Como a Amazon afetou o e-commerce brasileiro
A possível chegada definitiva da varejista ao País fez com que vários sites se adaptassem e investissem em estratégias de marketplace
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Luiz Gustavo Pacete
12 de julho de 2017 - 7h23
Nos últimos dois dias, a Amazon realizou um dos eventos mais esperados pelos fãs de livro no Brasil e de consumidores de outros produtos no mundo, o Prime Day, promoção em que produtos chegam a ser vendidos com até 90% de desconto. Focada apenas em livros físicos e digitais e dispositivos de leitura por aqui, a empresa, com frequência, precisa responder por qual motivo não se instalou de forma definitiva no Brasil vendendo outros produtos.
Em entrevista ao Meio & Mensagem, no ano passado, Alex Szapiro, presidente da Amazon Brasil, afirmou que não há uma definição concreta sobre a entrada da plataforma no País com outras categorias de produtos. “O que aprendemos muito com o mercado brasileiro é que o nível de serviço aqui é baixo. Toda vez que cumprimos essa missão, que para nós é básica, o cliente se surpreende porque sua expectativa é baixa, não porque nosso padrão seja diferente”, disse Szapiro.
No dia 19 de junho, um relatório do BTG Pactual apontou que a Amazon se preparava para aumentar sua oferta de novos produtos no Brasil no curto prazo. Algo que, se ocorresse, mudaria radicalmente a dinâmica do e-commerce brasileiro, haja vista que, mesmo a empresa não operando aqui além dos livros, vários consumidores brasileiros já são assinantes do serviço Amazon Prime. Naquela semana, as eventuais concorrentes da Amazon listadas na B3 tiveram perdas. As ações da B2W, por exemplo, chegaram a cair 3%, as das Lojas Americanas tiveram queda de 2% e as do Magazine Luiza recuaram 4,3%.
Sobre o fato de essa previsão da BTG ser possível, os especialistas do mercado preferem não arriscar mais uma vez. O que é certo é que, mesmo estando no Brasil apenas com livros, a empresa alterou de forma significativa a dinâmica do e-commerce brasileiro. “Desde 2011, o mercado já vem se adaptando para uma eventual chegada definitiva da Amazon. Várias lojas ampliaram seus modelos para marketplace inaugurando e ampliando rapidamente este conceito. Claro que não podemos menosprezar a capacidade de investimento, inovação e execução da Amazon que tirou do conforto muitos varejistas tradicionais, principalmente nos Estados Unidos”, diz Pedro Guasti, especialista em e-commerce da e-bit.
Guasti explica que faz sentido que a empresa expanda seu modelo no Brasil da mesma forma que atua de forma completa em diversos países. “Não irão ficar restritos apenas à venda de livros físicos, digitais e dispositivo de leitura de livros digitais”, observa. Apesar do potencial da Amazon, no Brasil a dinâmica é diferente e pode ser a explicação pelo qual ela demorou tanto para chegar. “Operar no Brasil significa complexidade tributária, infraestrutura de estradas e aeroportos ainda precários, custo Brasil elevado e especificidades locais bem diferentes do que geralmente se encontra em outros países”, diz Guasti. O e-commerce brasileiro movimentou R$ 53,4 bilhões no ano passado, alta de 11% em relação ao ano anterior.
Sérgio Lage Carvalho, professor e coordenador do Master de Gestão da experiência do Consumidor da ESPM, explica que nos EUA a Amazon investe em cada vez maiores fatias do mercado pela sua estratégia de aceitar margens de lucros menores e concorrer em entregas rápidas e preços competitivos. “Como aconteceu recentemente na compra da Whole Foods, a Amazon estaria se fortalecendo em um setor que ela ainda não domina, mas para onde ela pode levar seu modelo de entregas rápidas, um novo canal para seus produtos e marcas próprias”, diz Lage.
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