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Opinião

“Rir é o melhor remédio” nunca foi tão atual

Ainda que o entretenimento funcione como válvula de escape, na pandemia, o humor leva informação, cria espaços de diálogo e até mesmo de crítica social


27 de abril de 2021 - 14h49

(crédito: macrovector/freepik.com)

Completamos um ano desde o início da pandemia da Covid-19 no Brasil. São 12 meses convivendo com questões graves especialmente no âmbito da saúde e vivendo uma série de restrições. Depois de todo esse tempo e de tudo que passamos, já é possível parar para analisar alguns comportamentos adotados ou potencializados pelos brasileiros desde então. Um deles diz respeito ao conteúdo consumido nesse período. E a conclusão é que o humor nunca foi tão necessário na vida das pessoas.

Segundo dados do estudo Tracking Globo Covid-19/Emoções*¹, disponível na Plataforma Gente, o consumo de conteúdos audiovisuais nos ajuda a entender como o brasileiro reage ao contexto e às emoções negativas despertadas pelas crises. Podemos observar que as escolhas partem de dois princípios: o racional e o emocional. Ele pode optar tanto pelo consumo de noticiários, que ajudam a entender a situação, ou podem optar por entretenimento, que funciona como uma fuga, uma válvula de escape. E é aí que entra o humor: 89% dos brasileiros acredita que o humor ajuda a enfrentar a realidade brasileira*².

Não à toa, o humor foi um dos conteúdos mais consumidos e que mais engajaram após o início do período de distanciamento, segundo dados da pesquisa*². O estudo mostrou que 70% dos participantes acreditam que a importância do humor/diversão aumentou no contexto da pandemia. Isso é um reflexo de que os comportamentos recreativos se fortalecem como recurso para lidar com este cenário de instabilidades. São as narrativas que ajudam o ser humano a olhar para a realidade de forma divertida e a resgatar bons momentos.

Outro dado interessante é que mais pessoas passaram a assistir televisão juntas, como forma de entretenimento em família*³. Humor gera conexão, reúne as pessoas para rirem do mesmo tema. Ele é uma poderosa ferramenta de comunicação, considerando que dentro de casa a principal forma de diversão é o consumo de conteúdo, seja na TV – que ainda é a primeira janela –, nas redes sociais ou em qualquer outra plataforma. E apesar de bastante potencializado pelo contexto atual, o humor sempre ocupou esse espaço na vida das pessoas.

Por meio do humor é possível levar informação, criar espaços de diálogo e até mesmo de crítica social, ao mostrar o Brasil plural. Nós, produtores de conteúdo de humor, temos um papel importante na sociedade ao brincarmos com as diversas realidades do nosso país, abordando os problemas de forma leve e que conectam imediatamente com a audiência, que se vê refletida ali. Isso acontece porque a sátira gera identificação com as narrativas e personagens, especialmente quando feita por talentos que estão em seus lugares de fala. Segundo a pesquisa*², 71% dos brasileiros preferem encarar as críticas sobre a realidade brasileira através do humor, da sátira e da brincadeira.

E o brasileiro que já tem o humor na veia, que é o país dos memes, das piadas prontas e que tem a incrível capacidade de rir de si mesmo, encontra no gênero uma forma de extravasar e de tornar um pouco mais palatável sua dura rotina. Seja ajudando a escapar da realidade ou mesmo escancarando-a, a verdade é que o humor nos traz momentos de descompressão, é uma válvula de escape ao alcance de todos. O riso e o bom-humor são capazes de alterar o nosso estado de espírito. Aquela máxima de que rir é o melhor remédio nunca foi tão verdadeira.

*¹ https://gente.globo.com/as-emocoes-e-tematicas-de-conteudo-em-tempos-de-covid-19/

*² Globo Tracking Covid-19 / ABC16+ – Abril/Agosto 2020

*3 https://gente.globo.com/card-preocupacoes-pandemia/

*4 Fonte: MW Kantar Ibope (15 mercados) Audiência e alcance: 01/01 a 31/12/20 Ind.com Pay TV || Base Anatel 43.263.833 (Nov ’20), Youtube Analytics 01/01 a 31/12/20

**Crédito da imagem no topo: Irina Devaeva/iStock

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