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Cannes admite plano de venda

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Comunicação

Cannes admite plano de venda

Philip Thomas reconhece, pela primeira vez, que plano da Top Right Group é agigantar festival para vendê-lo


1 de abril de 2013 - 2h39

 Você acha que o Festival de Criatividade de Cannes ficou muito inchado? Pois saiba que a missão do CEO Philip Thomas de fazer o festival crescer está diretamente ligada à venda futura do evento. “Nosso dono é um fundo de private equity (Apax) que tem como missão vender ativos no momento certo. Então, seguramente, eles irão vender Cannes. Não tenho ideia de quando eles irão fazer isso, mas cedo ou tarde seremos negociados”, confirma, pela primeira vez, o executivo. O Apax detém 70% da Top Right Group, empresa que comanda o festival. Os outros 30% são da Guardian Media Group.

Com essa confirmação, pode-se compreender o contexto da estratégia de agigantamento do festival, que ganhou força desde 2009. “Em parte por causa da crise, e em outra parte pelas mudanças do mercado, decidimos abrir espaço para outros segmentos, como os anunciantes, que já representam 25% do total de delegados”, aponta Philip Thomas, CEO do festival. “O grande desafio foi manter o coração do evento, que é a criatividade. Foi isso que fizemos nesse período”, diz.

Naquele ano, com apenas 22 mil peças de 86 países e 6 mil delegados, Cannes foi bem menor do que em 2008, quando teve 28 mil peças, 20% a mais, e quase 10 mil pessoas. As categorias mais tradicionais e que representam o coração do festival, Film e Press, apresentavam uma queda de interesse ainda mais vertiginosa: recuos de 25% e 32% respectivamente. O Brasil, um dos três principais mercados, foi para a Riviera com apenas 1519 trabalhos inscritos, uma queda de 38%.

Com esses números, não teve jeito: a crise afetou Cannes e os negócios da Emap, atualmente Top Right Group.

Um salto no tempo no leva para 2012, quando os números dizem o quanto se caminhou e o quanto ainda se precisa evoluir. Como se sabe, o festival atingiu outro patamar. Thomas não revela o crescimento da receita, mas diz que é uma relação entre o aumento de inscrições (de 54% no período) e o de delegados (alta de 83%). Um número como 60% em três anos, portanto, pode ser até considerado uma estimativa baixa.

Onde melhorar

O total de 34,3 mil trabalhos de 2012 traz um detalhe interessante: as peças foram inscritas por 87 países, apenas um a mais do que no trágico ano de 2009. Assim, ampliar o número de nacionalidades no festival é uma das principais metas de Thomas para os próximos anos. “Queremos abraçar novos países, especialmente da África e ter mais inscrições de lugares como a China. Todos eles precisam se sentir bem-vindos em Cannes”, diz.

Outro sinal de alerta: pode-se concluir, seguramente, que o crescimento de delegados para os 11 mil de 2012 foi vitaminado por novos públicos, porque dentre os profissionais de agências, a participação não evoluiu e tende a se estabilizar. Por isso, atrair gente “de fora” é tão fundamental para a sobrevida do festival.

Tome-se o exemplo dos anunciantes: em 2009, a proporção de clientes foi de 15% o que, do total de 6 mil, corresponde a cerca de 900 pessoas. Três anos depois, a proporção saltou para 25%, o que significa 3 mil pessoas.

O problema é que a diferença substancial no caso dos anunciantes está longe de acontecer em outros segmentos que já estão representados por categorias em Cannes, como relações públicas e design. Eles ainda não “abraçaram” o evento. Este, portanto, é outro grande desafio. “Precisamos receber novos públicos, sejam eles designers, relações públicas, de bureaus de mídia ou digital. Precisamos de uma estratégia de ter as conferências mais adequadas e os júris mais corretos. O festival tem que se tornar mais relevante e imperdível para mais pessoas”, reconhece Thomas.

Mas ao mesmo tempo em que busca estabelecer um maior interesse desses segmentos já representados e não presentes, o executivo já conversa com outros que ainda não estão sequer representados. Thomas teve reuniões com grandes líderes do mercado de healthcare, a próxima grande área de interesse de Cannes. “As empresas desse setor, que é maior do que podemos imaginar, ainda não vão a Cannes e não fazem uma publicidade criativa. Mas eles dizem que querem começar a fazer. Por isso, há um interesse mútuo e queremos encorajá-los a vir”, diz Thomas. Outros segmentos ainda não presentes e que estão na lista de reuniões do executivo são as empresas de tecnologia –neste ano Cannes lança a categoria Innovation Lions, voltada para soluções tecnológicas que possibilitam ideias criativas –, empreendedores do mercado digital e startups.

Outra baliza de crescimento para os próximos anos é a educação. “Há cinco anos tivemos apenas uma academia, a Roger Hatchuel, que busca futuros talentos para o mercado publicitário”, relembra Thomas. “Em 2013, teremos oito cursos, para treinar tanto profissionais de criação, quanto estudantes, atendimentos e anunciantes. Nós aproveitamos a oportunidade de que Cannes é o lugar perfeito para isso, porque há muito conteúdo e todas as pessoas estão lá”, afirma.

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