Falas potentes
Ao se reafirmar como prêmio mais desejado da indústria, Caboré reforça tendências dos últimos anos de manter porta aberta para a renovação e microfone ligado a vozes que ressoam pela equidade, diversidade e inclusão
Ao se reafirmar como prêmio mais desejado da indústria, Caboré reforça tendências dos últimos anos de manter porta aberta para a renovação e microfone ligado a vozes que ressoam pela equidade, diversidade e inclusão
13 de dezembro de 2022 - 16h00
Surpresas, aplausos, lágrimas, contestações. Revelações de prêmios importantes são sempre um misto de emoções. Em casos mais emblemáticos, pode-se ir além e tirar lições expressas pelo conjunto dos premiados, suas histórias e falas de agradecimento. É o caso do Caboré 2022, entregue na semana passada, em São Paulo, a 14 profissionais e empresas eleitos como destaques do ano pela indústria de comunicação, marketing e mídia. O tema dominante dos discursos foi a inclusão racial, abordada especialmente no reconhecimento de que, embora haja avanços, é preciso acelerar as ações para corrigir distorções históricas.
Já na entrega do primeiro troféu, o presidente e CEO da AlmapBBDO, Filipe Bartholomeu, quebrou o protocolo e chamou ao palco seus dois concorrentes, Felipe Simi, CEO e CCO da Soko, e Rodolfo Medina, presidente do Grupo Dreamers. O vencedor leu um texto preparado em conjunto pelos três, em que anunciam projeto para ajudar a formar pessoas de grupos subrepresentados: um curso acadêmico de formação em liderança para a indústria de comunicação, encampado pela ESPM e financiado pelas empresas que os três indicados representam, com a finalidade de contribuir para que o futuro do mercado seja “mais próspero, com articulação coletiva e intencionalidade”.
Logo na sequência, Celso Athayde recebeu o Caboré de Serviço de Marketing conquistado pela Favela Holding, enaltecendo a potência dessas regiões, onde vivem 17 milhões de pessoas, que movimentam R$ 180 bilhões anuais — o que faria de seu conjunto o quarto maior estado do País em população e economia “Ou a gente divide com as favelas toda a riqueza que nós geramos, ou vamos continuar tendo que dividir as consequências da miséria”, disse Athayde.
Vencedora do Caboré de Profissional de Inovação, Helena Bertho, head global de diversidade e inclusão do Nubank, falou sobre a necessidade de os líderes abrirem espaços para que o mercado possa, de fato, representar o Brasil, sob risco de suas conversas se tornarem desinteressantes e desconectadas da maioria, e de a indústria perder efetividade, eficácia e lucratividade. “Se não couber todas as pessoas, não é futuro possível”, disse ela, adicionando dados de que a população negra do Brasil movimenta anualmente R$ 1,9 trilhão, o que faria dela a 17ª economia do mundo.
Muito emocionado, Angerson Vieira, diretor executivo de criação da Africa, lembrou da luta dos pais para que ele pudesse estar ali e de sua origem, em Matozinhos, Minas Gerais: “Eu que nunca fui muito de foto, faço questão de ficar bem bonito nessa, para que muita gente veja, especialmente gente que é da minha cor e que vem de lugares como eu venho, para saberem que vou estar aqui em cima com a mão estendida para mais gente subir junto”.
Ao reafirmar sua posição de prêmio mais desejado da indústria, o Caboré 2022 reforçou tendências dos últimos anos de manter a porta aberta para a renovação e o microfone ligado a vozes que ressoam pela equidade, diversidade e inclusão e empurram o mercado a cumprir mais velozmente seu papel de causar impactos positivos na sociedade. Em sua 43ª edição, o evento premiou 12 dos 14 vencedores pela primeira vez. Nas categorias voltadas a profissionais, as mulheres levaram seis das oito corujas possíveis. Os indicados ao Caboré são definidos após análise editorial que considera sugestões enviadas pelo Círculo Lideranças, modalidade de assinatura de Meio & Mensagem, e os vencedores são definidos em votação aberta aos assinantes, em processo auditado pela PwC.
Como destacado em um dos discursos, neste ano foi mais uma vez comprovado o poder influenciador do Caboré em acender a chama desta indústria, que, apesar das imperfeições, garante, entre outras contribuições, a existência da imprensa independente e do jornalismo profissional, antídotos contra a desinformação tão cruciais para a evolução da sociedade, sobretudo em momentos conturbados como os que o mundo e o País vivem.
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