Uma visão mais humana para as novas tecnologias

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Opinião

Uma visão mais humana para as novas tecnologias

Não é possível mais desassociar o uso e desenvolvimento de novas tecnologias do lado social, e até mesmo político, porque no mundo em que vivemos está tudo cada vez mais associado e gerando ações e consequências para os dois lados


9 de novembro de 2022 - 17h36

Participar de um festival ao longo de quatro dias intensos como o Web Summit, diante de tantos assuntos pertinentes sendo apresentados, é uma excelente oportunidade para refletir sobre novas formas de identificar soluções no mundo tecnológico tão volátil em que vivemos. Para profissionais da área de comunicação e marketing, como eu, o evento traz também uma provocação sobre o papel protagonista das relações humanas no desenvolvimento de novas tecnologias e como podemos promover uma visão mais diversificada e conectada ao social.

O interessante de todo grande evento sobre inovação é a presença cada vez mais relevante de pautas que debatem sobre a importância das relações humanas, do propósito aplicado aos negócios, da diversidade e até mesmo da comunicação e do marketing mais humanizados nesse novo cenário mais conectado, mas também mais polarizado.

No Web Summit, a inovação tecnológica continua a assumir o seu papel protagonista, mas vimos que não é possível mais desassociar o uso e desenvolvimento de novas tecnologias do lado social, e até mesmo político, porque no mundo em que vivemos está tudo cada vez mais associado e gerando ações e consequências para os dois lados.

O discurso sobre o papel social e humano das empresas nativas digitais presentes no evento, tanto as big techs quanto as startups, apontou para uma preocupação crescente em encontrar novas soluções para os problemas atuais, sem deixar de lado as questões humanas, que podem ser simplificadas e facilitadas por meio de soluções tecnológicas. O mesmo pode ser visto por parte das grandes e tradicionais empresas de setores diversos, que estavam presentes por meio de estandes de expositores, como o caso da Shell, que mostrou sua frente de inovação aberta e como tem priorizado o desenvolvimento de ações com foco em sustentabilidade, utilizando a tecnologia para o bem social e ambiental.

Durante o evento pude observar o quanto as pautas sociais e políticas estão direcionando a inovação, e o movimento oposto também ocorre. O cenário atual da Ucrânia, por exemplo, foi endossado na fala de diversos palestrantes, contando, inclusive, com uma apresentação da primeira-dama do país, Olena Zelenska, sobre os desafios que o país enfrenta no momento. O fundador do Web Summit, o irlandês Paddy Cosgrave, reforçou o discurso em sua fala ao convidar Zelenska ao palco, questionando como seu país de origem e os demais poderiam contribuir efetivamente para que essa situação se resolva.

Os painéis que contaram com a participação de executivos de comunicação e marketing abordaram os novos desafios que as empresas estão enfrentando para encontrar novas formas de oferecer soluções ao mercado, ao mesmo tempo que geram valor para seus clientes e, em especial, as novas gerações, que são mais conectadas, engajadas e exigentes sobre a responsabilidade social e ambiental das empresas.

A pauta sobre diversidade também tem sido constante nos grandes eventos de inovação. Nesta edição do Web Summit não foi diferente. E o tema foi acalorado por situações espontâneas que ocorreram durante os debates no palco principal. O mais comentado deles, quando Martin Sorrell, ex-CEO da WPP, maior grupo global de comunicação, cortou a fala da mediadora do painel algumas vezes seguidas e foi surpreendido por ela com um pedido para que não a interrompesse. Um caso típico de mansplaining, mas dessa vez ao vivo para milhares de pessoas de todo o mundo.

Um consenso no discurso apresentado tanto nos painéis quanto nos estandes de expositores foi o fato de não podermos mais dissociar tecnologia de questões sociais e de impacto ambiental. Isso inclui também a importância da área de tecnologia para inovar não somente na tecnologia em si, mas em todos os aspectos que permeiam a inovação tecnológica, de forma que seja mais empática e gere impacto positivo na vida humana.

A lição que fica após o evento é analisar o que cabe a nós, profissionais de comunicação e marketing, como influenciar positivamente nesse novo cenário mais acessível, inclusivo e diverso para que as empresas onde atuamos ou com as quais fazemos negócios tragam cada vez mais esses temas não somente para a pauta, mas principalmente para a prática.

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