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O atendimento à Epic Games, desenvolvedora de Fortnite, e a relação de longo prazo com a Samsung reforçam o conceito “creative technology” da agência Cheil
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O atendimento à Epic Games, desenvolvedora de Fortnite, e a relação de longo prazo com a Samsung reforçam o conceito “creative technology” da agência Cheil
Como pontuou o pensador francês Roland Barthes em seu livro Mitologias, de 1957, a substância que produz a espuma do sabão não é a mesma que limpa, daí surge a expressão que remete a algo que produz muita espuma, em outras palavras, que gera mais alarde do que benefícios. No mundo da tecnologia, não é diferente. Aprender separar o que é consistente, daquilo que é puro modismo, é fundamental para quem deseja sobreviver, incluindo, aí, as marcas que buscam novas estratégias para abordar os consumidores. É por isso, que a Cheil Brasil se especializou em ser uma agência “creative technology”, e assumiu a missão de separar o que é espuma do que é consistente quando se trata de oferecer soluções adequadas de tecnologia para as marcas. “Tem muita ‘legalzice’ hoje em tecnologia”, afirma Claudio Lima, chief creative officer da Cheil Brasil. “Tem muita coisa que brilha e pisca, mas, quando você para e observa, percebe que não tem escala, não tem relevância; é apenas ‘novo’”, completa. Para que o termo “creative technology” não seja apenas um slogan vazio, a Cheil conta com alguns trunfos. O primeiro deles é sua própria origem. Fundada na Coreia do Sul, a agência tem a Samsung como sua principal cliente global. A proximidade com uma das empresas mais inovadoras do planeta foi uma escola e tanto para a Cheil.
“Graças à nossa relação com a Samsung, acumulamos um know-how muito grande de tecnologia para criar ideias e soluções”, diz Lima. “Costumamos dizer que, mais do que vender tecnologia, temos que usar tecnologia para vender.” A Cheil, aliás, foi criada para vender tecnologia, pois foi fundada, inicialmente, para atender a Samsung. O repertório de trabalhos com a gigante sul-coreana de eletrônicos não se limita à publicidade tradicional. A agência trabalha com uma ampla gama de soluções em retail, ativações, live marketing e marketing digital. Para Lima, a maior lição dessa parceria é “conseguir estar junto da marca em quase todos os pontos de contato com o consumidor e ter certeza de que esses pontos conversam entre si e, por isso, passam uma mensagem única.”
A Samsung é fundamental para estreitar o intercâmbio entre as culturas brasileira e sul-coreana, mas não é o único canal para isso. Há um fluxo constante de profissionais entre a Cheil Brasil e sua sede em Seul. Assim, é possível somar “toda a agilidade e profissionalismo” asiáticos, com a “agilidade e o nosso jeito mais criativo e solto de fazer as coisas”, segundo Lima. Esse blend gera resultados concretos, não apenas para a Samsung, mas também para outros clientes da Cheil Brasil. A chegada de Lima à agência, em 2018, acelerou a expansão do conceito de “creative technology” para os demais projetos. Dois cases recentes servem de exemplo. O primeiro foi desenvolvido pela rede de varejo de eletroeletrônicos Fast Shop para divulgar produtos focados no público gamer.
O projeto envolveu a realização de um evento do tipo “meet, greet and play” com influenciadores, na frente de uma das unidades da rede, no Pamplona Shopping, em São Paulo. Durante um fim de semana, cerca de quatro mil pessoas passaram por lá. O segundo trabalho foi a criação de uma skin dentro do jogo FreeFire, distribuída exclusivamente para os donos do aparelho Galaxy A, da Samsung. A campanha foi complementada por materiais de PDV, um evento “meet, greet and play” com mais influenciadores e uma ação especial de OOH instagramável. “Encontrar uma inovação tecnológica relevante para cada projeto coloca as marcas na vanguarda, na visão do consumidor”, explica Lima. “Vamos continuar buscando tecnologias com relevância”, completa. Tudo para que o encanto dos consumidores com as marcas não seja efêmero, quanto uma bela bolha de sabão.
Formatos possíveis e customização
Quem não gosta de uma roupa nova e estilosa? Afinal, ela reflete nossa personalidade e nos distingue na multidão, inclusive no mundo virtual. Que o digam os jogadores de FreeFire, o game mobile mais popular do Brasil, sempre em busca de skins para incrementar seus avatares. Pensando nisso, a Cheil Brasil desenvolveu, no fim de agosto, o primeiro case nacional de skin exclusivo para consumidores de uma marca. Para marcar a chegada da nova linha de celulares Galaxy A, da Samsung, a agência criou uma jaqueta disponível no FreeFire apenas para donos do aparelho. Para ganhar a sua, os clientes deveriam se cadastrar no Samsung Account. O lançamento foi complementado com material de PDV, um evento com influenciadores e uma ação especial de OOH instagramável. “Tivemos um resultado incrível de vendas e de awareness para o smartphone, aproveitando o grande momento do FreeFire no país”, comemora Claudio Lima, chief creative officer da Cheil Brasil.
Mundo virtual, engajamento real
No início de agosto, a Cheil Brasil conquistou a conta da Epic Games, criadora do game online mais popular do mundo, o Fortnite, jogado por mais de 200 milhões de pessoas. Trata-se de um desafio e tanto, em vários aspectos. De acordo com Bernardo Mendes, contratado recentemente para ser o gamer specialist da Cheil, o primeiro grande desafio é o próprio jogo. “Não há nada mais potente que o Fortnite no momento. É o jogo com a maior e mais engajada comunidade”, diz. Outro desafio é a velocidade com que o game lança novidades. O Fortnite segue o modelo de negócios conhecido como Game as a Service (GaaS), que se baseia na ideia de que os jogos são um serviço e, portanto, precisam ser atualizados constantemente para manter o interesse da comunidade. Mendes explica que a maioria dos jogos GaaS lançam novidades a cada uma ou duas semanas.
Esse ritmo não chega nem perto da agilidade do Fortnite, que é atualizado diariamente. “Temos um olhar muito estratégico e alinhado com o pipeline de desenvolvimento do jogo para definir o que trabalhar mais fortemente ou o que deixamos somente dentro da comunidade, tem funcionado bem”, afirma. Longe de ser um problema, esse fluxo constante de novidades representa um tremendo potencial de oportunidades para as marcas que desejam atingir o público gamer. Mendes lembra que a estratégia mais óbvia é se integrar diretamente ao jogo. Essa opção, contudo, apresenta maiores chances de sucesso, quando envolve marcas globais, como Nike, Marvel e a Samsung, principal cliente da Cheil no Brasil e no mundo.
Não é preciso, porém, ser uma gigante global para se apresentar aos consumidores via Fortnite. “O que se pode fazer, e o mercado local ainda não tem feito, é ‘comer pelas beiradas’, aproveitar o ecossistema como um todo para se comunicar com este público”, indica Mendes. Investir em equipes de gamers profissionais, eleger embaixadores da marca na comunidade gamer (como a RedBull fez com o youtuber catarinense Flakes Power) e explorar as oportunidades geradas por ligas e torneios são algumas opções para as marcas, segundo o especialista. Uma característica fascinante do Fortnite joga a favor das marcas nesse esforço para se aproximar de seus fãs. “Este é um jogo onde alguém vestido de hamburguer com a capa do Batman constrói uma torre e atira com uma bazuca em você e logo depois vai dançando até um rio para pescar. Aparentemente não faz sentido nenhum, mas faz. Este é o ambiente do Fortnite, todos aqui são aceitos, da sua própria maneira, inclusive as marcas, basta encontrar o seu próprio jeito de ser neste universo”, diz Mendes.
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