Criadoras das margens: mulheres que desbravam caminhos pelas periferias 

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Criadoras das margens: mulheres que desbravam caminhos pelas periferias 

Empreendedoras fazem lista de mulheres para mostrar que é possível criar fora dos centros de poder


24 de abril de 2024 - 14h23

No palco da mais recente edição do Web Summit Rio de Janeiro, em abril de 2024, três mulheres se juntaram para falar sobre criatividade a partir das margens: Mayara Penina, jornalista cofundadora do projeto Nós Mulheres da Periferia, Carla Lemos, criadora de conteúdo e fundadora do blog de moda e beleza Modices, e Thaís Fabris, criadora da consultoria 65|10. 

“Há 9 anos, a 65|10 trabalha construindo pontes entre o mundo corporativo e mulheres que criam à margem desses centros de poder. Ao sermos convidadas a ocupar o palco do Web Summit, vimos uma boa oportunidade de apresentar as mulheres que fazem parte da nossa rede para mais pessoas e fazer o convite para que cada um que acessar essa lista puxe uma mulher da margem para o centro”, disse Thais Fabris na ocasião. 

Aproveitando o ensejo, as empreendedoras criaram uma lista de 10 mulheres que criam a partir das margens dos centros de poder e do dinheiro. Do jornalismo à moda, passando pelo ativismo e a arte, essas mulheres desbravam novos caminhos e desafiam o status quo. Confira.

Andreza Maia 

(Crédito: Divulgação)

Andreza é cofundadora e diretora de influência da Futuros Possíveis, um laboratório de inteligência sobre futuros. Ela é especialista em inovação inclusiva, LinkedIn Top Voice, palestrante e influenciadora corporativa, sendo uma voz importante sobre ESG no Brasil. 

“Meu objetivo é discutir realidades, questionar futuros e encurtar distâncias através do conhecimento”, afirma. 

Clariza Rosa 

(Crédito: Divulgação)

Sócia e cofundadora da Silva, agência de comunicação e produtora audiovisual que tem como compromisso retratar o Brasil real, Clariza é estrategista e comunicadora, já trabalhou para algumas das maiores marcas nacionais e internacionais, além de ser uma articuladora em prol da equidade racial e justiça social. 

“Meu processo está em olhar para o que eu acredito que tem que mudar. Quase tudo que eu discordo me mobiliza a criar algo novo a partir das crenças para o mundo”, diz. 

Thuane 

(Crédito: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Favelada, evangélica, da Baixada Fluminense e estudante de direito, Thuane é diretora da Perifa Connection, plataforma de disputa de narrativas sobre as periferias brasileiras por meio da comunicação, formação e articulação política. Thux, como também é conhecida, viaja o mundo representando a voz da favela. 

Thais Iroko   

(Crédito: Reprodução/Nós, Mulheres da Periferia)

Uma das artistas plásticas mais promissoras da cena Rio de Janeiro, Thais tem peças nas exposições “Funk: Um grito de ousadia e liberdade” e “Mulheres Abolicionistas”, no Museu de Arte do Rio. 

Desiree Giusti  

(Crédito: Reprodução/Instagram)

Comunicadora e fotógrafa, é fundadora de duas agências: a Yna comunicação, criada para atuar para a Amazônia; e a Eleita, primeira agência especializada em comunicação com perspectiva de gênero do Norte do Brasil. Desiree trabalha para gerar, a partir da comunicação, conexões e engajamento para as causas sociais e ambientais da Amazônia. 

“Meu trabalho segue um curso que deságua na comunicação como instrumento de diálogo e mobilização em prol de causas que acredito e defendo. Atuo como estrategista e campaigner para que a Amazônia seja o centro, e os amazônidas reconhecidos como donos de suas vozes. E também para que mais mulheres ocupem espaços de poder: as mães, as pretas, as trans, as lésbicas”, relata. 

Heloísa Rocha 

(Crédito: Reprodução/X)

Com atuação na área de comunicação e planejamento estratégico, Helô descobriu que a criatividade não é um talento de poucos, mas uma ferramenta que vem de fábrica. Criou, em Brasília, o Co-Piloto, um dos coworking pioneiros voltados à economia criativa. Ela é coautora, produtora e apresentadora do podcast “Ossobuco – Histórias que reverberam” e uma das pioneiras em bordado sashiko no Brasil. Suas manualidades podem ser vistas no perfil @manufaturah. 

“A gente começa a envelhecer no momento em que nasce, mas a verdade é que existe uma idade em que você começa a ficar invisível e a não se sentir representada até mesmo naqueles lugares que se sentia bem até ontem. Para as mulheres isso é muito mais real e perceptível. Para mim, tomar consciência disso, resolver falar sobre e encarar essa nova muralha foi o jeito de seguir em frente e fingir que não escutava a pergunta ‘mas você não é muito velha para isso?’”, afirma. 

Karla Brights 

(Crédito: Reprodução/Instagram)

Uma das melhores fotógrafas de moda do Brasil, Karla Brights tem um olho no estilo e outro no respeito à diversidade de quem ela retrata. Com trabalhos para grandes publicações como a Vogue e O Globo, e para marcas como O Boticário, Quem disse, Berenice e Jack Daniels, ela tem a mesma sensibilidade para retratar mulheres anônimas e algumas das maiores celebridades brasileiras. 

“Nos colocar como os agentes da mudança de um imaginário é não ter mais que esperar por permissões do topo da pirâmide para expressar o que é belo para nós. Somos aqueles por quem estávamos esperando”, diz. 

Rapha Kennedy 

(Crédito: Reprodução/Instagram)

A premiada artista visual amazônica destaca-se por sua abordagem na fotografia, com um processo poético que floresce na observação atenta de seus pares e nas ancestralidades travestis que a precederam. À frente do Ateliê TRANSmoras, ela promove a autonomia de artistas e lideranças trans do Brasil. 

“Criar a partir da margem é a possibilidade de perceber a vida de maneira mais sensível, sendo sagaz para atravessar os limites marginalizantes e materializar ao mundo as imagens que a mim são inevitáveis”, destaca. 

Beatriz Cruz 

(Crédito: Reprodução/LinkedIn)

Beatriz é escritora, multiartista e fundadora da @laemcasatatudobem, plataforma online de educação sexual que atua na prevenção de violências. Seu livro “Carro Cris” recebeu o 1º Prêmio Pretas Potências. Ministra palestras, formações e capacita familiares e profissionais com o intuito de promover a prevenção de violências sexuais infantis. 

“Falar sobre educação sexual por si só já é um desafio. Estamos num país que discrimina a educação em sexualidade e trata o assunto com extremo tabu, principalmente com as crianças. Em 2018, o tema sofreu vários ataques com fake news, e isso só piorou o cenário. Em 2020, iniciei o projeto, durante a pandemia. Lá em Casa Tá Tudo Bem é uma provocação, uma pergunta e uma proposta de que todos os lares sejam seguros para as crianças. Seguimos!”, exclama. 

Elaíze Farias e Kátia Brasil 

(Crédito: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

Elaíze e Kátia são fundadoras da agência de jornalismo independente e investigativo Amazônia Real, uma mídia sem fins lucrativos financiada pelos leitores, fundações e empresas, lida em mais de 180 países. A missão da agência é dar visibilidade às questões da região amazônica e de seu povo, abordando temas como meio ambiente, direitos humanos, crise climática e a defesa das mulheres e de pessoas LGBTQIAPN+. 

“A agência foi fundada em 2013, no Norte do Brasil. É dirigida por mulheres, uma negra e outra indígena, que enfrentaram o preconceito e o descrédito até para abrir uma conta no banco. As reportagens publicadas são exclusivas e produzidas por uma equipe de jornalistas valorosa e corajosa, que não mede esforços para fazer o jornalismo de dentro da Amazônia para o mundo”, reforçam. 

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