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Startups impulsionam profissionais em conformidade com tecnologia
Martechs e adtechs demandam profissionais multidisciplinares, direcionados a atender um mercado mais digital, diz Denise Asnis, cofundadora da Taqe
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Victória Navarro
22 de julho de 2021 - 6h00
Em martechs e adtechs, demandam-se profissionais multidisciplinares, direcionados a atender a um mercado mais digital e estruturas que exigem entendimento de marketing e tecnologia. Segundo Denise Asnis, cofundadora da Taqe, software de recrutamento e seleção online, as startups estão contribuindo para a chegada de profissionais mais em conformidade com a tecnologia e a automação. “As empresas precisam se conscientizar do fato de que necessitam unir e educar profissionais de gerações diferentes, com atuações complementares, para chegar a resultados extraordinários”, diz. Marketing por essência, explica, atua em construir, comunicar e influenciar consumo de marcas que estão a serviço de um propósito. A área de gestão de pessoas trabalha sob a mesma matéria prima, só que com foco nos colaboradores das empresas. Esse é o motivo que está levando muitas empresas a incorporarem a área de marketing interno ou endomarketing aos setores de recursos humanos e a terem foco em explorar, criar e entregar valor para satisfazer necessidades e desejos do mercado consumidor. Ao Meio & Mensagem, Denise aborda o que tem motivado essa digitalização no processo de escolha de profissionais e o quanto as mulheres já conquistaram dentro do mercado de startups.
Meio & Mensagem – Qual é a importância de profissionais de marketing estarem alinhados ao setor de RH, ou seja, propósitos e valores da empresa?
Denise Asnis – Marketing por essência atua em construir, comunicar e influenciar consumo de marcas que estão a serviço de um propósito e uma essência. Recursos humanos ou, como prefiro me referir, a área de gestão de pessoas, atua com a mesma matéria prima, só que com foco nos colaboradores das empresas. Esse é o motivo também de muitas empresas terem incorporado a área de marketing interno ou endomarketing às suas áreas de gestão de pessoas ou à marketing. Afinal, as duas propostas atendem, pelo fato de serem áreas complementares. Quanto mais um profissional de marketing se aprofunda sobre a marca, valores e seus atributos, mais competência ele terá em produzir ações e recomendações que estejam alinhadas não só à estratégia de negócios como com perfeita harmonia aos valores e atributos da marca. Em resumo, a importância aumenta substancialmente, se o profissional de marketing tem intenção de atuar de forma estratégica e produtiva, criativa e aderente à cultura e agregar valor a todos do ecossistema.
M&M – O que tem motivado essa digitalização no processo de escolha de profissionais? E, o quanto isso influencia na comunicação entre marcas e consumidores?
Denise – A digitalização dos processos seletivos só traz vantagens aos envolvidos. A pandemia é a responsável por obrigar as empresas e as áreas de gestão de pessoas a inovar e recriar processos. Mas, essa tendência já vinha se fortalecendo, nos últimos três anos. Ao considerar que as empresas executavam os processos seletivos da mesma maneira, com poucas inovações, há pelo menos cem anos, estava mais do que na hora de inovar e investir em desenvolvimento tecnológico para os processos seletivos. Algumas ferramentas digitais são capazes de revolucionar as tarefas de recrutamento e de seleção, otimizando o tempo e facilitando a conexão entre as empresas e os candidatos. E, com isso, conseguem dar mais foco e dispor de tempo e de qualidade nas atividades que mais importam: conhecer de fato as pessoas, seu propósito, talentos, valores, expectativas e desejos. Outra vantagem é que, com a digitalização, percebemos uma redução de burocracia e etapas operacionais que não agregavam valor ao negócio. Os profissionais de gestão de pessoas podem tomar decisões mais assertivas, após fazer análises estratégicas baseada em dados. Tarefas operacionais que não agregam valor ao processo ficam com a máquina e sobra tempo para que os profissionais possam se relacionar com foco em atrair e desenvolver e manter colaboradores felizes. Outro fator de vantagem é a redução do tempo, tanto das empresas como dos candidatos, dedicado aos processos de seleção. E, ainda, a redução de custo efetivo de investimentos por parte dos candidatos, que reduzem a zero ou quase zero despesas de transporte nas diversas etapas do processo. Por fim, essas práticas incentivam que a área de gestão de pessoas como um todo se posicione de forma estratégica e de certa maneira tenha um ganho financeiro a médio prazo, porque a marca empregadora será muito valorizada pelos processos mais ágeis e eficientes, transparentes e que garantem dar feedback a todos.
M&M – Como o mercado de martechs e adtechs pode contribuir para a chegada de profissionais mais em conformidade com tecnologia e automação?
Denise – O mercado tem percebido que o perfil de profissional para o futuro não é mais o especialista. Cada vez mais, estão sendo exigidos profissionais multiáreas e que agregam ciências e conhecimentos complementares. Assim como na medicina, o profissional do futuro será o que conhece de tratar doenças, mas saiba operar e até desenvolver robôs. Nas martechs e adtechs, a demanda também é a mesma: não só para atender um mercado mais digital, mas também porque as ações desenvolvidas por estas estruturas exigem pessoas que entendam de marketing e, ao mesmo tempo, sobre tecnologia. Não falo em profissionais da área de tecnologia. Sim, as martechs e adtechs devem ter seus profissionais de tecnologia da informação, porém, do profissional de marketing vai ser exigido o mínimo de conhecimento na área, inclusive de inteligência artificial e robôs, para que possam desenvolver ideias e análises do nosso tempo. As empresas precisam se conscientizar do fato de que necessitam unir e educar profissionais de gerações diferentes, atuações complementares para chegar a resultados extraordinários. Com a pandemia, pudemos perceber uma aceleração ainda maior na busca por profissionais de marketing com conhecimento mínimo de tecnologia do que já era percebido. Com o mercado sendo impelido a se tornar mais tecnológico, os cargos e as vagas, que antes eram pouco ou nada tecnológicas como nas áreas de vendas e marketing, passaram por uma mudança radical.
M&M – O quanto as mulheres já conquistaram dentro do mercado de startups?
Denise – Eu percebo um aumento gradativo de mulheres empreendedoras na gestão de startups. Estamos ainda com grande defasagem frente às posições ocupadas por homens, mas as mulheres estão, cada vez mais, saindo da informalidade e assumindo um papel importante na criação de soluções e serviços. Mulheres mais qualificadas é um dos fatores que eu denoto a esse crescimento. A escolaridade das mulheres para o trabalho já é maior, em comparação ao tempo de estudos dos homens, apontam pesquisas. Além disso, há muitos programas de aceleração para mulheres. Desde programas de inserção no mercado de trabalho, formação de mulheres e aumento de oferta de programas de formação em modelo de gestão feminina. A crescente necessidade de as empresas mostrarem-se diversas mostra também o aumento do investimento em ações para aumentar a diversidade. E, o cenário está muito favorável a empreender. Não me refiro somente a este período da pandemia Covid-19. Mesmo antes desse tempo, já percebia, cada vez mais, mulheres se lançando a empreender, de forma estruturada e saindo da informalidade. Empreender, por si só, já é um grande desafio. Para as mulheres há ainda outras dificuldades no caminho, como acreditarem que são capazes, enfrentar a famosa jornada múltipla e até o preconceito.
*Crédito da foto no topo: Audioundwerbung/iStock
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