18 de janeiro de 2023 - 17h30
É fundamental sentar-se com seu cliente e definir o nível de participação em engajamento que ele pode oferecer; ou seja, é importante definir logo no começo as regras do jogo e o quanto ele quer e pode participar nesta jornada (Crédito: Shutterstock)
Nos últimos anos, o trabalho de entrega de produtos digitais que ofereçam valor e inovação tem evoluído enormemente em termos de complexidade e transformado a forma como é construída essas experiências dentro das agências e dos clientes. E de uma forma cada vez mais recorrente, falha-se na missão de provocar as equipes e conquistar o engajamento de todos para serem igualmente responsáveis pela entrega e pelo ciclo de vida de um produto. Portanto, é necessário estar preparado para novas parcerias e flexibilização do conhecimento a fim de abraçar novas tecnologias e processos.
Engajar os times na busca dos objetivos de um produto digital tem promovido experiências ruins quando se pensa em todas as disciplinas de uma agência de publicidade com responsabilidades exatamente proporcionais. Na vã tentativa de buscar que todos se comportem da mesma forma, acaba-se por aumentar os riscos de uma potencial falha no projeto, ou seja, direciona-se o time para uma entrega de baixa qualidade, aumenta-se o risco de burnout dos colaboradores e, obviamente, se estabelece uma péssima parceria com o cliente.
Essa busca pela construção de experiências deve ter a atenção focada na intersecção entre habilidades de diversas áreas da empresa. Como em um time de futebol, não é possível ganhar um jogo somente com atacantes ou somente com zagueiros. Tanto no campo de futebol quanto no projeto de um produto digital, é preciso buscar um equilíbrio de forças, aproveitando as particularidades e potencialidades de cada estrutura e de cada pessoa do time. Não custa lembrar que nenhum projeto é igual e por isso, tem que estar preparado para usar somente o necessário para cada um.
O verdadeiro esforço que vai permitir a entrega de um produto que ofereça valor e inovação para seu usuário começa por sua estrutura organizacional. Há a clara necessidade de que toda a organização esteja alinhada e ciente dos objetivos esperados do projeto que vai nascer. Isso parece óbvio, uma premissa, mas não é a realidade que encontramos no dia a dia. É preciso encarar de frente e de forma coletiva um processo de inovação e de quebra de paradigmas. E para isso, todos precisam estar cientes da preparação necessária, além de ter em mãos as ferramentas, dados e experiência fundamental para o trabalho. Trabalhando com o time nas intersecções de suas habilidades, é possível trazer para o grupo entusiasmo, paixão e compreensão dos objetivos esperados, isso desde a liderança até aos que desenvolvem a entrega final.
Trazer o conhecimento e garantir a ciência de todos, gera a sensação correta de compromisso e parceria. Abre-se espaço para tomada de decisão colegiada e estabelece-se uma relação em que há clareza sobre o raciocínio utilizado à medida que o processo avança. E isso também significa que é possível chamar atenção para riscos previstos pelo caminho, trazer desafios à mesa e resolvê-los lado a lado. Não custa lembrar que a relação de construção de um produto não passa somente nas mãos do time interno. É preciso estar junto com os clientes em um ritmo quase diário para alcançar os objetivos conjuntamente. Afinal de contas, os clientes contratam uma agência de comunicação para facilitar uma entrega de experiência customizada dentro de um espaço de tempo muito agressivo.
Por isso, é fundamental sentar-se com seu cliente e definir o nível de participação em engajamento que ele pode oferecer; ou seja, é importante definir logo no começo as regras do jogo e o quanto ele quer e pode participar nesta jornada.
E após estabelecer as regras do jogo entre cliente e agência, pode-se ter mais flexibilização dos caminhos e objetivos dos projetos. A interseccionalidade entre tantos perfis de profissionais permite que sejam apresentadas diversas rotas para se chegar à estratégia e visão do produto planejada. É fundamental ouvir a todos no compartilhamento dessas rotas, mas também, é fundamental saber fazer movimentos em grupos menores para tomadas de decisões mais rápidas. Esses movimentos dependem da parceria construída com os times envolvidos e rapidamente precisam ser alinhadas novamente, de forma sólida, à estratégia e visão definidas para o produto.
Outro ponto é que times flexíveis também são conscientes do maior desafio do processo que se leva até a primeira entrega. Afinal, a experiência é apenas o começo da descoberta do verdadeiro valor de um produto para usuários e negócios. E por essa razão, é fundamental manter uma visão incremental. E sempre que possível, projete e entregue além dos aspectos funcionais para garantir o aprendizado com o produto, e faça iterações rápidas para atender aos comentários valiosos do seu usuário à medida que a experiência cresce.
As táticas e os processos necessariamente mudam dependendo do nível de detalhamento e da quantidade das entregas, do tamanho e da missão da equipe acordada internamente e com o cliente. Sem falar que sempre há novas formas e tecnologias que moldam o processo. Por isso, é necessário estar atento para ouvir esses movimentos e se adequar aos resultados e comportamentos desejados para esse tipo de trabalho. Afinal, não existe uma única maneira de fazer as coisas certas todas as vezes! Mas é possível estabelecer alguns parâmetros e compromissos a serem construídos com base nos comportamentos que se deseja impor.
Dessa forma, produtos digitais são ecossistemas vivos e como as grandes estruturas físicas precisam ser construídos sobre estruturas sólidas que acompanhem as movimentações dos terrenos à sua volta. Porque assim, garante-se que os times trabalhem com flexibilização. Não se pode deixar de fora a construção de parcerias e confiança dentro do time, pois só assim será possível abraçar novos métodos, processos e requisitos que o desenvolvimento de produtos digitais tanto necessitam e que ajudam a oxigenar times e clientes em busca de experiências cada vez melhores.