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Ativistas pressionam agências que trabalham com marcas de combustíveis

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Comunicação

Ativistas pressionam agências que trabalham com marcas de combustíveis

Na Semana do Clima, membros do grupo Clean Creatives espalham cartazes em diversos pontos de Nova York para cobrar diretamente companhias como Edelman, IPG, Ogilvy e Publicis Groupe


19 de setembro de 2023 - 16h45

Do Ad Age

O grupo de ativistas ambientais Clean Creatives está, mais uma vez, chamando a atenção de grupos e agências de publicidade que tenham, como clientes, empresas de combustíveis fósseis.

Os ativistas aproveitaram a Semana do Clima, que acontece até o próximo dia 24, em Nova York, para colocar outdoors e cartazes pela cidade dos Estados Unidos, que divulgam os nomes de agências e redes que trabalhem para esses clientes.

Os pôsteres, de acordo com o Clean Creatives, pretendem expor esses contratos e servir como cartas abertas às agências de publicidade que atendem companhias desse segmento.

As imagens mostram cenas de Nova York, do mês de junho, quando a cidade estava coberta por uma fumaça laranja, resultante de incêndios florestais que ocorriam em Quebec, no Canadá.

Duncan Meisel, diretor executivo da Clean Creative, disse que os cartazes incluem “mensagens para profissionais de publicidade que trabalham em quatro agências específicas: Edelman, McCann (Interpublic Group), Ogilvy (WPP) e Publicis Groupe”, argumentando que esses são “os piores infratores da lista.”

Segundo os ativistas, os incêndios florestais ocorridos se devem, em parte, aos trabalhos que os chefes dessas empresas fizeram para marcas de combustíveis fósseis.

Os cartazes surgem em conjunto com um novo relatório da Clean Creatives, denominado “The F-List 2023”, que lista 500 contratos globais que 294 diferentes agências, de publicidade e de PR, teriam firmado com companhias de combustíveis fósseis em 2022 e 2023.

De acordo com essa lista, o WPP é a holding com a maior quantidade desses contratos (55), seguida pelo Omnicom (39), IPG (25), Publicis Groupe (11), Dentsu (5) e Havas (5).

Esses cartazes serão colocados estrategicamente em lugares populares de Nova York, incluindo SoHo e Midtown, perto da sede de muitas das agências de publicidade. As mensagens nas ruas miram apenas as grandes holdings de publicidade, mas o relatório mostra que a agência com maior número de contratos com empresas de combustíveis fósseis é a Pitch Digital, com 22 contratos.

Segundo Meisel, a Stagwell era a única holding que não tinha contratos com empresas de combustíveis fósseis, pelo relatório. Três agências da Stagwell estão entre as 730 empresas que assumiram, junto a Clean Creatives, o compromisso de não trabalhar com clientes da área de combustíveis fósseis.

Segundo o relatório, a Ogilvy foi a rede de agencias com a maior quantidade de contratos com clientes de combustíveis fósseis (sete), que incluem American Petroleum Institute, BP e Petrobras.

Entre as agências da lista da Clean Creatives que têm, pelo menos, seis contratos com empresas do segmento incluem OMD, Hill + Knowlton, DDB e IPG Mediabrands.

No cartaz direcionado à Edelman, por exemplo, os ativistas chamam a atenção dos nova-iorquinos que trabalham na agência e dizem que, embora todos precisem se preocupar com os incêndios florestais, os empregadores da empresa trabalham para companhias como Shell, Abu Dhabi National Oil Company, TotalEnergies e outras que, segundo eles, “estão causando esses estragos.”

A Edelman tem sido alvo de outras campanhas da Clean Creatives, incluindo uma realizada em Cannes, em junho deste ano, quando ativistas aproveitaram o festival para pressionar o CEO da companhia, Richard Edelman, por conta dos trabalhos com clientes de combustíveis fósseis.

A Edelman também é muito questionada pelos ativistas porque, no início de 2022, a companhia declarou que não trabalharia mais com clientes que não aderissem a seus princípios e diretrizes sociais, ambientais e de governança, mas manteve os contratos com empresas como Shell.

Apesar do teor das mensagens, Meisel disse que a proposta não é apontar o dedo para as agencias e sim encorajá-las a avaliar a rescisão desses contratos.

Todos os cartazes criados pelo grupo ativista terminam com essa mensagem, direcionada aos funcionários das agências: “A culpa não é sua. Mas você pode consertar isso e nós podemos ajudar”.

O que dizem as agências sobre a campanha dos ativistas do clima?

A reportagem de Ad Age entrou em contato com as agências e holdings citadas pela Celan Creatives assim que a instalação dos cartazes foi anunciada.

“Um número pequeno de agências do IPG cria marketing para companhias que fazem uso intensivo de carbono e que são clientes já há algum tempo. Em 2022, começamos a analisar proativamente os impactos climáticos dos potenciais novos clientes que operam em setores como petróleo, energia e serviços públicos antes de aceitar novos trabalhos. Desde então, e como resultado dessa política, recusamos, em diversas ocasiões, potenciais novas oportunidades de negócios”, declarou o IPG.

A Havas afirmou que “investe no apoio a todas as empresas em suas comunicações, desde que elas estejam envolvidas ativamente em jornadas de transformação. Nosso objetivo é envolver nossos clientes, talentos e fornecedores em uma abordagem responsável de comunicação e elevar os padrões da profissão.”

A empresa, ainda, compartilhou detalhes de seus esforços, que incluem treinamento obrigatório a funcionários sobre formas de “detectar e evitar o greenwashing, priorizar ações de baixo impacto de carbono e entender o impacto de seu trabalho no comportamento de consumo”.

O Omnicom recusou-se a comentar. A Edelman declinou de falar sobre essa campanha, mas destacou que incorporou princípios climáticos no processo de aceitação dos clientes, tendo interrompido trabalhos com outros que não seguiam seus padrões.

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