Será que entendemos a temática “Back to Basics”?
Neste ano, uma das coisas que me chamou a atenção foi a própria temática do evento, enquanto muitos esperavam mais sobre Metaverso a NRF emplacou um “Back to Basics”
Neste ano, uma das coisas que me chamou a atenção foi a própria temática do evento, enquanto muitos esperavam mais sobre Metaverso a NRF emplacou um “Back to Basics”
31 de janeiro de 2023 - 16h36
O frio de Nova York não abalou o turbilhão de ideias que circularam durante os três dias da NRF 2023, o maior evento de varejo do mundo, no qual ficamos por dentro das principais tendências que vão nortear o setor nos próximos meses.
Neste ano, uma das coisas que me chamou a atenção foi a própria temática do evento, enquanto muitos esperavam mais sobre Metaverso a NRF emplacou um “Back to Basics”. Nos corredores do evento muita gente conectava o conceito com o “fazer o básico”, “fazer o simples”, mas não é. O mote dessa discussão é um retorno a base do que realmente significa atuar em varejo e isto está diretamente conectado ao olhar da marca para o seu entorno, para as pessoas – seus colaboradores e consumidores – e para a comunidade em geral. Aliás este deveria ser o propósito do varejo desde sempre.
Neste contexto, o pilar “Pessoas” – que teve um dia do evento dedicado somente a essa temática – é uma grande discussão dentro do varejo, que precisa redesenhar sua rota nesta relação. Este caminho envolve objetivos, estratégias e métodos específicos para preservar e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Apesar de qualquer varejista saber que pessoas são a razão de existir de marcas voltadas ao consumo, o que vemos nos últimos anos é um grande negligenciamento em relação a este assunto. O movimento da NRF este ano foi um grande chacoalhão para que marcas varejistas atuem como instituições vivas, que vão ajudar na formação da sociedade que a gente vive, conectando de forma orgânica as pessoas através de valores genuínos.
Fora dos palcos da NRF, sempre procuro explorar novas operações na cidade durante o evento e nas minhas pesquisas de campo neste ano, uma loja me chamou muito a atenção em NYC, pois tem total sinergia com essa ideia que estou colocando para vocês. A gigante H&M abriu uma “H&M de bairro”, em Williamsburg, com o tema MOVE, voltado para a prática de atividades esportivas. Além da presença de muita tecnologia para facilitar as compras, a loja – que muda sua temática e de 4 a 12 semanas– é um verdadeiro espaço de conexão social, equipada com espaço para treino e teste dos produtos, aulas gratuitas e uma excelente curadoria de produtos para pratica de esporte e atividades voltadas ao bem-estar. E mais: numa colaboração com pequenos negócios do bairro, a loja ainda abriga um café local que oferece gratuitamente bebidas que são verdadeiros “shots” de energia. Eu tomei um café com beterraba e, acreditem, estava maravilhoso!
A pop-up da H&M é pautada na localização, na comunidade, na contação de histórias com começo, meio e fim, além de produtos com curadoria para o público específico como citei acima. Se olharmos no dicionário isto é exatamente o significado do varejo: “relatar ou repetir (uma história) em detalhes.” Esta loja faz parte do movimento de espaços de varejo “reimaginados”, que derivam de um novo pensamento digital, acarretando na evolução do marketing “um a um”. Esta mudança é algo fundamental em uma sociedade que valoriza a diversidade.
Quando a gente olha para o varejo e seu combustível básico – no caso, o desejo – estamos falando de marcas que se relacionam com pessoas, que trazem itens que podem ser desejáveis. Quando isso se transpõe para o varejo físico, está claro que ele vai sofrer grandes transformações, já que grande parte das atenções e investimentos foram direcionados para os canais digitais nos últimos tempos – isso deixou a experiência das lojas físicas cansativas , monótonas e ultrapassadas.
Estamos vivendo um momento de recalibrar todos os canais de uma marca – físico, social e digital – para que eles atuem em conjunto direcionando fluxo de acordo com a melhor conveniência do consumidor. Enquanto os canais digitais assumem um foco mais transacional, a loja física está ganhando um papel mais amplo, se transformando em um hub social que conecta pessoas e marcas.
Vejo no varejo uma oportunidade incrível de protagonizar conversas e conexões importantes para sua comunidade e, por conseguinte, para sociedade. Isso é só o começo.
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