Carnafacul: império elétrico e universitário
Evento que ocorre no sábado 18 é apenas parte dos negócios de seu proprietário, que domina segmento de trios elétricos e festas universitárias
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Meio & Mensagem
17 de maio de 2013 - 5h10
Na tarde deste sábado 18, a Arena Anhembi, em São Paulo, receberá um exército de 40 mil pessoas – a maioria composta por jovens universitários – ávidas por correr atrás de trios elétricos comandados por artistas como MC Naldo, Banda Eva e a dupla Fernando e Sorocaba. Os ingressos variam entre R$ 50 e R$ 170.
O evento permitiu que seu criador, Marcello Borgeth, dono da MB Produções, erigisse um pequeno império dedicado ao entretenimento de universitários e fãs de gêneros musicais populares. Aos 44 anos, ele detém uma frota de trios elétricos que inclui o Demolidor Y (modelo criado especialmente para atender os anseios da cantora Ivete Sangalo e avaliado em R$ 3 milhões, investidos numa estrutura sobre rodas que inclui quatro banheiros, dois geradores e um sistema de som de ponta). Outros três veículos atendem exclusivamente à Ambev e foram criados por Borgeth e sua equipe: são trios em formato de lata (dois) e cerveja que podem ser adesivados com a identidade de qualquer uma das marcas da empresa de bebidas.
Além disso, o empresário mantém uma agência de ativação voltada ao público jovem, a Passaporte Universitário. Ela estreita a relação com os centros acadêmicos e agremiações atléticas de universidades para realizar ações promocionais dentro das instituições.
Início acidental
A entrada de Borgeth neste mercado foi quase acidental. Com 19 anos, começou a trabalhar como executivo comercial de rádios. Com o tempo, migrou para dentro dos estúdios e comandou programas em rádios como América, Globo AM e Apolo. “Como algumas das rádios eram locais, eu precisava ficar conhecido nessas regiões e ia para a rua buscar a audiência”, relembra. Para tanto, transformou um caminhão baú num carro-palco com caixas de som e organizava pequenas apresentações em bairros afastados.
O meio para atrair ouvintes virou negócio paralelo: Borgeth chegou a ter três caminhões improvisados. Em seguida, comprou uma carreta e decidiu que era hora de ir atrás de grandes artistas. A primeira proposta foi feita a Ivete Sangalo, que estava em São Paulo para uma apresentação no extinto Olimpia. “Erei pelos fundos e disse que tinha um trio tão bom quanto os da Bahia”. Ivete disse que topava testar – desde que seu técnico de som, Carlos Correa, aprovasse o equipamento. “Ele disse que nunca tinha visto um caminhão tão bem construído, mas condenou todo o sistema de som – e fui obrigado a trocar tudo”, diz Borgeth.
Ivete levou cerca de três anos até usar os serviços de Borgeth, período que o empresário entrou no Carnaval de Salvador. A primeira aparição, em 1998, foi carregando um trio da Fiocruz que distribuía preservativos, o Trio da Camisinha. No ano seguinte, foi a vez de pais de santo e representantes de outras religiões subirem num de seus veículos – o “Trio da Purificação”, que abre o Carnaval baiano. Nos quatro anos seguintes, Terrasamba, Harmonia do Samba e Jammil subiram nos caminhões e a MB se firmou como fornecedora de trios para toda sorte de eventos.
Da Faap para todo mundo
Data desse período a criação do primeiro Demolidor, que atendia a bandas mais bem-sucedidas como as citadas acima. Em paralelo, em 2000, Borgeth foi contratado para fornecer trios para uma festa organizada por alunos da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), o Carnafaap. Tudo deveria correr bem, afora o fato de que os estudantes decidiram fechar um espaço público (a Praça Charles Miller, no Pacaembu), cobrar ingresso – e conseguiram reunir quatro mil pessoas. A ilegalidade da proposta e o tumulto causado pelo evento levaram a instituição a intervir. Dali em diante, os Carnafaaps deveriam ser realizados num lugar apropriado e dentro da legalidade. “Vimos ali que era algo com grande potencial para atrair patrocinadores, porque reunia muita gente bonita”, afirma o empresário. “A cada edição, nos anos seguintes, o público dobrava.”
Até 2003, a Faap se associava ao evento – mas o abandonou quando cresceu demais. Em 2004, nascia o Carnafacul, voltado ao público universitário e não mais apenas aos alunos de uma instituição. Todos os anos, entre 40 mil e 50 mil pessoas se reúnem no Anhembi e Borgeth fatura alto: embora não revele valores arrecadados com exploração de bares e o total arrecadado com a venda de ingressos, os valores das cotas de patrocínio indicam se tratar de um negócio rentável. Para uma marca se associar ao evento, o patrocínio varia entre R$ 50 mil (ação de distribuição de produtos) a R$ 500 mil (cota principal). Desde 2009, Borgeth franqueia a marca Carnafacul – e recebe participação nos lucros das outras 20 edições realizadas pelo País. Assim como os frequentadores da micareta, Borgeth parece ter muito a festejar.
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