Declarações de CEOs que pegaram mal
Na Índia, Snapchat enfrenta boicote após suposta fala de Evan Spiegel de que o aplicativo não é para países pobres
Na Índia, Snapchat enfrenta boicote após suposta fala de Evan Spiegel de que o aplicativo não é para países pobres
Luiz Gustavo Pacete
19 de abril de 2017 - 9h06
Uma suposta declaração de Evan Spiegel, CEO do Snapchat, deu início a um boicote do aplicativo na Índia. De acordo com um ex-funcionário da empresa, Anthony Pompliano, Spiegel teria dito, após ouvir sugestões de que o Snapchat deveria investir em países como Espanha e Índia, que o aplicativo é para mercados ricos, o que não era o caso de Índia e Espanha. Em nota, a Snap Inc, dona do Snapchat, afirmou que as alegações de Pompliano não são verdadeiras e não fazem sentido.
Valdeci Verdelho, da Verdelho Associados, explica que a situação do CEO na Snapchat não é diferente do que enfrentou a ex-diretora de comunicação InterActive, Justine Sacco, em 2013, após um tuíte infeliz. “Estou indo para a África. Espero não pegar Aids. Brincadeira. Eu sou branca’”. “A manifestação ofensiva e preconceituosa custou o emprego a Justine antes de concluir a viagem e, praticamente, acabou com sua carreira. Ocorrências como estas são frequentes e vão se repetir enquanto os executivos não levarem a sério as mudanças em curso na sociedade. Este é o tipo de situação para o qual, antes de um guia de prevenção de crise, recomenda-se um manual de boas maneiras diante da diversidade que se impõe e não tolera mais determinados comportamentos do passado”, diz Verdelho.
Por diversas vezes, declarações ou ações de executivos, acabam prejudicando a reputação de algumas marcas. Veja algumas delas:
A crise da United
O caso mais recente envolve Oscar Muñoz, CEO da United, que, na semana passada, protagonizou uma de suas maiores crises de imagem. Muñoz virou alvo de concorrentes como a Emirates que lembraram quando ele disse que companhias aéreas do golfo careciam de reputação.
O papelão do Uber
Em fevereiro, um vídeo de Travis Kalanick, CEO do Uber, repercutiu mostrando quando ele aparece discutindo com um motorista do seu próprio aplicativo. O caso causou mal-estar e agravou outras crises envolvendo a empresa que já havia sido alvo de criticas após ter baixado suas tarifas enquanto taxistas de Nova York lideravam um boicote a Trump.
Quem não tem Ferrari compra Lamborghini
Conhecido por suas declarações polêmicas, Sergio Marchionne, CEO da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), deu uma entrevista, no ano passado, à revista Car Magazine afirmando que algumas pessoas compram Lamborghini por não conseguir ter uma Ferrari.
Under Armour perto de Donald Trump
Em fevereiro deste ano, o CEO da Under Armour, Kevin Plank, deu uma entrevista ao canal CNBC onde elogiou o governo de Donald Trump. Sua fala gerou uma série de reclamações e convites para que consumidores boicotassem a marca. “Ele quer construir coisas, quer tomar decisões sérias, quer ser decisivo. Sou um grande fã de pessoas que operam desse modo, em vez de apenas pensar, pensar, pensar, pensar”, disse Plank.
Kroton e consultorias
No ano passado, Rodrigo Galindo, presidente do Grupo Kroton, disse, em um evento, que durante o processo de reestruturação da empresa chamava consultorias, ouvia as ideias apresentadas e não contratava nenhuma delas. O caso fez com que o executivo se retratasse posteriormente.
Igualdade de gênero é coisa superada
Em agosto do ano passado, Kevin Roberts, então chairman da Saatchi & Saatchi, renunciou ao cargo após, em uma entrevista ao Business Insider, dizer que a questão da igualdade de gênero na indústria da comunicação já tinha terminado. Ele afirmou que deixa a função a partir de maio deste ano.
Abercrombie & Fitch só para magros
Em 2006, Mike Jeffries, CEO da Abercrombie & Fitch, deu uma declaração em entrevista ao site Salon em que assumia que seu negócio valorizava a aparência. “É por isso que a gente contrata gente bonita nas nossas lojas. Porque gente bonita atrai gente bonita e nós queremos nos direcionar a pessoas legais e bonitas”, disse Jeffries gerando revolta de muitos consumidores na internet.
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