Uma líder canceriana em busca de autoconhecimento profissional

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Uma líder canceriana em busca de autoconhecimento profissional

Terapia, astrologia, espiritualidade – o período pós-pandêmico me fez buscar caminhos mais holísticos para trabalhar o desenvolvimento pessoal e em meu ofício


9 de março de 2023 - 10h53

(Crédito: Shutterstock)

Faz algum tempo que tenho estado mais aberta ao processo de autoconhecimento como ferramenta profissional. Terapia, astrologia, espiritualidade – o período pós-pandêmico me fez buscar caminhos mais holísticos para trabalhar o desenvolvimento pessoal e em meu ofício. Interessante que, quando nos abrimos para olhar nossa carreira sob um espectro mais amplo, buscando conhecer mais profundamente a nossa identidade e sensibilidade, acabamos percebendo as nossas fortalezas e desafios, para além da entrega técnica.  

 Recentemente, usei uma sessão de leitura de mapa astral e movimentos dos planetas para me trazer insights sobre carreira para o ano. Me dei conta de que o meu trabalho está em muitas casas do signo de Câncer. O lugar comum diz que o canceriano é sensível, fiel, cuidadoso, um pouco dramático e muito dedicado à família. Um signo maternal regendo a vida corporativa. Será que isso é bom? 

Sem ainda chegar a uma conclusão, achei curioso ter tido acesso a esta informação em um momento tão particular da minha trajetória profissional. Atualmente, ocupo uma posição de liderança de uma operação de pouco mais de 350 pessoas. Meu maior desafio é, justamente, formar novos líderes dentro da nossa agência, a fim de garantir consistência de cultura, produto e valores. Gerir líderes não é fácil. É bastante complexo, na verdade. E precisamos falar mais sobre isso. 

Normalmente, nos preocupamos muito como desenvolver a equipe nas competências e habilidades que julgamos necessárias para que estes profissionais cresçam em suas carreiras e estejam aptos para ocupar novas posições. E, em alguns casos, possam ser potenciais sucessores. Mas será que estamos também olhando para nosso comportamento e sentimentos durante este processo? Para nosso desenvolvimento como líder do líder? Estamos acolhendo as nossas inseguranças nesta trajetória? 

 Como canceriana, posso dizer que tenho um orgulho danado ao promover uma profissional que acompanhei o desenvolvimento de perto e estou absolutamente segura de sua trilha dentro da empresa e do mercado. Mas e a sensação de superproteção? O drama de poder não estar ao lado em um momento desafiador?  

 Qual deve ser o balanço em acompanhar um líder amadurecendo sem pressionar demais? Estar presente sem ser controladora? Às vezes, me pego em uma recaída, querendo acompanhar o bê-a-bá de quem já está fazendo mestrado. Já em outros momentos, sou surpreendida por um caminho para resolver um problema que jamais ousei pensar. Orientar sem pesar, guiar sem tirar autonomia. Alguém tem esta receita de bolo? Adoraria que me enviassem pelo WhatsApp.  

 Brincadeiras à parte, sinto que precisamos falar também sobre as inseguranças da alta liderança. Não existe nada mais transformador do que reconhecer as dificuldades durante a trajetória. Seja de quem ocupa uma nova função e precisa se acomodar aos novos desafios de gestão, seja de quem orienta o líder.  

 A generosidade em estar aberto a observar, ouvir e aprender com o outro deve estar tão presente quanto a sensibilidade de entender quando a sua palavra, orientação ou gesto farão a diferença para aquela tarefa, produto ou serviço. Quando as partes abrem espaço, com respeito para uma troca justa e colaborativa, sem sobreposição de papéis, sem a vaidade mundana que às vezes teima em nos acertar, é sucesso e crescimento garantido para todos.  

 E, no final, não existe nada mais gratificante para uma canceriana em ver sua família prosperando e conquistando lugares onde ela sozinha jamais imaginou chegar. 

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