

om a recente alta de contágio no Brasil, devido a novas variantes do coronavírus, e a proximidade do fim do ano, muitas reveem agora as regras para 2023. Essa conta inclui, do lado dos empregadores, não só menores gastos com imóveis e mais diversidade geográfica nos times — o que também pode impactar em menor custo de mão de obra —, mas também a dificuldade de estabelecer limites ao modelo híbrido e às perdas com a falta de socialização. Os empregados contabilizam ganhos de liberdade e produtividade, além do conforto de perder menos tempo com deslocamentos e de trabalhar em casa de pijama e chinelo.

Alternativas mais flexíveis vieram para ficar, mas há indicadores de que os aprendizados com a doença permitem manter a convivência presencial. Há quem avalie que o espaço para o trabalho remoto tenha atingido seu pico e que muitos empregadores preferem ver a maioria de seus funcionários de volta ao escritório. Dados do LinkedIn mostram uma redução na oferta de vagas remotas em todo o mundo, além de apontarem maior preocupação das lideranças com os custos das políticas de bem-estar e desenvolvimento de funcionários implementadas nos últimos anos. A plataforma ouviu 250 executivos c-level no Brasil e 82% deles disseram que o trabalho flexível pode ser impactado pelo cenário global de incertezas econômicas. No Brasil, maio de 2021 foi o mês de pico nas vagas remotas, com 48% do total de ofertas postadas na plataforma. De lá para cá, a tendência é de queda, atingindo 29% em setembro deste ano.

Outro estudo, finalizado este mês pela Cortex, empresa de inteligência de vendas B2B, mostra que, das cerca de 430 mil oportunidades abertas, mapeadas nos 15 principais portais de vagas do País, somente 9% citam o home office na descrição, sendo as microempresas as mais abertas a essa modalidade (elas respondem por mais da metade dos anúncios com possibilidade de trabalho remoto).

Mesmo considerando que o modelo híbrido se consolidou como preferido dos profissionais brasileiros — pesquisa do Google Workspace e da consultoria IDC, realizada em julho, aponta que 73% consideram este o formato ideal —, há desconexão entre o que os profissionais desejam e o que as empresas oferecem. Esse cenário implica em um redesign constante nas tendências para o futuro do trabalho, que Meio & Mensagem tem acompanhado desde 2019 — portanto, ainda antes da pandemia — com o auxílio da consultora Cintia Gonçalves, fundadora da Wiz&Watcher.

Em sua quarta edição, o estudo coordenado por ela faz uma combinação de pesquisa qualitativa com análises sobre postagens na internet e reforça pontos de atenção tratados nos anos anteriores, como o que alerta que a falta de diversidade abre espaço para sentimento de não pertencimento e causa evasão e rotatividade, e o que aponta o pensamento empreendedor e o privilégio a competências como caminhos que ditam os rumos para o futuro do trabalho.

Nas páginas 24 a 27, a repórter Giovana Oréfice aborda algumas das principais conclusões da edição 2022 do estudo, que mantém sua característica de promover painéis de discussão com jovens de 18 a 24 anos, que neste ano ressaltam um dilema: embora queiram trabalhar com propósito em ambientes em que se enxerguem, há uma queda no nível de autoconhecimento, ou seja, muitos não sabem o que querem na prática. Outro aspecto bastante relevante é que as mudanças nos modelos de trabalho acabaram exigindo também um redesign das lideranças, que se tornaram mais flexíveis e sensíveis. Tanto para empresas como para líderes, um dos maiores riscos é o de que o medo do fracasso iniba o necessário aprendizado constante.

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