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Comunicação

Fabio Fernandes: “a criação é a resistência”

As dicas do presidente e diretor de criação da F/Nazca S&S para os publicitários


3 de setembro de 2012 - 8h00

Fabio Fernandes, presidente e diretor de criação da F/Nazca S&S, foi uma das principais atrações do primeiro dia do Festival do Clube de Criação de São Paulo, que termina nesta segunda-feira, 3, no Memorial da América Latina. Ele falou sobre o trato com mentes criativas dentro da agência, abordou as dificuldades da profissão e deu dicas para a plateia.

O primeiro conselho foi não andar pelo caminho mais fácil, que, na opinião dele, é o mais curto para ganhar dinheiro: fazer propaganda ruim. “A propaganda ruim é aquela que antecipa a imbecilidade das pessoas. O publicitário cria uma campanha horrorosa, que ele mesmo não gosta, achando que as pessoas vão gostar”, criticou. Segundo ele, no cotidiano de uma agência é fácil acatar as ordens do cliente e dos publicitários mais antigos, o difícil é sugerir – o que, no final das contas, acaba sendo o diferencial de cada profissional.

“A criação é a única área que tem a possibilidade de dar manutenção à originalidade”, frisou. Apesar de todos os outros profissionais serem peças fundamentais no desenvolvimento de um projeto, Fernandes acredita que a criação é a resistência. Além de ser o único ativo que pode fazer melhorar a relação entre a agência e o anunciante. Para ele, o cliente tem que entender que a pesquisa é fundamental, mas não deve ser definitiva. “A pesquisa lê confortos e desconfortos. As grandes tendências e modas, provavelmente quando perguntadas, eram desconfortáveis”, opinou. Ele deu o exemplo das calças jeans rasgadas, moda que se perguntada antes da fabricação seria recriminada, mas depois de criada virou tendência.

Fernandes ressaltou as diferenças de produção entre artesanato e fábrica, como uma peculiaridade da F/Nazca S&S. Atenção aos pequenos detalhes é o que ele chama de artesanato. Enquanto a produção em série seria a fábrica, como, por exemplo, o uso de personalidades como Luciano Huck em comerciais.

Outra critica foi a utilização da estética tradicional das campanhas de varejo, que, pare ele, empobrecem a propaganda. “O Brasil está varejando o que não é para varejar. Grandes marcas, com índices altos de credibilidade se comunicando como uma qualquer.”

Sobre a questão de anúncios fantasmas, Fernandes confessou que já fez no passado, mas considera que a prática passou de todos os limites. “O Festival de Cannes foi criado para avaliar o que foi feito na propaganda, não o que poderia ter sido feito. O bom é ganhar Leões com aquilo que todos viram e não com o que ninguém viu”, disse.
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