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Mulheres pretas e geração Z lideram empreendedorismo nas favelas, diz estudo

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Mulheres pretas e geração Z lideram empreendedorismo nas favelas, diz estudo

Pesquisa da Investe Favela indica que a necessidade de ganhar a vida, manter a família e ter independência financeira são as razões de abertura de negócio para 74% dos entrevistados


20 de outubro de 2023 - 11h32

O NÓS, Novo Outdoor Social, acaba de realizar uma pesquisa encomendada pela empresa de filantropia Investe Favela para analisar o perfil dos empreendedores nas maiores comunidades e bairros periféricos do Brasil. O estudo “Persona Favela” indica que 60% dos empreendimentos nas favelas são liderados por mulheres, e 44% dos donos de negócios são das gerações Y e Z, com idades entre 18 e 34 anos. A maioria (62%) são pessoas autodeclaradas pretas e pardas e atuam predominantemente nas regiões sudeste (37%) e nordeste (22%).

O perfil jovem dos donos de negócios nas favelas também se reflete no tempo de abertura dos empreendimentos: embora uma significativa faixa das empresas esteja aberta há mais de 5 anos (28%), boa parte tem no máximo três anos de existência (50%).

“O empreendedorismo tem um potencial de transformação muito grande para a vida dos moradores das comunidades periféricas brasileiras, e os dados da pesquisa traduzem esse cenário. As marcas precisam adaptar e sistematizar sua comunicação para esse público, em sua essência de jovens empreendedores, que podem movimentar ainda mais a economia do país se tiverem acesso a investimentos e iniciativas que dialoguem com seus perfis e realidades”, comenta Emilia Rabello, fundadora e CEO do NÓS.

Principais motivações e perfil dos negócios

Grande parte dos empreendedores das favelas têm seus negócios por necessidade, seja para manter a casa e a família ou ganhar a vida (40%). A razão não é exclusiva desse perfil, visto que também está presente em outras faixas populacionais do país. Outros fatores como a busca por independência financeira (34%) e o sonho de empreender e ser seu próprio chefe (32%) também aparecem como motivações centrais.

Sobre faturamento e segmento dos negócios, 8% dos empreendedores já ganham, em média, R$ 2 a 4 mil por mês, com empreendimentos que variam entre bares e restaurantes (10%), venda de bolos, doces e salgados (8%), lojas de roupas, acessórios e calçados (7%), serviços de cabeleireiro (7%) e estética (6%). A maioria das empresas se concentra no setor de comércio (47%), enquanto outros 39% no segmento de serviços, e 12% em indústrias de fabricação própria. Os homens são maioria no ramo do comércio, enquanto as empreendedoras mulheres estão majoritariamente nas indústrias de fabricação própria.

A maioria deles prefere pagar à vista com dinheiro (65%) ou Pix (51%), mas a compra com cartão de crédito é uma estratégia usada por 32% para o planejamento de compras, que varia entre semanal (32%), quinzenal (23%) e mensal (24%). Sobre o acesso a investimentos, a pesquisa indica que a falta de capital para iniciar ou manter o negócio é a principal dificuldade para 55% dos empreendedores. Apenas 18% dos entrevistados afirmam já ter usado crédito de instituições financeiras diversas, como Bradesco e Caixa Econômica (19%), além de fintechs como o Nubank (14%), para financiar suas operações, abrir ou expandir os negócios.

Um dos grandes desafios dos empreendedores entrevistados envolve a formalização dos negócios: 57% das empresas não têm CNPJ. O índice melhora entre o público masculino (52% têm empresas com CNPJ) e no setor de comércio e vendas (55%), enquanto o pior indicador é entre as indústrias de fabricação própria (25%). A informalidade é um desafio para o Brasil como um todo. Segundo o IBGE, são mais de 39% de trabalhadores informais no país.

Devido à dificuldade de acesso ao crédito e da manutenção dos negócios, 28% dos empreendedores contam com outra fonte de renda, como trabalho freelancer ou carteira assinada.

Impacto do empreendedorismo nas favelas

O estudo aponta que, embora a maioria dos empreendedores atue individualmente, o impacto de seus negócios ultrapassa a própria independência financeira. Para a maior faixa dos entrevistados, seus negócios impactam pelo menos 10 pessoas, e 35% dos empresários contam com ao menos 1 funcionário, incluindo, em muitos casos, integrantes da família. Empresas familiares compõem 47% dos negócios das favelas.

“O empreendedorismo feminino nas favelas brasileiras é protagonista da transformação econômica desses territórios. Considerando que esses negócios empregam e impactam positivamente pelo menos 10 pessoas, podemos dizer que o empreendedorismo nas comunidades, majoritariamente feminino, fomenta o coletivo. É como se essas mulheres fossem guardiãs do futuro do nosso país por meio da sua força de trabalho. Elas são influenciadoras, e o mercado deve olhar para elas de uma maneira muito cuidadosa e especial, diz Emilia.

A pesquisa entrevistou 875 empreendedores das maiores favelas do país nos municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife, Fortaleza, Manaus, Belém, São Luís e Brasília.

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