O ideal multitarefa que sobrecarrega as mulheres
Enquanto nos apegamos ao estereotipo da Mulher Maravilha, ficamos exauridas e inibimos quem está a nossa volta a desempenhar uma performance
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Protagonismo feminino tem sido um assunto recorrente nos últimos tempos. No Dia Internacional das Mulheres, o tema ganha ainda mais foco e, com bastante frequência, comparamos as mulheres de alta performance a personagens infalíveis, heroínas que unem o feminino à força e são ícones de beleza e poder, como a Mulher Maravilha, por exemplo.
A referência pode ser elogiosa e conter as melhores intenções, mas, na verdade, reforça o estereótipo de que somos superlativas, capazes de conciliar as mais diversas tarefas, de diferentes segmentos da vida o tempo todo, com maestria e resiliência. Quando, ao contrário, esse ideal nos sobrecarrega e limita.
Ao olharmos para dentro das organizações e para as profissionais em cargos de liderança, identificamos especialmente mulheres de perfil “Surpreendente” ( veja abaixo os seis tipos de personalidade). Ou seja, são altamente produtivas, capazes e orientadas para solução com resultados excelentes.
Contudo, a reflexão sobre o “mito da Mulher Maravilha” é o quanto esse perfil levado ao extremo inibe e limita as equipes e colaboradores a também desempenharem suas funções em alto nível. Ao sermos centralizadoras e focadas na execução, muitas vezes não percebemos que estamos sufocando a criatividade alheia e perdendo a chance de construir uma entrega mais plural, inovadora e ser surpreendida. Afinal, como surpreender uma mulher que faz tudo melhor que todo mundo e aponta as falhas de quem está próximo o tempo todo?
No fundo, será que gostamos do reconhecimento da nossa excelência, de sermos imprescindíveis? Será que queremos ser vistas como heroínas que enfrentam casa, filhos, família, trânsito, trabalho e o board no mesmo dia sem sair do salto? Talvez cada uma de nós tenha uma resposta. Porém, o fato é que a centralização e a busca pela perfeição cansam. Extinguem nossas forças a longo prazo porque estabelecem um ciclo de controle sem fim, levando a um profundo estresse mental e, muitas vezes, físico que nasce do enorme medo de errar e desapontar as expectativas de quem nos cerca.
Ao mesmo tempo, quanto pode ser complexo conviver com uma mulher de perfil “Surpreendente” ao extremo? Quanto colaboradores e familiares conseguem ser “proativos” ou até “surpreendentes” diante desse trator de soluções incríveis? Não parece nada fácil.
No livro “Liderança Tranquila — Não Diga Aos Outros o Que Fazer — Ensine-os a Pensar”, David Rock explica que, se fossemos somar, durante um ano, todos os minutos que as pessoas passam recebendo críticas e os que recebem elogios, constataríamos que recebemos dias de críticas e minutos de elogios por ano. Isso gera medo, ansiedade e inibição. Emoções prejudiciais a um ambiente que precisa ser produtivo para gerar resultados positivos.
Por isso, se você é uma mulher assim, fica a reflexão sobre o equilíbrio, sobre as vezes em que antes de propor a sua solução, você deve dar espaço aos outros de resolverem os problemas e desafios da equipe, por exemplo. Seu alto grau de produtividade não pode ser desculpa para aqueles que fazem parte da sua vida, seja no trabalho ou em casa, serem meros coadjuvantes. Permita-se ser cuidada e assistida, relaxar enquanto alguém decide algo por você. Afinal, por que não confiar que os outros são capazes de boas soluções e estimular que evoluam na escala do tipo ativo? Qual o pior que pode acontecer se as coisas não saírem do seu jeito?
Em contrapartida, se você conhece alguém assim, saia do conforto de não precisar resolver nada e atire-se. Mostre-se presente, criativo, capaz e forte. Uma dica para ganhar a atenção de mulheres “surpreendentes” é não esperar que elas peçam. Faça! Antecipe-se. Ganhar a confiança de alguém “surpreendente” é uma boa oportunidade de crescer e desafiar a si mesmo.
Teoria de perfis comportamentais “Tipo Ativo”
São os seis tipos mais comuns de personalidade. Em geral, assumimos com mais frequência um dos perfis, mas podemos oscilar entre eles em diferentes fases da vida ou nos papéis que desempenhamos cotidianamente.
1) Contrativo: é o indivíduo que não age e faz de tudo para impedir que a ação aconteça. Adiciona negatividade e rigidez às relações. Resiste ao máximo às mudanças e só enxerga problemas nas soluções que lhe são propostas.
2) Passivo: é inerte, que não age e é indiferente aos resultados. Se melhorar tudo bem e se ficar assim está tudo bem também. Acomodado, mas permite que a ação aconteça, portanto não interfere de forma positiva ou negativa. Deixa situações sem solução. É desligado, ineficiente, lento e acomodado.
3) Reativo: age, porém, sob comando ou solicitação. Alguém pediu, ele faz, mas ele não foi capaz de entender o que era necessário ser feito, depende da ação ou demanda do outro.
4) Ativo: tem iniciativa de agir por conta própria somente sobre questões superficiais. É um executor, um operacional, por isso, muitas vezes, mostra-se participativo e eficaz. Não é capaz de identificar oportunidades e necessidades por conta própria que exijam alta reflexão. Age com boas intenções, mas lhe falta percepção. Tem ânsia de resolver, mas nem sempre sabe como.
5) Proativo: é o indivíduo que tem intenção, percepção e capacidade de agir. Está sempre olhando para as oportunidades e analisando as melhores opções e estratégias. Se antecipa às necessidades, cria ensejos, investiga. Tem boas intenções, planeja e age.
6) Surpreendente: Este indivíduo é capaz de ter a intenção, identificar as suas necessidades e as necessidades do outro, tomar decisões e, então, agir. Atua sem ferir os demais, construindo experiências que favorecem o crescimento dentro de seus relacionamentos. É um proativo que acerta e encanta por meio dos resultados.
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