Geraldo Leite
27 de junho de 2012 - 4h41
Acho que se o Graham Bell não tivesse mandado alguém atender aquele bendito aparelho, ele teria inventado o rádio e não o telefone.
A nossa história, o jeito com que a comunicação evoluiu, sempre teve esses dois lados: o papo de um com o outro e o recado de um pra muitos.
Na comunicação um por um, além do saudável papear do dia a dia, está o correio, o telegrama, o bilhetinho, o telefone, o SMS, o skype, … No começo não era fácil. Para mandar uma carta para nós brasileiros, por exemplo, antes tinha que sair um navio…
Imagine o custo.
O recado de um pra tantos, como bem lembrou o Alex Periscinoto, começou nas igrejas e depois se espalhou com os jornais, os folhetos, explodindo com as rádios e as tvs. Esse sempre foi um terreno fértil para os políticos disseminarem ideias e botar fogo nas discussões. Tanto que alguns meios eletrônicos já nasceram como concessões públicas, numa tentativa do Estado controlar tudo o que se falava e o que se debatia.
Essa tal nova ordem digital em que vivemos é quem bagunçou essa questão; e, felizmente, para o bem de todos nós.
Antes, as pessoas viajavam e mandavam uma mensagem por telegrama ou por telefone, dizendo: “Olha, cheguei!”. Agora, com as redes sociais, a gente viaja junto na maionese, tem uma experiência de cada lugar, recebe o álbum de fotos quase que ao vivo, mais alguns vídeos da pessoa, já compartilhado entre todos os amigos.
É que antes não dava para falar tudo; nesses novos tempos dá pra falar demais, demais da conta, mais do que precisa, a conversa vai e vem, transborda e, de fato, vira banal… E em sendo assim, o que se comenta hoje não terá a mínima importância amanhã e “vamo que vamo”.
Vivemos um tempo como se todos nós tivéssemos que escolher entre ser “voyeur” (fico só olhando), celebridade (me exponho ao máximo) ou “paparazzo” (registro tudo dos outros).
Nunca tantos tivemos voz. Nunca tantos falaram pra nós.
E ainda assim a gente não se entende…
*Geraldo Leite é sócio diretor da Singular, Arquitetura de Mídia
Compartilhe
Veja também
-
Prefeitura de São Paulo interrompe projeto do “Largo da Batata Ruffles”
Administração Municipal avaliou que a Comissão de Proteção à Paisagem Urbana precisa dar um parecer sobre o projeto; PepsiCo, dona da marca, diz que parceria é de cooperação e doação e não um acordo de naming rights
-
Natal e panetones: como as marcas buscam diferenciação?
Em meio a um mercado amplo, marcas como Cacau Show, Bauducco e Dengo investem no equilíbrio entre tradição e inovação, criação de novos momentos de consumo, conexão com novas gerações, entre outros
-
-
-