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Fintechs: número de usuários dobra no Brasil em dois anos

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Fintechs: número de usuários dobra no Brasil em dois anos

Estudo da MindMiners revela que em 2017 apenas 25% dos entrevistados usavam produtos e serviços das fintechs, enquanto em 2019, este número passou para 55%


13 de janeiro de 2020 - 6h00

Com a evolução tecnológica e com a busca por cada vez menos burocracias na hora de realizar operações financeiras, o número de brasileiros que utilizam algum produto ou serviço das fintechs cresceu exponencialmente em dois anos, de acordo com estudo “Brasileiro e o dinheiro” da MindMiners. Em 2017, 25% dos respondentes afirmaram que utilizavam as fintechs, já em 2019, este número passou para 55%.

Dentro desta categoria, o Nubank aparece como a mais utilizada pelos brasileiros, com uma alta de 23% nesses dois anos. Além disso, fintechs como Inter, Next e Digio apresentaram um crescimento neste período. Fora a taxa de uso, o awareness das fintechs também aumentou nos últimos dois anos. O conhecimento das pessoas sobre bancos como Inter, Neon e Creditas chegou a crescer cerca de três vez, enquanto o Nubank já é conhecido por 75% dos entrevistados.

Realizada com mil brasileiros de todas as regiões do país, faixas etárias e classes sociais, através do painel MeSeems entre 16 e 27 de dezembro de 2019, a pesquisa ainda mostrou que quando as pessoas pensam em serviços digitais financeiros, já fazem uma relação direta com as fintechs. O Nubank foi a marca mais associada a esses serviços, passando de 8 para 27% de menções. Já o Itaú, que liderava o ranking em 2017 com 19% de associação, em 2019 apresentou 6% de citações.

Além disso, o estudo revela que o número de brasileiros que fariam operações digitais em fintechs também aumentou em relação a 2017. Rodrigo Patah, analista de marketing da MindMiners e responsável pela pesquisa comenta que “houve um crescimento nas taxas de confiança e aquele temor inicial em relação à reputação desse novo tipo de negócio parece estar se dissipando. No entanto, ainda há uma certa desconfiança em algumas categorias, como a compra de seguros e realização de investimentos”.

Rodrigo atribui o aumento do interesse das pessoas pelas fintechs aos tipos de serviço oferecido por elas. “Tarifas baixas, desburocratização das operações financeiras e foco na experiência digital atraiu um grande contingente de clientes que estavam insatisfeitos com os bancos tradicionais”. Isto se confirma em outro dado do estudo que diz que, entre os principais motivos para a escolha de uma instituição na hora de abrir uma conta ou contratar um serviço financeiro, estão as tarifas baixas (45%), bom atendimento (29%), pouca burocracia nas operações (23%) e experiência digital (22%).

A pesquisa ainda aponta um crescimento acentuado das fintechs entre as pessoas de classes C, D e E. “As classes mais baixas tradicionalmente sofrem mais com as altas tarifas e taxas de juros oferecidas pelos bancos e, portanto, as fintechs possuem uma oferta de valor bastante atraente para esses segmentos”, comenta Rodrigo. Ele avalia, porém, que ainda existem desafios relacionados, principalmente, com a dificuldade de penetrar locais com menos — ou sem — acesso à internet.

Apesar do awareness e da taxa de uso das fintechs terem aumentado exponencialmente, ainda há um mercado a ser explorado por elas, pois, de acordo com o estudo, entre os entrevistados que não utilizam seus serviços, 33% não o faz por nunca ter refletido sobre esta possibilidade, e 26% por ter pouco conhecimento sobre o assunto. “São pessoas que em geral estão à procura de menores tarifas financeiras e operações 100% digitais, porém até o momento não foram atingidas de modo eficiente pela comunicação das fintechs. Trata-se de um grupo heterogêneo, mas um pouco mais concentrado em mulheres e pessoas com mais de 40 anos”, comenta o responsável pela pesquisa.

Dinheiro é tabu
O estudo não aborda apenas o crescimento e relação dos brasileiros com as fintechs, mas também engloba a relação dos brasileiros com o dinheiro em si e de que forma as pessoas se organizam financeiramente. De acordo com a pesquisa, a maioria dos entrevistados afirma gastar pelo menos 80% do salário mensal, sendo que 34% dizem gastar mais do que deveriam, enquanto dois terços possuem pelos menos uma dívida, visto que os principais credores são os bancos e o comércio informal. Apesar disso, 34% dos respondentes acreditam que terão uma velhice financeiramente tranquila.

Segundo Rodrigo existem alguns fatores responsáveis pelo frequente endividamento dos brasileiros: falta de educação financeira, cultura de consumidor muito e poupar pouco e algumas razões históricas “Nossa economia,  historicamente, trouxe algumas situações traumáticas para quem poupava, como as altas taxas de inflação e o confisco das poupanças no início dos anos 90. Além disso, o Brasil é um país de renda média e que passou por fortes crises econômicas, o que faz com que grande parte da população viva no limite financeiro e acabe tomando muitas dívidas para poder sobreviver”, finaliza.

Resultados da pesquisa ainda mostram que o brasileiro é pouco organizado em relação às suas finanças pessoais, visto que apenas um terço registram todos os gastos efetuados – e 40% não registram nenhum gasto. Para o analista de marketing da MindMiners, a falta de organização financeira dos brasileiros se deve a questões culturais e a falta de educação financeira. “No Brasil falar sobre dinheiro ainda é um tabu, inclusive entre os círculos sociais mais próximos, o que faz com que as pessoas acabem não compartilhando suas principais dores e dúvidas sobre o tema. A cultura de parcelar as compras também muitas vezes leva a uma perda do controle dos gastos”, reforça Rodrigo.

Investimentos
Além de ser pouco organizado em relação às suas finanças, a pesquisa mostra que o brasileiro sabe pouco sobre investimentos e investe de forma errada, pois apenas 10% dos entrevistados disseram ter um conhecimento alto sobre o tema; já 62% afirmaram não estar seguros de que estão aplicando seu dinheiro da melhor forma; 40% não realizam nenhum investimento e 46% aplicam na poupança, considerada por muito especialistas a forma de investimento menos atraente, por conta das baixas taxas de juros do país.

Por outro lado, a maior parte dos entrevistados afirmou se informar sobre investimento. Nesse caso, o YouTube é a principal fonte de informação (25%), seguido por portais especializados (16%), recomendações de banco (16%) e recomendações da família (15%). Apesar da maior parte das pessoas procurar informações sobre investimento, apenas 27% das pessoas seguem algum influenciador ou especialista da área, sendo que os mais citados foram Nathalia Arcuri, Gustavo Cerbasi e Thiago Nigro.

Otimismo
Embora apenas 28% dos entrevistados afirmarem que estão satisfeitos com sua situação financeira atual, 51% acreditam que sua posição melhorou em comparação com 2017 e 2018. Além disso, o brasileiro está otimista em relação a 2020, pois 62% disseram que acreditam que a situação melhorará este ano em relação ao ano passado, visto que o otimismo é maior entre os mais jovens e as classes A e B.

Por fim, quando questionados sobre o que fariam se ganhassem R$ 1 milhão, a maior parte dos respondentes afirmou que investiria esse dinheiro em bancos, compra de imóveis ou em um negócio próprio, o que vai em contramão com o perfil endividado e pouco investidor do brasileiro.

**Crédito da imagem no topo: Pixabay/Pexels

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