Design Led Experience: quem encanta, converte
Nos últimos anos, nos tornamos uma sociedade movida por dados e performance, e precisamos entregar mais experiências boas aos usuários
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Você entra num site para cancelar um serviço e precisa percorrer um calvário de dez telas até conseguir fazer o que pretendia. Ou tem um problema, pede uma ajuda que só vem dez dias depois. São casos assim que fazem as pessoas se darem conta do impacto que o design tem na vida delas nos dias de hoje? Já se perguntou quais implicações podem ter as escolhas de certas marcas e produtos digitais?
Foram essas e outras questões levantadas na DEXCONF 2023, que na sua quarta edição, realizada em São Paulo, abordou o importante tema da “Ética e responsabilidade na tecnologia e design”. De fato, somos responsáveis por aquilo que projetamos e o quanto isso afeta a sociedade como um todo. O uso de IA pode ser uma solução para alguns casos e projetos, mas para outros é quase desastroso.
Pense que praticamente todo projeto de um produto digital acontece entre dois mundos diferentes (físico e digital), porém que coexistem a fim de trazer uma jornada com experiências positivas e que gere valor para as pessoas e para o mundo. É aí que o Customer Experience (CX) e o User Experience (UX) entram para compreender questões de comportamento humano, tendências, necessidades, contextos para resolver problemas e facilitar a vida.
Nos últimos anos, nos tornamos uma sociedade movida por dados e performance. Precisamos entregar mais experiências boas aos usuários. Quanto menos dor, mais felizes somos. Quanto menos complicado, maior o êxito. Quanto menos atrito, melhor. É com tais diretrizes em mente que devemos pensar nas interações entre pessoas e marcas e os produtos digitais o tempo todo. A experiência de uso muda o comportamento do usuário e a percepção de valor acontece nos pequenos detalhes.
Design supõe evolução. Experimentar estimula a criatividade a trazer novas possibilidades em um cenário progressivamente complexo e plural. Por isso, estudar o comportamento humano, realizar pesquisas e ouvir usuários traz insights valiosos para o aperfeiçoamento do seu produto digital, ancorado ao objetivo de melhoria contínua.
Quem nunca passou por situações desagradáveis em sites, apps, portais ou produtos digitais que não respeitaram suas escolhas ou ultrapassaram os limites de venda a qualquer custo? Muito se discute o papel do designer no projeto de soluções que atendam ao mesmo tempo as marcas e os usuários, respeitando suas escolhas e protegendo seus dados, e não ao contrário.
Após a LGPD entrar em vigor, muitas marcas tiveram de se adequar para garantir uma nova cultura de privacidade e proteção de dados no país, o que envolve a conscientização de toda a sociedade sobre a importância dos dados pessoais e os seus reflexos sobre direitos fundamentais como a liberdade.
Não basta apenas ter um checkbox de aceite e uma página extensa com um monte de termos incompreensíveis. Não se pode perder de vista que por trás da tela existem usuários com necessidades e aspirações. Eles não chegaram até você por acaso. Ser justo e transparente é o mínimo. Parece que não, mas estamos o tempo todo brigando digitalmente com as marcas que não entendem que travar o processo não ajuda em nada. Ou pior, só vai deixar o cliente com raiva.
Por isso, uma boa experiência do usuário é capaz de trazer vantagens como: deixar jornadas mais fluidas e interessantes; criar uma boa usabilidade e transmitir segurança em todas as etapas; facilitar a acessibilidade a pessoas com qualquer tipo de limitação, seja qual for, a partir de uma experiência multissensorial e fácil; criar textos adequados, com o bom uso do tom de voz da marca, sem confundir o usuário ou colocá-lo em situação que cause dúvida; trabalhar a personalização e customização da experiência de acordo com as necessidades e feedbacks das pessoas em tempo real, sem ser cansativo; usar termos de fácil compreensão e com regras claras de como funciona o negócio e não fazer propaganda enganosa ou de cunho duvidoso.
Precisamos ser responsáveis pelo que colocamos na tela. Lembre-se: nem tudo é para todos. Por isso devemos ter cuidado com plágio, uso inadequado de ferramentas ou artefatos de design de terceiros e até induzir pessoas ao erro ou enganá-las para conseguir um dado ou uma venda forçada a qualquer custo.
Diversas tecnologias e, agora em especial a IA, vêm mudando a forma de como nos relacionamos e como estamos trabalhando ou aprendendo. Mas e para o design isso é bom?
Se falarmos de software, a IA tem o potencial de automatizar algumas tarefas relacionadas ao design, como a geração de layouts, a criação de imagens e a edição de fotos. Isso pode facilitar horas de trabalho, mas não substitui o processo criativo do ser humano. A máquina pode aprender e ser muito mais rápida na execução de algo, mas quem tem o poder de saber se tal imagem está dentro do contexto ou se a arte vai despertar a emoção do usuário é apenas o humano. Portanto, não esqueça: somos diferentes porque conseguimos analisar o contexto e a partir daí tomar uma decisão.
A criatividade, a sensibilidade e a capacidade de se comunicar e ter empatia. Relações humanas são essenciais para projetos de sucesso. Podemos coexistir com a IA para: automatização de tarefas; análise de dados; personalização de conteúdo; melhorar a eficiência de uma aplicação; ideias e sugestões de composição de arte e ampliar a criatividade com inspirações e referências de mercado.
Tudo isso só ajuda se o designer conseguir unir duas coisas básicas, porém desafiadoras: pensamento criativo e analítico para entender o que faz sentido ou não para aquela solução ou experiência.
Pensar em design é pensar na solução de problemas e criar novas possibilidades ao mundo, mas sempre com ética e responsabilidade, permitindo que o usuário tenha liberdade de escolhas! A tecnologia é um meio para chegar lá, mas esse caminho precisa ser projetado. Se não pensarmos em como o caminho será, tudo pode acontecer.
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