“Todos nascemos verdes”
Nos últimos 5 anos a pauta ESG ganhou tanta força que as marcas precisaram encarar uma premissa básica da vida, a relação entre causa e efeito
Nos últimos 5 anos a pauta ESG ganhou tanta força que as marcas precisaram encarar uma premissa básica da vida, a relação entre causa e efeito
Nos últimos 5 anos a pauta ESG ganhou tanta força que as marcas precisaram encarar uma premissa básica da vida, a relação entre causa e efeito. O interessante é que, em grande maioria, tal força veio de fora para dentro, ou seja, do consumidor sobre as marcas. Segundo a pesquisa ITS (Instituto de Tecnologia e Sociedade), 98% dos brasileiros consideram importante adotar práticas de consumo consciente e 75% dos consumidores declaram que já deixaram ou deixariam de comprar em marcas que prejudicam o meio ambiente. Vendo isso, empresas que não “nasceram verde”, que não tem no seu DNA a sustentabilidade como propósito, mas como bandeira de marketing, estão correndo atrás do tempo perdido e do lixo gerado.
Produtos veganos, embalagens feitas pelo próprio CO2 gerado, o não uso de plástico e testes em animais, neutralização de carbono da produção até o frete, são alguns recursos de compensação do dano emitido ao meio ambiente totalmente disponíveis ao mercado produtor. Algumas marcas já nasceram com esses números nos seus BP (Business Plan) e por isso fica mais natural adequar o discurso à prática. Outras estão buscando alternativas de serem mais contemporâneas (segundo a pesquisa Poder Data, realizada a pedido do Instituto Clima e Sociedade, para 80% dos brasileiros a proteção da floresta amazônica é prioridade na escolha do candidato a presidência da República esse ano) e de fato oferecerem o consumo consciente.
O apoio a projetos socioambientais em forma de doação como conhecíamos antigamente não faz mais sentido. Os consumidores querem participar dos projetos, por vezes criá-los e alimentá-los constantemente, não somente de recursos, mas de trabalho colaborativo e sentirem o pertencimento que buscam e, de fato, verem o encontro entre propósitos.
Quando falamos de compensação de carbono para pessoas físicas, existem basicamente dois modelos: o cálculo das ações pontuais cotidianas, como, por exemplo, durante a compra de um produto em um e-commerce ou a mensuração do gasto energético de uma rotina, onde são calculados os gastos energéticos da casa, quantidade de carros e viagens realizadas. São objetivos e cálculos diferentes, mas que colocam no centro da discussão um personagem que geralmente é deixado de lado e que é um dos principais motores de tamanho desperdício, o consumidor. Ele está acostumado a receber as iniciativas prontas de Governos e da indústria, fica a seu critério escolher que marca consumir a partir de uma ação já definida. Seria como fazer dieta. Todos sabemos o que faz mal e engorda, mas ninguém pode nos abrigar a perder peso ou emagrecer pela gente. Devemos ter acompanhamento médico com indicações das melhores práticas, mas o resultado duradouro depende da pessoa.
O novo caminho é oferecer às pessoas o direito de escolha, quando e em que tipo de iniciativas querer participar, assumindo para si a sua responsabilidade, de acordo com a sua consciência. As marcas devem continuar adequando as suas operações às políticas ESG mas também mostrar os caminhos possíveis, as consequências de cada ação e então a pessoa se engajar onde sentir que fará a diferença. Afinal de contas, todos “nascemos verdes” e queremos continuar assim.
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