Conhecer para crescer
“Demanda atual é pela interdisciplinaridade, pelo cruzamento de perspectivas que as diferentes áreas podem oferece”, diz Débora Emm
“Demanda atual é pela interdisciplinaridade, pelo cruzamento de perspectivas que as diferentes áreas podem oferece”, diz Débora Emm
Giovana Oréfice
4 de junho de 2021 - 18h48
Em 2013, Débora Emm foi uma das selecionadas da segunda edição do projeto 30 Under 30, de Meio & Mensagem. Sua jornada na Inesplorato, empresa na qual é sócia, teve início três anos antes. Formada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP) e em Comunicação Social pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), a profissional atua há quase doze anos na curadoria de conhecimento. A Inesplorato — inexplorado, em italiano — surgiu de uma inquietude de Débora e se de dica ao diagnóstico de profissionais e empresas para explorar conteúdos relacionados a eles e, assim, elaborar e criar insights relevantes. O desafio de encurtar a distância entre pessoas ou empresas e o conhecimento que pode transformá-las se mantém, sobretudo, na era em que a tecnologia é fator determinante na aceleração da troca de informações.
Meio & Mensagem — Qual é o papel da curadoria de conhecimento para o desenvolvimento da carreira profissional?
Débora Emm — Os perigos e os problemas relacionados ao excesso de informação estão ficando cada vez mais evidentes. Até o começo dos anos 2000, a sociedade ainda estava encantada com as oportunidades que a internet nos oferecia ao aumentar a produção e distribuição de informações. Com o passar do tempo, fomos descobrindo que o aumento absurdo de escala criou um labirinto extremamente complexo, onde é muito fácil nos per der. Neste contexto, o cuidado com a nossa relação com o universo informacional é uma questão de sobrevivência, tanto como cidadãos e quanto como profissionais de qual quer área. É importante ressaltar que a curadoria de conhecimento não é sinônimo de filtro, mas, sim, de um método que envolve desde ganho de consciência de necessidades de conhecimento, elaboração de informações até criação de experiências de aprendizagem.
M&M — E, atualmente, qual é o peso da tecnologia no trabalho da Inesplorato?
Débora — Nosso trabalho só é possível pelos diferentes meios que usamos para acessar, organizar e armazenar informações. E, claro, me diante a pandemia, tudo o que fazemos passou a acontecer à distância, o que era incabível pensar dois anos atrás. Nosso atual desafio é usar cada vez mais tecnologia no processa mento e elaboração de dados. Em 2020, fizemos alguns projetos aliando nosso raciocínio analógico a uma base de dados gigantesca sobre as cidades brasileiras. Nesses projetos identificamos as cidades mais influentes do Brasil na disseminação de comportamentos, algo que vale ouro para nossos clientes.
M&M — A pandemia aumentou esforços na curadoria por conta do excesso de informações com as quais nos deparamos diariamente?
Débora — Sim! A pandemia escancarou a urgência do investimento na curadoria de conhecimento para lidar com a efervescência e a instabilidade do mundo. Nada é definitivo, tudo está em processo de transformação a todo momento e, agora, podemos sentir diariamente os impactos desse fluxo constante de incertezas. Desde o começo da pandemia, sentimos o aumento da demanda por nossos projetos para o entendimento do furacão que estamos enfrentando. Esse é um processo sem volta. Quem ainda não tinha entendido que os riscos de se perder no caos informacional são muito grandes, agora corre atrás do prejuízo.
M&M — Quais são as principais necessidades de jovens talentos e negócios em termos de curadoria de conhecimento?
Débora — Para jovens talentos o desafio maior está na compreensão de que é preciso investir tempo para processar informações e transformá-las em conhecimento. Tempo para pesquisar, analisar, elaborar… um processo desconfortável que exige, inclusive, tempos sem consumo de novas informações. Este desafio, de certa forma, também é dos mais latentes para as empresas. Na pressão dos resultados de curto prazo, cronogramas insanos atropelam o pensar e geram ações equivocadas que poderiam ser evitadas com um pouco mais de tempo de estudo e profundidade. Na Inesplorato, o que temos percebido como necessidade latente no mercado, tanto para jovens talentos como para negócios como um todo, é a busca pela evolução da nossa humanidade. Há 11 anos começamos a fazer curadoria de conhecimento oferecendo aos nossos primeiros clientes a oportunidade de estudar o machismo e suas manifestações na comunicação de marcas. Naquela época, poucos deram espaço para um tema como este. Hoje, ainda bem, isso mudou! Já é bem mais evidente que devemos melhorar enquanto sociedade e que isso passa pelo mundo do trabalho. Inteligência social começa com o cuidado com nosso repertório e essa é uma busca crescente.
M&M — Quais são as áreas de conhecimento mais demandadas por profissionais e empresas atualmente?
Débora — A demanda atual é pela interdisciplinaridade, pelo cruzamento de perspectivas que as diferentes áreas podem oferecer.
M&M — Quais são os principais impactos da metodologia e dos diagnósticos da Inesplorato na atuação de empresas e profissionais?
Débora — Criamos o método de curadoria de conhecimento para colaborar com a evolução humana. A cada projeto realizado, vemos isso acontecer na prática. Por exemplo, ao trabalhar com roteiristas de histórias infantis, colaboramos para que personagens que influenciam crianças brasileiras sejam mais diversas, falando a língua de um tempo que não aceita mais o racismo, o machismo, o capacitismo e a LGBTfobia. Ao ampliar a visão de nossos clientes sobre a realidade do Brasil para além do que acontece nas ruas de São Paulo, facilitamos a criação de estratégias muito mais certeiras para o desenvolvimento das cidades do interior do País. E, claro, tudo isso sempre aliado a melhoria dos resultados de negócio das empresas que atendemos, que passam a inovar com mais relevância.
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