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Todo mundo vacinado

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27 de julho de 2021 - 8h00

Imagino que à essa altura o seu feed também esteja repleto de pessoas mais próximas vacinadas. Esse momento (finalmente) chegou.

Com o avanço da vacinação (ainda mais) ‘expectativas foram criadas’, já que a sensação é que estamos cada vez mais próximos da luz no fim do túnel.

Historicamente falando, quando as pandemias acabam, há uma festa. E nas últimas semanas já tenho observado um movimento das marcas, pensando em como se posicionar nesse momento futuro.

No início da pandemia os profissionais de marketing foram diretamente impactados por essas novas demandas de comunicação, precisando se questionar sobre qual seria a melhor maneira de manter o contato com o público em um momento tão delicado. Agora, passamos a pensar em como as estratégias precisarão se adequar de maneira ágil para manter/criar conexões com os consumidores, em um momento em que seguiremos vivendo uma fase de estranheza, euforia e adequação.

Minha leitura do início desse mês foi do livro “A Flecha de Apolo: o Impacto Profundo e Duradouro do Coronavírus na Maneira como Vivemos”, em tradução livre. Na obra o sociólogo Nicholas Christakis diz que precisaremos enfrentar o impacto biológico, lidar com as consequências sociais, psicológicas e econômicas por um tempo maior.

Por isso, para além do share of voice que mensura o espaço na mente das pessoas, acredito que o share of heart, que se propõe a olhar para o coração, será ainda mais considerado. Ou seja, mais do que olharmos para as mudanças externas, precisaremos olhar para as mudanças internas.

O Pinterest publicou um relatório bem interessante sobre o que as pessoas vão consumir após a pandemia.

Na análise foram identificadas cinco novas personas no pós-pandemia, todas apoiadas em valores: as ritualistas, apegadas, novos nômades, sustentáveis e empreendedores.

De outro lado um levantamento da Prefeitura de São Paulo aponta que 55 mil famílias passaram a viver em favelas durante a pandemia. Esse número deve ser maior do que quem se mudou para o campo ou praia, para ‘home office’, algo muito comum ‘na nossa bolha’.

O ponto que quero levantar aqui é: como (re)avaliar o posicionamento de uma marca sem se pautar apenas nas vivências de uma parcela (apesar de poderosa) da população/público?

Se toda adversidade existe para levar o coletivo para um estado melhor, qual será o papel das marcas, depois de uma ano de vermos diariamente a contagem de mortos? Quais os aprendizados ficam?

Fato é, não existe novo normal. Todes saíremos de alguma forma modificados após tudo que vivemos.

A jornada não é de curto prazo e as mudanças são profundas. Além de uma comunicação mais próxima e genuína, times diversos, com repertórios e vivências diferentes, serão ainda mais necessários.

A crise causada pela Covid-19 pode (precisa) ser uma chance de repensarmos a maneira que desenvolvemos não só sociedade, governo e empresas, mas também a comunicação.

As empresas que vimos se posicionando, de casos desde falta de oxigênio à George Floyd, têm um papel sistêmico.

Precisaremos, colocar na conta que muitas pessoas, mais especificamente jovens, não podem ter seus futuros determinados pelos efeitos desse período de isolamento.

Saúde mental, fome, educação e empregabilidade jovem serão pautas necessárias do momento pós-pandemia.

Mas confesso que escrevo essas linhas, com receio de olhar pra trás e achar que foi em vão. E já diria Emicida: “A nossa geração ainda precisa mostrar a que veio. Infelizmente, ainda não conseguimos produzir um chacoalhão. E essa responsabilidade é completamente nossa”. No papel de cidadãos e comunicadores mais ainda. 

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