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Sem máscaras e fora de época, o carnaval deste ano abriu alas para um novo momento

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Opinião

Sem máscaras e fora de época, o carnaval deste ano abriu alas para um novo momento

O fim da folia marcou o início de um novo modelo de trabalho híbrido entre casa e escritório


17 de maio de 2022 - 9h07

(Crédito: Molesko Studio/ShutterStock)

Sabe aquela frase popular: “o ano no Brasil começa apenas depois do carnaval”? Pois é, há muitos anos, mesmo antes da pandemia, sinto que ela nada se aplica à nossa indústria. Fora o intervalo entre as festas de final de ano, os anos praticamente se emendam uns aos outros. Vivemos meses produtivos até janeiro e, ao final, não cabe esperar a passagem do trio elétrico e dos carros alegóricos para dar a largada no ano. 

Nestes dois últimos anos pandêmicos, no entanto, tenho a sensação de que o carnaval voltou a ocupar a posição de marcar o início de períodos em nosso calendário. Quem não está lembrado do mês de março de 2020, quando, logo após a folia, as máscaras festivas e alegres saíram de cena e, de um dia para o outro, deram lugar às máscaras cirúrgicas? 

E, assim, simbolicamente, foi o marco do início da pandemia pela qual seguimos vivendo há mais de dois anos.  

Em 2022, vi muita expectativa em torno do carnaval, mesmo atípico, no mês de abril, se repetindo. Quantas pessoas, assim como eu, esperavam por esta data como um marco para “bater o martelo” e confirmar a retomada do modelo de trabalho híbrido entre casa e escritório? Se tudo desse certo, e os números de casos continuassem em declínio, tudo estaria pronto para a volta em maio. 

Durante e após as celebrações carnavalescas, demos os primeiros sinais de que estávamos seguros para tirar as máscaras de nossos rostos! Como num rito de passagem, fornecendo esperança para um futuro mais equilibrado.   

Agora, com menos máscaras e mais sorrisos estampados, observo o nosso mercado voltar gradualmente para os escritórios, para as reuniões presenciais com os times, para os encontros com clientes, para os eventos corporativos e tantas outras atividades que nos remetem a uma vida anterior à pandemia.  

Tenho feito reflexões se o verbo correto é “voltar”, pois usá-lo pressupõe que estamos retornando ao mesmo ponto e fazendo tudo igual. Será isso mesmo?  

Nestas últimas semanas, nas quais tenho vivenciado de maneira intensa a nova rotina entre casa, escritório, reuniões e encontros pessoais com parceiros e clientes, posso afirmar, com muita certeza, que a resposta à pergunta acima é “definitivamente, não!”. A cada dia sinto que estou vivendo algo diferente. (Re)aprendendo e me (re)adaptando a situações pelas quais não passei nos últimos anos.   

Por vezes revivo sentimentos parecidos aos meses iniciais da pandemia. Relembro o quanto exercemos as nossas competências de resiliência, adaptabilidade, acolhimento, empatia, entre muitas outras. Parece que agora, quando voltamos ao convívio presencial, estamos também exercitando estas mesmas competências, e com intensidades parecidas. 

No papel de líder, continuamos, mais do que nunca, precisando compreender os diferentes contextos e sentimentos de cada um de nós. Construímos nos dois últimos anos uma rotina para dar conta de tudo em casa, organizando nossa vida neste entorno. Quase uma simbiose entre a vida doméstica e a laboral. Agora, penso que esta ruptura será difícil, mesmo que seja readequada para apenas alguns dias durante a semana, voltando ao tema do trabalho híbrido.   

Quando falamos de produtividade, tenho mais dúvidas do que certezas. Conseguiremos manter a agenda imposta via interação por telas e, ao mesmo tempo, aproveitar todos os minutos dentro de uma jornada de, no mínimo, oito horas, sem perder o foco e com intervalos entre uma reunião e outra? Como não sentir culpa quando estiver se deslocando entre um lugar e outro, e abandonar minutos ou horas que poderiam gerar uma boa e produtiva conversa online?  

O fato é que a presença física proporciona a intensidade de estar com as pessoas, no sentido de compartilhar, interagir e respirar a cultura em um mesmo ambiente. De celebrar os encontros, de decifrar a linguagem não verbal e de efetivamente cocriar.   

Reviveremos também as experiências de termos boas ideias ao encontrar colegas na área do cafezinho; de um almoço mais comprido com parceiros de negócios que traz não apenas oportunidades, mas também pode recarregar nossas energias. Ou, ainda, de como sentar-se ao lado de dois ou três colegas nos ajuda a resolver problemas sem e-mails, mensagens instantâneas ou uma agenda repleta de reuniões virtuais.   

Ainda estamos aprendendo e buscando o equilíbrio para a produtividade saudável e de qualidade, redefinindo o nosso ritmo e entendendo a melhor rotina e agenda entre a casa e o escritório. O sucesso deste modelo depende de sabermos que tipo de interação e atividade levaremos para cada um destes dois ambientes, extraindo o máximo de valor que esta flexibilidade de horários e contextos trazem para o nosso trabalho, colaboradores, clientes e negócios.  

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